— Dumbledore me pediu para avisar que ele quer te ver! Sugiro que vá imediatamente para a sala do diretor.

— Ah, claro! Obrigado.

— Bom dia, senhor Zabini. — A mulher saiu de perto dos alunos e foi para sua mesa.

— Bom dia, professora. O que Dumbledore quer com você?

— Se soubesse não estaria indo lá, eu te vejo na aula. — Draco levantou-se e caminhou em passos longos ao encontro do diretor.

Muitas coisas se passavam em sua mente enquanto caminhava, será que Dumbledore descobriu sua condição e o expulsaria da escola para manter os alunos seguros? Será que toda sua família seria exposta?

— Bom dia, Draco! Sente-se, por favor — Dumbledore pediu com calma e serenidade.

— Então, no que eu posso te ajudar?

— Essa manhã eu recebi uma carta bem intrigante, até mesmo um pouco curiosa eu diria. — O garoto permaneceu em silêncio, ele podia sentir seu próprio coração bater rapidamente em seu peito — Sabe de quem era a carta?

— Não, senhor. — Draco não demonstrava uma gota sequer de emoção, mesmo quase vomitando seu coração para fora.

— A carta é de Narcisa Malfoy, ou se preferir algo mais informal, a chame de mãe. — O loiro paralisou na cadeira que estava sentado — Não se preocupe, o conteúdo que ela expôs para mim ficará guardado, mas eu preciso que converse comigo. Como estão as coisas? — Dumbledore encarou o rapaz à sua frente como se estivesse desarmando uma bomba, uma atitude em falso e ela explodiria.

— Ah... O... — balbuciou nervoso. — O que a carta dizia exatamente?

— Eu sei que está aflito, mas pode confiar em mim. — Dumbledore entregou a carta para o rapaz — Sua mãe me pediu ajuda, ela me revelou que o sangue que corre em suas veias é também de uma das criaturas mais belas do nosso mundo.

— Você fala bem diferente do meu pai — Draco suspirou, aliviado por finalmente poder falar como se sentia para outra pessoa, mesmo que Maia estivesse o ajudando ele não conseguia se abrir, era muito pouco tempo para poder se mostrar tão frágil. — Ele diz coisas como criaturas asquerosas.

— Algumas pessoas no nosso mundo não entendem a pureza de poder dividir o sangue com algo tão incrível quanto! Dê tempo ao seu pai, ele vai entender sua condição.

— Tem uma garota, ela é neta do Edward Fitzgerald, ele quem me contou o que estava acontecendo, deve o conhecer.

— O velho Fitzgerald! Nos conhecemos em algumas reuniões e festas do ministério, infelizmente eu não pude lecionar para ele.

— A neta dele, Maia Fitzgerald, está me ajudando a passar por isso. E a conquistar minha companheira.

— Já a encontrou? — O diretor sorriu feliz por ter sido tão rápido.

— Sim, eu acho.

— Me perdoe a ousadia, mas posso saber quem ela é?

— Ah, Hermione Granger. — Dumbledore o encarou assustado, quem diria que depois de tantos anos dos dois se maltratando, a castanha seria sua escolhida.

— E ela já sabe?

— Ainda não, eu não quero assustá-la. — Dumbledore suspirou e olhou para o garoto com certa tristeza, ele conhecia Hermione ela tinha um bom coração, mas não engoliria seis anos de xingamentos e falta de educação, simplesmente porque seu perseguidor havia a escolhido como sua companheira – esse é o problema dos sentimentos, você não decide se eles vão existir.

— Peço que continue com calma, uma rejeição não será muito bem aceita pelo seu lado veela. — Draco assentiu — Pode ir para a aula, qualquer coisa pode vir me procurar ou peça para a senhorita Fitzgerald.

Malfoy saiu da sala do diretor sentindo-se mais leve, finalmente pôde desabafar com alguém ao menos um terço do que estava guardando há dias para si mesmo.

Antes de chegar ao final do corredor avistou a imagem de uma capa preta entre os pilares do castelo, aproximou-se e reconheceu somente pelo cheiro quem era, apoiou os braços entre as duas pilastras e inclinou-se para a garota que estava de costas.

— O que está olhando Fitz?

— Porra! Você quer me matar? — Draco gargalhou com a reação da garota.

— Não, mas você não me respondeu! O que está olhando?

— Nada.

— Está me dizendo que está com toda essa concentração olhando para o nada?

— Sim. — Recolheu os livros que estavam apoiados sob o parapeito.

— Acha que é contagioso?

— O que?

— Andar com Luna Lovegood? Vocês estão mais próximas e agora você está olhando para o nada, se for eu não apareço amanhã. — Maia deu risada e continuou encarando o horizonte.

— Você é um idiota, Malfoy. — A garota suspirou quando outro sonserino passou caminhando pelo campo. Draco sentiu-se incomodado com a cena, não sabia ao certo o motivo.

— Olha só, o nada tem nome e sobrenome.

— Ah Draco, me deixa quieta! Dá licença. — Tentou sair de perto do rapaz, mas estava encurralada entre as pilastras, os braços  do rapaz estavam empatando a passagem.

— Por que a pressa? — Sua voz estava mais firme, Maia encarou seus olhos rapidamente e eles pareciam a noite escura, o azul da manhã já não estava mais ali.

— Eu preciso ir para a aula.

— Eu quero que fique.

— O problema é seu.

— Cinco minutos! — protestou.

— Você está me irritando.

— Está brava, Fitz? — sorriu, tentando encarar seus olhos. Maia sabia muito bem que não conseguiria sair daquela situação, o veela de Draco estava se manifestando em sua frente. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

— Me desculpa. — Sua mão foi de encontro ao rosto do rapaz que se assustou, seus olhos voltaram a coloração normal e ele gritou.

— Ai! Por que fez isso? — perguntou alisando o próprio rosto.

— Não se lembra?

— Do que?

— O seu veela resolveu aparecer, só dei as boas-vindas a ele, agora eu preciso ir. Até depois!

...

Sábado chegou mais rápido do que o esperado, o rapaz ainda estava confuso com o ocorrido no dia anterior. Mas preferia levar outro tapa a ter que ver Zabini trocar a camiseta pela vigésima vez.

— Cara, ela sequer vai reparar no que está usando.

— Tá, mas eu coloco a branca ou a preta?

— Preta.

— Certo, viu como foi fácil? — perguntou Blásio, enquanto colocava a camiseta branca.

— Por que está colocando a branca?

— Porque você é um cara e escolheu a preta, ou seja, ela não fica boa. — O loiro revirou os olhos e desceu as escadas.

— Se demorar mais um minuto eu é quem vou sair com a Lovegood!

Os meninos saíram do salão comunal da sonserina e foram em direção à entrada do castelo onde marcaram de encontrar-se com as meninas às onze horas da manhã.

...

© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020

A maldição: Draco Malfoy - Livro 4Where stories live. Discover now