The Night

60 9 1
                                    

Pera, no que eu tava pensando? Luiz Felipe não levaria mulher nenhuma pra casa sem a minha autorização. Abri a porta do meu quarto e...

Sai correndo dali, ter visto minha irmã e meu marido juntos havia sido um baque fortíssimo. Fui até um bar em Copacabana, lugar que me trazia um misto de juventude e medo, já que era ali que eu fazia meus programas.

-Julieta? Ouvi uma voz conhecida dizendo aquele nome e olhei

-Norma? Levantei pasma

Nós nos abraçamos como se os 30 anos em que não nos vimos não tivessem passado. Naquele momento, lembrei de tudo que havíamos vivido juntas: os clientes compartilhados, as brigas, os apartamentos em que moramos juntas e, principalmente, os sorrisos que demos juntas

-Parece que o tempo não passou pra você! Ela disse dando um tapa em meu bumbum, como fazíamos na juventude

-Eu não acredito que você ainda atende! Sentei na cadeira em que estava ao lado dela

-Eu não tive a sorte de conhecer um médico ricaço e passar pra UFRJ igual a minha excelentíssima amiga, Doutora Magali Nóbrega

Soltei uma gargalhada e bebemos a noite toda.

Suzana, que era seu verdadeiro nome, havia sido garota de programa junto comigo nos anos 80 e tínhamos ótimas histórias. Chorei horrores com ela enquanto falava sobre ter visto minha irmã e meu marido juntos. Como já estava bêbada, ela me levou pra casa dela e me deu um banho frio como quando nós éramos jovens. Era impressionante como 30 anos depois ainda tínhamos tanta afinidade uma com a outra.

Acordei no dia seguinte morrendo de dor de cabeça, mas me lembrei que havia prometido ao Vieira que iríamos à tal lojinha em que ele havia comprado os doces para dar uma prensa no tal dono. Levantei rápido, me vesti já que estava apenas de lingerie, dei um beijo na bochecha de Norma e deixei um bilhete com meu número, saindo com os sapatos na mão e correndo até meu carro.

-Desculpa te falar isso, mas você tá com a mesma roupa de ontem... Vieira disse meio envergonhado

-Pois é, eu dormi na casa de uma antiga amiga da juventude e nem levei roupa.

Respirei fundo tentando esquecer de Leonora quicando no em Carlos, já que isso já havia me feito sofrer muito no dia anterior.

Ele me ofereceu um café quente e fomos até a tal loja

-Eu sempre soube que você não é muito honesto, Otávio, mas chegar a esse ponto...
Vieira disse o olhando com raiva

-Você acha que eu seria capaz disso, amigo? O homem disse com um cinismo tão grande que me deu nojo

-Vamos embora, doutora. Esse homem é um desgraçado

Ele me puxou pelo braço e me lembrei. Lembrei de tudo. Vieira, um policial que vivia querendo levar eu e Norma presas, mas eu sempre dava um jeito de contornar a situação...

Quando peguei no braço de Magali, tive um flashback, um déjà-vu, já havia vivido isso antes, aquela pele macia era inegavelmente igual a de Julieta, mulher por quem fui apaixonado na juventude.

Anos 80.
-Pera aí, Vieira! Eu preciso trabalhar

-Você é minha, Julieta. Não é só porquê não me chamo Romeu que eu não vou casar contigo

Vieira colocou Julieta em seu colo e a beijou com voracidade. A levou em seus braços até o apartamento que ela tinha ali mesmo em Copacabana e a deitou no chão, tirou a mini-saia que cobria, não tanto, aquele lindo par de coxas que ele adorava tocar. Tirou a calcinha de renda vermelha e passeou com a língua na intimidade dela, a fazendo delirar e colocar a mão em seus cabelos, o impedindo de parar. Julieta tirou a blusa e jogou o sutiã longe, tirando a roupa de Vieira também e sentando em seu colo rapidamente e sendo invadida pelo membro dele. Quicou nele e só parou quando sentiu que os dois já não aguentavam mais, o beijando com amor e dizendo em seu ouvido...

-Magali! Sai de meu transe e a segurei em minha frente -Você me disse seu nome na última vez que transamos e era Magali

Não aguentei Vieira me olhando daquele jeito e fugi. Peguei meu carro e voltei rápido pra casa de Susana, que ainda dormia, mas isso não importava

-O Vieira? Ela me perguntou surpresa

-É! Eu fui cair no caso logo daquele Vieira! Eu não sabia que o nome dele era Alberto, e nem ele que eu havia virado advogada. Que que eu faço, Susana?

-Eu acho que você tem que perdoar o ricaço, o Vieira é fodido, Magali! Não pode te dar nada...

-E quem disse que eu quero ficar com o Vieira? Eu só não quero dizer o porquê de eu ter fugido

-Que é o teu...

-Cala a boca! Eu não quero nem ouvir isso! Já pensou se o Carlos sonha... aí, me dá até arrepios!

Sai dali direto pra minha casa e encontrei Carlos e Luiz Felipe discutindo feio

-Eu sempre soube das suas amantes, pai, mas a irmã da mamãe? Você é mesmo um sem escrúpulos!

-Eu não achei que a Magali fosse chegar mais cedo!

-E isso lá é motivo pra comer a irmã dela?

Ouvi aquilo e fui pra cozinha chorando, sem me importar de fazer barulho

-Mãe, para! Você não merece sofrer por um homem igual ao Papai! Natália dizia enquanto me abraçava, igual Lipe, que fazia carinho em meus braços gélidos

-Não é possível que todo mundo sabia que o Carlos me traía menos eu!

-Todo mundo sabe, mãe. O papai sempre apareceu com mulheres fora daqui, a gente nunca te mostrou pra você não se machucar

Fomos interrompidos pela empregada dizendo que Vieira estava querendo falar comigo, mas não havia entrado

-Ela não vai, Matilde...

-Vou sim! Eu já sou corna, mal profissional também não dá!

Levantei e enxuguei as lágrimas. Fui até Vieira pela porta dos fundos

-Nós precisamos conversar, Magali. Prometo que não é sobre o nosso passado

-Fala, Vieira

-Eu acho que sei quem tá por trás disso tudo. Um ex colega meu de trabalho, ele tinha o rabo preso com o Eurico

-Você vai me contar isso direitinho. Entra

Nós entramos e fomos pro meu escritório, que dividia com Carlos, ele me contou tudo e nos juntamos para resolver aquele quebra cabeças tênue.

Amor e Mentira Where stories live. Discover now