22. A vez em que um jovem órfão recebeu um comunicado da realeza

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— Como tá o seu namorado? — Fred mudou de assunto repentinamente, me pegando de surpresa e me livrando da tarefa de conduzir nosso diálogo.

— Tá bem, eu acho. Não nos vimos muito essa semana, com o colégio fechado. Ele não mora aqui na cidade, mas num distrito vizinho, então a gente acabava se vendo mais na escola mesmo.

Obviamente, não mencionei o fato de eu e Ian estarmos brigados; não queria que Fred entendesse aquilo como uma deixa para voltar com suas investidas disfarçadas de piada. 

— Ah, entendo — disse Fred. — Espero não ter machucado muito aquele rostinho delicado com os meus socos — completou, em tom atrevido.

— Não se preocupe com isso, o Ian é bem resistente, tá tudo bem com ele — fiz questão de assegurar, sem dar brechas para meu colega ficar se achando ainda mais.  — E, pelo que eu vi, ele também conseguiu te acertar de jeito naquele dia.

— Isso pode até ser verdade, mas o franguinho do seu namorado quase não deu conta do papai aqui — insistiu Fred, naquele tom debochado que ele tanto adorava usar para me irritar.

— Tava demorando... — ironizei. — Até estranhei seu comportamento exemplar até agora pouco... Já incorporou o macho alfa de novo?

— Você pode até falar mal, mas eu sei que essa é a versão de mim que você mais gosta, Davizinho — ele provocou, dando uma piscada de olho e voltando a olhar para frente. Antes que eu pudesse responder aquele absurdo, porém, ele estacionou o carro, para a minha surpresa.

— Está entregue.

Só então virei para a janela ao meu lado e percebi que já estávamos em frente à pousada.

— Valeu pela carona — agradeci, deixando as provocações de lado. — A gente se vê no colégio, quando as aulas voltarem — me despedi, abrindo a porta do carro em seguida.

— Espera, Davi! — ele falou subitamente, me segurando pelo pulso e me impedindo de descer do veículo. — Me passa seu número de telefone, por favor? Você sabe, sou novo aqui na cidade, posso precisar de alguma ajuda — completou ele, fazendo cara de criança pedindo para comer doce antes do jantar.

— Estranho, sua avó não mora aqui há anos? Achei que você já estivesse mais do que familiarizado com Esmeraldina! — alfinetei.

Fred apenas abaixou o olhar, constrangido, pela primeira vez sem saber o que responder.

— Eu tô brincando, mané — me apressei em emendar, caindo na gargalhada em seguida. — Viu como é legal ficar provocando os outros?

— Ei, esse é o meu papel nessa relação, ok? Exijo exclusividade! — ele protestou, emburrado.

— Me fala teu telefone — pedi, tirando meu celular do bolso e ignorando aquele último comentário dele sobre uma suposta "relação". Disquei para o número informado por Fred em seguida, para que ele pudesse ter meu contato salvo em seu registro de chamadas. Depois disso, despedi-me mais uma vez e desci do carro. Até que a carona não tinha sido tão ruim assim, no fim das contas.

Quando me aproximei da entrada da pousada, encontrei tia Laura, cuidando das plantas do jardim.

— E aí, querido, como foi o teste? — ela logo quis saber, curiosa.

— Deu tudo certo, fui aprovado — revelei. — Agora é só esperar o jipe voltar da manutenção e já vou poder te levar pra dar umas voltas por aí, tia.

— Que notícia boa, querido! — ela comemorou, me abraçando apertado. — E quem era aquele moço bonito que veio te trazer?

— Nossa, você não deixa escapar nada, hein?? — comentei. — É o Fred, neto da diretora, a gente se encontrou por acaso e ele me deu uma carona.

O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)Where stories live. Discover now