Capítulo 2

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Infelizmente o tempo passava rápido e o dia da viajem havia chego. A Nina falava sem parar - como sempre - e o André a observava, um casal interessante, André era alto e meio gordo e sem falar do bigode loiro ridículo... Eu gostava do cara, apesar de ele dormir com minha irmã, me sentia melhor em relação as dores, pelo menos naquela manhã ela se fez ausente.
 Nossas malas estavam espalhadas pelo chão do estúdio, até que a sineta tocou e a vencedora do concurso entrou toda animada abraçou Nina e André e acenou brevemente pra mim que retribui, estava me sentindo um idiota pela minha atitude do outro dia.
- Vamos gente, temos mais de 12 horas voo pela frente, André me ajuda com as malas, Matheus ajuda a Aline... - Nina ordenou piscando brevemente pra mim que atendi o seu pedido pegando as malas de vermelho berrante da amadora.
- Não precisa, eu as trouxe sozinha e posso colocar no táxi também... - A amadora começou a matracar.
-Trouxe sozinha, mas agora tem gente pra te ajudar, não seja rabugenta. - Exibi o que eu acreditava ser o meu melhor sorriso, ela arqueou a sobrancelha direita.
- Você é bipolar, ou o quê? - ela me encarou estranhamente.
- Posso ser o quê você quiser... - modo babaca ativado.
- Fique longe de mim, estranho! - então ela me deu as costas permitindo que eu admirasse o movimento dos seus quadris,  a amadora não era de se jogar fora.
A viajem no táxi foi silenciosa, assim como todo o processo de embarque, durante toda a viajem eu não quis manter contato com ninguém, os contratantes me passaram o E-mail com todas as informações da viajem e da conferência de fotógrafos.
 Cerca de mais de 12 horas depois, desembarcamos no Aeroporto Internacional de Munique Franz Josef Strauß, trancorremos sem problema para o Hilton Munich Park, hotel 5 estrelas alguma coisa tinha que valer a pena nessa viajem.
Depois de quase voltar pro coma de tanto dormir, eu resolvi sair do hotel e fazer umas fotos na cidade, até Nina e sua animação interromperam minha tranquilidade, a encontrei no corredor, a baixinha estava toda vestida de vermelho:
- Mano, tenho uma ideia de programa pra hoje, o André conseguiu ingressos pro jogo do Bayern de Munique é o ultimo jogo da temporada 2013, vai tirar essa roupa preta pelo menos uma vez e vem com a gente!
- Nem pensar, tenho planos melhores, vou achar um lugar tranquilo e tomar uma boa cerveja alemã sem gritos...
- Não Matheus, faz isso por mim, é a única oportunidade da gente ficar juntos fora do Brasil, mamãe vai querer saber do meu relatório e como você está se comportando... - ela sorriu travessa - uma única saída e eu te deixo em paz...
- Caramba... - resitei.
Ela soltou um grito abafado típico de adolescentes.
Me surpreendi com a amadora na porta de seu quarto cânon t4i em mãos, a blusa vermelha do Bayern de Munique e um sorriso tímido no rosto.
- Parece que todo mundo vai... Todo mundo mesmo... Aí Nina...
- O quê você tem contra mim? Não te fiz nada, não seja chato. - ela veio caminhando lentamente com um olhar felino que não sei o motivo, mas me fez sorrir.
André surgiu no assunto e quebrou o clima de tensão, nos encaminhamos pra Allianz arena, todos eles devidamente uniformizados e eu com a minha roupa preta padrão, o estádio era bonito e rendeu boas fotos, existe coisa mais sexy do  que uma mulher e uma câmera fotográfica? Pra mim, não. Enquanto todos se preocupavam com o jogo eu observava Aline. O Bayern como esperado venceu a partida de virada por 4x3.
 Na saída fomos ao museu do time, Nina e André passearam de mãos dadas e acabaram se afastando me deixando a sós com a amadora enquanto olhávamos as réplicas das taças que o Bayern havia ganho nas temporadas passadas.
- Curte futebol? - ela me perguntou de repente.
- Dizer que sim ou não mudaria sua vida em que? - troquei os pés impaciente.
- Quando eu fizer o relatório dessa viajem e contar pro pessoal do meu curso sobre essa viajem, quero ocultar o fato de que você é um babaca e se eles perguntarem algo sobre você, eu vou responder: pessoa legal, simpático, excelente fotógrafo e que ama futebol... ou não. Não certo? - ela me encarou.
- No Rio de Janeiro eu torço pro Botafogo... - comecei.
- Entendi o motivo de tanta amargura... - ela desdenhou, não consegui evitar o sorriso. - Olha ele tem um humor...
- Aposto que torce pro Flamengo, arrogância típica...
- Sou fluminense...
- Nojo de você...
-Hey, vamos dar uma volta pelo parque aqui perto e aproveitar o friozinho que só a Europa tem, querem vir junto? - Nina apareceu sorrindo.
- Não, já deu por hoje, vou voltar pro hotel. - Falei.
- Eu também, estou muito cansada e a minha garganta começou a doer, jogo incrível, os passes e dois gols de Ribery, incrível... - Aline falou animada.
- ótimo, vocês vão juntos pro hotel e tentem não se matar... - Minha irmã piscou pra mim, um sinal típico  de nossa mãe que significava: se comporte ou eu te mato!
- Tá ok.
Aline e eu fomos buscar um taxi em silêncio, em meio a cantoria dos torcedores do Bayern que se aglomeravam em volta do estádio, senhores bêbados nos paravam pra que cantássemos juntos com uma alegria e leveza nada alemã, Aline gargalhava e por incrível que pareça e eu não estava de mau humor. Assim que entramos no táxi lado a lado a minha perna voltou a dar sinal de dor, droga o remédio...
Eu devo ter dados sinais da angústia porque ela tocou na minha coxa esquerda e perguntou se estava tudo bem, meu primeiro movimento foi retirar sua mão e me afastar, o segundo:
- Estaria melhor se eu não tivesse sido obrigado a ir há um jogo idiota e me fingir de feliz...
Ela me encarou um misto de decepção e tristeza eram descritos em seus olhos, eu me senti mal com isso. Não falamos mais até que chegássemos no hotel, onde uma senhora nos parou:

- Compre uma flor para sua namorada, senhor. - A senhora falou em Alemão, óbvio.
- Ela não é...
- Não seja pão duro, senhor, é só uma rosa... - ela insistiu. Impaciente eu cedi e comprei a flor, estava ansioso para chegar ao quarto para tomar meus remédios.
Peguei a rosa vermelha e paguei a mulher que falou:
- Minhas rosas tem o poder do amor, podem mudar vidas, foram ungidas pelos anjos de Deus... - dito isso virou as costas.
- Uma pena que sou ateu... - murmurei pra mim mesmo e entreguei a rosa para Aline que agradeceu.
- Minha mãe dizia que quando um homem entregava uma rosa a uma mulher era sinal de que ele a respeitava e nutria sentimentos puros por ela, sempre acreditei, até hoje... - ela falou enquanto estávamos no elevador.
- Vai sonhando... - desdenhei.
Ai chegarmos no 8° andar deixei na porta de seu quarto, enquanto ela meio que dançava ou eu já estava vendo coisas, ou Aline era maluca, mas naquele momento me ocorreu enquanto ela cheirava a rosa:
- Uma flor segurando uma flor. - sussurrei, então os lindos olhos dela me encaravam.
- O quê você disse?
- Nada, vá dormir, amanhã cedo temos compromissos...

Então dei as costas e fui em busca dos remédios...

O concurso - Um amor além da fronteira.Where stories live. Discover now