8. Morte debaixo de nós

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Lágrimas começaram a correr pelo meu rosto abaixo; não só devido às suas palavras, mas também porque tudo o que ele tinha dito era verdade. Eu era feia, miserável e uma cobarde. O facto que a minha mãe estava envergonhada de mim e não queria saber de mim era um 'bónus'. Eu rapidamente limpei as lágrimas e continuei forte. Essa é uma das poucas coisas que o meu pai me ensinou enquanto estava vivo.

'Mantém-te forte, meu anjo, porque às vezes há coisas no mundo que te irão magoar, que te irão quebrar. Mas, não importa o quão forte eles são, tu serás sempre mais forte. Lembra-te disso, meu anjo.' Eu ainda conseguia ouvir as palavras do meu pai claramente na minha cabeça. Novamente aquele sentimento de culpa voltou a apoderar-se de mim, mas rapidamente despareceu quando o Sr. Styles acabou de descer as escadas.

Ele agarrou-me no braço e guiou-me por um corredor muito escuro. Se o Senhor não estivesse a assegurar uma vela, eu estaria mais que assustada. Não era que eu tivesse medo do escuro; era só que este lugar... Qualquer coisa poderia estar a acontecer aqui e eu não confiava neste sítio nem por um segundo. Também, o pensamento de estar no mesmo quarto que o Sr. Styles, no escuro, criava arrepios na minha espinha.

Ele apertou o meu braço com tamanha força, que certamente iria deixar no dia seguinte nódoas negras. Finalmente, ele parou à frente de uma porta de madeira velha. Ele tirou as suas chaves a abriu-a. O ar neste quarto era horrível; o quarto estava cheio de mofo e eu quis logo sair daquele lugar, todavia a forte mão enrolada à volta do meu braço não me permitia fazer tal coisa.

Não haviam janelas, então o quarto estava na sua máxima escuridão.

Ele guiou-nos até a um velho guarda-fato com pó de pelo menos duzentos anos e posou a vela na pequena mesa que também estava no quarto, abrindo de seguida o guarda-fato, mostrando-me algo que eu não estava à espera.

O guarda-fato estava repleto de roupas do meu século. Eu vi algumas calsas, T-shirts, pullovers e muito, muito mais. Ele tirou de dentro algumas roupas e atirou-as para mim, olhando-me nos olhos.

"Feliz agora?" Ele perguntou irritado.

"S-Sim... Obrigada, Mestre." Eu disse, assentindo com a minha cabeça ao mesmo tempo.

"Agora desaparece da minha vista e começa a fazer o teu trabalho!" Ele bufou, enquanto me dava a vela.

"Não vai vir comigo, Mestre? N-Não precisa de luz?" Eu perguntei numa maneira amigável.

"Eu consigo passar sem luz, Miss Fairchild. Eu não sou patético como tu. Agora vai!" Ele ordenou. Eu assenti e fui-me embora, andando pelo corredor escuro e depois subindo as escadas. Nunca me tinha sentido tão aliviada até entrar no grande hall, onde havia luz suficiente.

Eu primeiro fui até ao meu quarto e atirei as roupas para o guarda-fato, exceto uma, a que vesti na casa de banho, depois de ter tomado um banho na enorme banheira branca com a porta trancada (nunca se sabia se o Sr. Styles podia entrar...).

Enquanto estava na banheira, olhando-me no espelho... Eu vi que estava horrível; pálida e com olheiras debaixo dos olhos. Eu parecia cansada, embora o dia mal tivesse começado.

Enquanto na banheira, eu pensei no sonho que tinha tido; a primeira parte tinha sido bastante calma e eu estava feliz, e sentia-me forte como nunca antes.

Contudo, na segunda parte, o sonho foi diferente e horripilante. Eu jamais iria esquecer o olhar que o Sr. Styles tinha nos seus olhos enquanto me seguia. Um olhar cheio de desespero e tristeza. O que é que teria acontecido? Algo na minha cabeça dizia-me que eu nunca saberia... Mas também, nunca se sabia.

Depois de ter ficado na banheira por mais uns cinco minutos, eu levantei-me lentamente e decidi vestir-me com um par de jeans e uma T-shirt dos Rolling Stones, com pullover cinzento por cima. Eu pensei que não me fosse servir, mas estava enganada.

The Beast (Tradução PT)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora