Os 4

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Carlos chegava do trabalho com aquele sorriso nojento no rosto. Me deu um beijo no rosto e foi pegar Antônia no colo. Eu odiava aquilo. Odiava! Queria a morte as vezes, mas via aquele pedacinho de gente e percebia que eu não poderia fazer isso com ela.

Carlos: Papai demorou?

Antônia nem se deu ao trabalho de esboçar qualquer reação e logo esticou os bracinhos me pedindo colo. A levei pro quarto e pude sentir os passos de Carlos logo atrás.

Carlos: Vem, Magali!

Eu sabia o que aquilo significava e queria fugir, mas se não fosse naquele momento, seria em outro e particularmente, não queria a Natália e o Felipe em casa.
Fui para o quarto e ele veio me beijando e jogou-me na cama. Tudo aconteceu rápido, mas para mim durou uma eternidade. Corri para o banheiro e me enfiei na banheira. Me sentia imunda. Fiquei ali até o anoitecer e até mesmo cochilei, sonhando com a minha vida de antes. Eu era uma prisioneira, não uma esposa. Nem trabalhar eu podia, ele não permitia que mulher dele trabalhasse. Ora! Desde quando eu me tornei essa pessoa?
Saí da banheira enrolada num roupão e o vi no quarto brincando com Antônia na cama, ela parecia estar gostando até. Fiquei olhando do closet e quando ele me percebeu ali, virei-me e fechei a porta. Odiava que ele me olhasse trocar de roupa. Coloquei um vestido qualquer e desci e desci para o jantar. Felipe estava no sofá mexendo no celular e eu lhe dei um beijo na cabeça e o abracei

Felipe: Oi, mãe
Magali: Oi, meu amor
Felipe: Cadê a Natália?
Magali: Desci agora, não sei

Carlos descia e me abraçava por trás, fazendo com que eu sentisse seu membro ereto. Tirei suas mãos da minha cintura e fui até a mesa, me sentando e esperando o jantar. Aquela tortura parecia que nunca ia acabar. Jantei rápido e subi, deitando e fingindo dormir em seguida, só assim para ter paz.

Vieira P.O.V

Vieira: Vamos jantar fora?
Flor: Eu pago, recebi ontem.
Vieira: Já disse que você não precisa trabalhar naquela loja! Eu banco você, Flor.

Sentei no sofá e a puxei pra me colo, a beijando

Flor: Eu amo você

Sorri, mas não consegui dizer "também". Eu não a amava, amava a Magali e ela sabia. Nós saímos para comer em um restaurante ali nos arredores de Copacabana mesmo. Ele já era antigo e eu vivia por lá com a Magali na nossa juventude. Éramos dois jovens apaixonados que não fazíamos ideia de tudo que ia acontecer. Comemos enquanto escutávamos a música de uma boate ali do lado e bebíamos uma cerveja. Eu sorria olhando Flor comendo feito criança que brincou o dia inteiro. Ela sempre foi humilde e não desperdiçava nada. Saímos dali para andarmos de mãos dadas pela orla da praia e eu continuei lembrando de Magali e em como estava preocupado. Ela não estava bem e tinha um motivo para isso.

Flor: E se a gente fosse morar junto?
Vieira: Você quer isso?
Flor: É tudo que eu sempre quis. Morar com o meu amor

Ela se colocou em minha frente e me beijou, segurei na cintura dela e retribui com paixão imaginando Magali na minha frente... melhor dizendo, Julieta. Eu amava as duas personalidades daquela loira que roubou meu coração há tantos anos.
Meu celular tocou e me afastei para atender ao ver o nome de quem me ligava naquela hora da noite

Magali: Vem me salvar

Amor e Mentira Where stories live. Discover now