O concurso - Um amor além da fronteira.

Capítulo 1

Capítulo 1
Minhas manhãs eram sempre meio iguais - meio bosta - basicamente eu era um cara comum, mas com alguns aspectos diferentes... e talvez essa minha indecisão que mais me caracterizasse, eu nunca fui caseiro, sempre amei balada, bebida e mulheres, pensava que tinha muitos amigos até o acidente, meu carro se chocou com um caminhão e eu fiquei dois meses em coma e sem o movimento total das pernas por quase um ano, a única pessoa que eu tinha era o meu pai, que ficou comigo durante todo o tratamento.
  Agora 3 anos depois quase recuperado, deixei Curitiba e vim morar no Rio de Janeiro a convite de um contratante -  que talvez eu possa chamar de amigo - André, juntos começamos um negócio, montamos um estúdio fotográfico onde realizamos books, fotografia de casamento, 15 anos e tudo mais... A nossa empresa cresceu mais que qualquer um esperava e hoje o "Arte na foto" era um dos estúdios mais respeitados no país, minha irmã Maria Aparecida - chamada carinhosamente de Nina - veio morar comigo no RJ cuidando mais da parte de fotografia de casamentos.
 A família Frezatto era a típica família grande e barulhenta do interior, meus pais Antônio e Nádia tiveram 5 filhos: Marcelo tem 30 anos, mora em Curitiba mesmo, casado e com 3 filhos, Maria Cecilia tem 28 anos é radialista, casada com um advogado, têm 2 filhos e morava em Brasília, Marina e eu somos gêmeos, ambos temos 26 anos, Marina também é casada e 1 filho e por último a Nina que tinha 23 e agora namorava o André.
 Com o sucesso da empresa, a Nina deu a ideia dos vídeos para o YouTube o que aumentou mais ainda a nossa credibilidade, e que também chamou atenção de um grupo de empresários que agora me envolviam em um concurso para amadores da fotografia, Deus sabe o quanto eu odeio amadores, mas fazia tudo pelo dinheiro que receberia.
 Eu ainda sentia muitas dores nas pernas e isso constantemente me deixava de mau humor, sem falar da depressão e agora teria de aguentar um chato amador comigo durante toda a viajem pra Alemanha, coitada dessa pessoa.
 Ao meio dia recebi o e-mail com 3 fotos finalistas que a Nina Havia selecionado:
A primeira foto de céu e nuvens - descartei logo, como odiava foto de céu.
A segunda foto de uma flor, nem prestei atenção na qualidade e nem nas propriedades com que a foto havia sido feita... Ideia mais bosta, odiava foto de flor..
A terceira era a foto de uma senhora moradora de rua em filtro preto e branco em frente a uma loja de cosméticos, um foto bem feita onde vários sentimentos poderiam ser lidos... Era essa!
 Liguei pra Nina:
- Fala Irmão - a voz irritante da minha irmã mais nova soou ao outro lado da linha.
- Encontrei a foto menos bosta pra viajar com gente...
- Hmm... achei que você não iria escolher nenhuma...
- Quase, a foto em P&B... Entre em contato com o vencedor, coisinha...
- Hmm... Tá bom, vou ligar pro sortudo...
Dois dias haviam se passado e o vencedor do concurso iria até o estúdio me conhecer hoje, estava apreensivo e muito irritado, a minha perna doía mais que tudo e ainda tinha que aturar fã...
ÁS duas da tarde em ponto a vencedora chegou - sim, pra minha surpresa era uma mulher - Aline Salles era alta de pele morena clara, cabelo na altura dos ombros e exibia um sorriso que me irritava, tentei sorrir de volta quando ela se aproximou... Tentei, juro... Mas só consegui contorcer a boca em contragosto, ela pareceu não se abalar, me abraçou firmemente e o seu perfume me enjoou.
- Oi, Matheus eu amo o seu trabalho e estou muito feliz por poder fazer a viajem com você, é uma honra e... - ela falava sem parar, só fiz ignorar, aquela voz e atitude alegre estava me irritando, a cortei.
- Eu sei que é... Chega por hoje né André... - Ignorei a criatura, Nina me lançou um olhar severo que ignorei.
Nina era diferente de mim em todos os sentidos, eu era alto, chato, com pele muito branca e cabelo bem escuro, ela era baixinha, loira e muito simpática, estava sempre alegre e pronta pra ajudar, era o que eu mais admirava na minha irmã.
- Tá ok, Matheus, vamos fechar. Obrigado Aline nos vemos daqui á 15 dias.. - André falou.
- Hmmm certo, Tudo bem com você? - a criatura tocou o meu braço.
- Olha não, na verdade nunca está. Quero que saiba que essa viajem é pra que eu volte a fotografar e por dinheiro eu aceite esse concurso idiota, então para com essa besteira de achar que eu sou o seu mestre e que vou te ajudar e blá blá, me esqueça nesse meio tempo, só apareça ao meu lado diante das câmeras... - dei as costas, ignorando minha própria atitude, é bom que ela ficasse sabendo.
- Matheus não seja um babaca, pelo amor de Deus, desculpa meu irmão... - ouvi a voz de Nina enquanto eu saía pelo corredor.
- Não espera... - a voz da mulher ecoou. A Encarei com desdém, os olhos castanhos dela eram pura fúria.
- Se pensa que é pode me tratar desse jeito está enganado. Estou aqui pra fotografar é o que eu amo fazer, não pense que pode me tratar do jeito que quiser, eu fui escolhida pra estar aqui, sua boa vontade pouca me importa. - Ela era pura fúria.
- Ótimo, você tá fora. Nina escolhe outro fotógrafo, qualquer um, não ligo!
- Não, Matheus, não pode, já está certo... - A voz da minha irmã era de súplica.
- Vamos encarar os fatos, você fica longe e mim e eu de você, nossa viajem vai ser profissional apenas... - A morena falou. - Nina, André até mais...
E o furacão moreno saiu da sala:

- Gostei dela - André abraçou Nina.
- Pro inferno vocês, aliais o inferno eu vou  fazer com ela nessa viajem..
- O quê ela ate fez, irmão?
Ignorei a minha irmã e deixei o estúdio, assim que sentei no carro me permiti desabar, minha perna doía mais do que nunca e aquele era só o início do inferno, liguei pra única pessoa com quem eu poderia conversar, dando um tempo pra a dor passar, depois que tomei 4 comprimidos de uma vez...

- Sabe aquele momento que as coisas estão mais complicadas do que deveriam? Então, a dor voltou e estou com medo confesso, por quê não me deixou morrer?
- Coisas grandes ainda vão acontecer, Matheus, eu sei, tenha paciência, essa viajem vai mudar sua vida...