8. O Lar dos Malfoy

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— Pai, eu posso explicar. Sobre isso. Eu e Albus — ele precisou respirar para continuar, a voz cada vez mais trêmula, o medo era evidente. 

— Desde quando? — questinou Malfoy, sua voz baixa e calma. Ele não olhava o filho nos olhos. Draco se sentou novamente, esperando que o filho continuasse.

— Descobrimos juntos. No início do ano letivo. Nem de nós esperava por isso — o silêncio pairou por alguns minutos na mal iluminada enfermaria, até que Scorpius conseguisse continuar — Por favor, me perdoe. Eu. Sinto. Muito.

Scorpius não conseguia mais se conter. Chorava e o ar lhe faltava. Draco o olhou de onde estava. Por um instante ficou assistindo o filho que parecia estar passando por um grande sofrimento. Então se levantou abruptamente, se aproximou e agarrou o filho em um abraço desconcertante. 

— Vamos para casa — respondeu Draco, a voz calma mas decidida — Vamos e lá poderemos... falar melhor sobre isso.

— Mas não posso deixar a escola. Tem os NOM's e...

— Você vem para casa comigo! Pelo menos por uma semana. Você vai poder voltar depois — continuou Draco, ele estava mais calmo do que o filho esperava. Scorpius assentiu e entendeu que seria ruim se lutasse contra as vontades do pai. Eles ficaram ali em silêncio por um tempo. Passado quase meia hora do término de sua conversa, madame Pomfrey retornou com Minerva em sua companhia. Pomfrey fora direto para seu escritório enquanto a diretora se dirigia aos dois.

— Como dito anteriormente, trouxe mais respostas. Os garotos que...

— Nós já conversamos, McGonagall. Scorpius vai para casa comigo — afirmou Draco, decidido.

— Mas não pode retirar um aluno no meio do ano letivo, Malfoy — returquiu Minerva

— Farei o necessário para protegê-lo!

— Não é arrancando o garoto da escola que fará isso! — protestou a professora

— Hum, professora — intrometeu-se Scorpius em um tom gentil — Vou com meu pai, se me permite. Serão poucos dias. Eu voltarei logo.

Minerva estava incomodada com a decisão, mas com os olhos nos braços de Scorpius decidiu concordar com a ideia.

* * *

O malão de Scorpius foi deixado para trás, pois em poucos dias estariam de volta. Uma das típicas carruagens de Hogwarts levara pai e filho até a estação de Hogsmeade, de onde Draco explicou ao filho que poderiam aparatar. Não havia trem naquela época do ano e Londres definitivamente não era o destino dos dois. Scorpius sentia-se ansioso e com o coração apertado por não poder explicar a Albus o seu repentino desaparecimento. Ficou imaginando o que o amigo pensaria sobre tudo isso.

Scorpius desaparatou com o pai em um lugar que para ele era desconhecido. Um grande campo com uma bela casinha branca e amadeirada e feição confortável, quase lembrava um chalé. Tinha ao redor árvores diversas e o sol brilhava ao alto.

— Pai. Hum. Que lugar é este?

— Esta é a nossa nova casa — anunciou calmamente Draco, que olhava para o filho esperando sua reação.

— Nossa... casa? 

— U-hum

Eles chegaram na varanda de madeira e Scorpius percebeu vasos com flores nas duas laterais da porta envernizada. Draco fez um gesto como quem pedia para que o filho abrisse a porta e entrasse primeiro. A casa era linda. Não era enorme mas era confortável, a luz do Sol entrando agradavelmente pela janela deixando todo o ambiente claro e aquecido, drasticamente diferente da grande mansão Malfoy em que costumavam viver. A única coisa que Scorpius reconhecera da antiga casa era o grande piano preto de sua mãe, Astoria.

— Você gostou? — perguntou-lhe Draco, os olhos ansiosos por uma resposta do filho

— É um lugar maravilhoso, pai 

Draco indicou uma poltrona para o filho, convidando-o a sentar. Scorpius obedeceu e ambos ficaram frente a frente na aconchegante sala.

— Não o trouxe porque quero lhe impedir de ficar em Hogwarts — explicou Draco — Queria que conhecesse o que será a nossa nova casa. Cresci na mansão com meus pais, mas não posso dizer que ali tive as melhores lembranças da minha vida. Não. Coisas horríveis aconteceram naquele lugar. Coisas que eu gostaria de deixar para trás — ambos tinham os olhos marejados, Scorpius atento a cada palavra do pai — As coisas que fizeram com você... as coisas escritas no seu braço. Quero nos afastar disso. Quero nos afastar das más recordações que cercam nossa família.

— Pai, eu...

— Eu trouxe o piano. Quero conservar a memória de sua mãe.

— Pai, eu adorei esse lugar. Não poderia pensar em um lugar melhor para vivermos — Scorpius sorriu para o pai. Estava feliz com a nova casa, mas sabia que mais cedo ou mais tarde precisaria abordar o assunto sobre ele e Albus e se assustou quando o pai voltou a falar:

— Scorpius, sobre você e Albus... sinceramente...

— Pai, eu

— Não — Draco o interrompeu — Me deixe terminar.

Scorpius assentiu e baixou o olhar, atentando-se as palavras de Draco:

— Não me agrada nem um pouco que você goste tanto de um Potter e acho que você sabe. Mas sei reconhecer que ele é um amigo legal a você — Draco fez uma pausa, parecia pensar no que dizer — Me surpreendeu quando mandou aquela carta sobre o beijo. Não passou pela minha cabeça que tinha sido com ele e acho que você também não tinha a intenção de me revelar isso. Não me importo, de verdade, Scorpius. Não sei como lidar com os Potters. Mas se você está bem assim, acho que posso aguentar.

Scorpius não tinha palavras ou reação. Estava tão chocado quanto podia demonstrar. Saltou em direção ao pai e o abraçou tão forte que Draco sufocou. 

— Acho que ficará feliz em saber que há menos de dois quilômetros ficam a casa dos Weasley. E obviamente nossa família não é bem-vinda lá, mas acredito que você e Albus possam se encontrar vez ou outra nas férias.

Scorpius sorria entre lágrimas e o pai sorria de volta. Eles se levantaram e Draco mostrou ao filho o restante da casa, com dois quartos espaçosos, uma bela cozinha, vários detalhes em madeira. As coisas de Scorpius já estavam todas ali e o ambiente realmente reluzia paz.

— Vamos jantar, passe a noite comigo. Amanhã cedo te levo de volta à Hogwarts.

Scorpius concordou. Há pouco sentia-se desesperado com medo do pai e de ter que se afastar de Albus. Agora sentia-se genuinamente feliz e passaria de bom grado aquela noite com o pai.

* * *



Notas: Perdoem-me pelos poucos erros que aparecem ao longo da história, estou um pouco cansada e acabei não revisando. 

Spells | ScorbusWhere stories live. Discover now