Capítulo 02

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Na sala de espera Mario ligou a alguns amigos e ao final dos telefonemas ligou a sua mãe pedindo que fosse ao hospital para estar com ele e a filha. Ainda na sala viu alguns que chegaram a fazer os exames e agradeceu a cada um, cheio de esperança no coração. Foi com essa mesma esperança que ele voltou ao quarto da filha após permissão de Paulo.

Baixando a mascara por alguns segundos ele beijou a testa da filha sem poder evitar que as lagrimas rolassem em sua face, a fazendo despertar com o seu toque.

— Oi pai!

— Como você se sente princesa? — Ela sorriu, passando a mão nas lágrimas do rosto do pai, deixando transparecer algo de dor e cansaço.

— Bem apagada. Eu estou me sentindo sem forças pai, sem forças para lutar contra essa doença.

— Não fala assim, por favor. Eu estou aqui lutando com você filha, eu não vou te deixar só, não vou deixar você ir embora, não desiste, por favor!

— Eu não vou pai, mas se eu morrer, eu não quero te ver chorando — Ele baixou o rosto em soluços —Doutor Mario, olhe para mim. — Disse enxugando as lágrimas do rosto o fazendo a olhar — Me prometa que não vai chorar.

— Eu não vou ter que te prometer nada. Essa doença não vai te levar embora, eu vou lutar com todas as minhas forças por você filha.

— E eu não sei disso? É isso que você faz desde quando nasci, pai. — Ela parou em grande expressão de dor.

— O que você tá sentindo filha?

— Meu peito. — Disse com algo de dificuldade.

— Eu vou chamar o médico.

— Não, não me deixa sozinha. — Disse agarrando seu braço com força buscando o ar.

— Isabela, filha? — Em desespero ele abriu a porta gritando por ajuda, voltando até a cama da filha massageando seu tórax — Fica comigo, por favor, não me deixa filha, não me deixa. — Gritou em desespero ao ver seus sinais vitais desaparecendo no monitor. Paulo entrou apressado já tirando Mario do quarto, que sem poder esconder o desespero se jogou nos braços da mãe quando a viu entrar na sala de espera.

— Minha filha está morrendo mãe, ela está morrendo.

— Pelo amor de Deus filho. — Disse o aconchegando esperando um pouco mais de sua calma antes de afastá-lo.

— O quê aconteceu?

— Os sinais vitais dela, estavam muito baixos, o Paulo não vem, tenho medo que aconteça o pior.

— Não pense besteira.... — Ela foi interrompida pela chegada de Paulo.

— Paulo, como está a minha filha?

— Nós conseguimos estabilizá-la, mas o corpo dela está bastante fragilizado. Infelizmente nenhuma das pessoas que vieram são compatíveis com ela e é impossível saber quanto tempo conseguiremos manter ela estável sem esse transplante. Vocês precisam se preparar para qualquer coisa, até mesmo o pior. — Mario deixou-se cair no sofá sentindo forte enjoo e embrulho no estomago. — Nós lutaremos por sua filha e faremos o que estiver a nosso alcance até o fim, Mario. — Ele apenas assentiu inerte em sua dor, enquanto ele saia.

— Filho, eu acho que o melhor a fazermos agora é aproveitar o tempo que ainda temos ao lado da Isabela.

— Eu posso correr atrás de mais doadores mãe, é isso que eu vou fazer.

— Mario, para. Já são quase dez horas da noite, você não vai encontrar ninguém para lhe ajudar agora. Vamos aproveitar as horas que temos ao lado da Isa. — Foi com dor no coração e pedindo a Deus para que sua filha tivesse mais tempo de vida que Mario adormeceu ao lado da cama da filha. Despertar no dia seguinte e ver a respiração de sua filha ainda que dificultada foi um alivio para seu coração e motivo de grande determinação. Sua mãe nem teve tempo de o abordar na sala de espera.

— Eu já sei o que vou fazer, mãe. Eu vou atrás da Vanessa.

— O quê? Você não pode.

— Mãe, ela pode ser compatível com a minha filha, ela pode ser a única que pode ajudá-la.

— E porque você acha que ela faria isso? Aquela mulher abandonou a filha ainda no hospital, largou você e a ela sem nenhuma explicação. Em dezessete anos nunca se interessou pela menina, e você acha que ela vai te atender agora? Onde é que está o seu orgulho?

— E a senhora acha que eu me importo? Eu quero que meu orgulho vá para o inferno, eu só preciso salvar a minha filha. — Disse já saindo sem dá tempo de uma resposta. Era chegada a hora de encarar a essa que há anos o havia abandonado.

Nova ChanceWhere stories live. Discover now