— Vai logo Thiago, antes que alguém venha. — apressa ela.

O barulho de zíper novamente, junto a um cinto sendo desafivelado é ouvido. Meus olhos estão posicionados sobre William, os seus, sobre mim também. Começo a pensar que isso não pode ser real. Sério? Eles vão mesmo transar aqui? No entanto, no momento, não consigo pensar ou fazer qualquer coisa. Sinto que estou paralisada. Eu devo pedir ajuda a eles? Não sei. Parece que vou ser pega no flagra bisbilhotando algo que não devia. Não estou bisbilhotando ninguém. Foram eles que vieram até aqui, não foi?

A porta começa a bater e isso se torna constrangedor.

Devagar, Thiago, tá me machucando. — diz ela, e um gemido fraco escapa de sua boca, enquanto Thiago pede para que ela gema novamente em seu ouvido.

Não percebo que estou paralisada até que noto William em frente à mim. O susto é intenso. Quase grito, todavia, cubro a boca com a mão para que nenhum som seja emitido.

Ele está com o corpo inclinado em minha direção. Ok, nunca antes estivemos tão próximos. Tudo parece uma novidade atrás da outra. Daqui de perto seus olhos parecem ainda mais perturbadores. Sinto o meu coração pulando alto, querendo realmente escapar.

Seu cabelo está batendo nas minhas pernas nuas, por que estou usando apenas um vestido vermelho. De repente uma voz me induzindo sussurra bem baixinho, mais bastante audível "beija", quando os meus olhos recaem em seus lábios que não são tão vermelhos, mas que possuem uma coloração rosada clarinha. A falta de luz não me permite observá-lo bem, mas ainda assim, cada detalhe que consigo visualizar fica tatuado na minha mente.Estou confusa. Sou como um quarto bagunçado e desordenado demais, onde achar uma simples peça de roupa parece algo impossível.

"Pode ser a sua chance. As pessoas não se encontram assim do nada de novo. Pode ser uma chance que o Universo está te dando"

A Angelina mais nova fala, toda eufórica, sorrindo como uma criança que acaba de receber um presente incrível. A mais velha, sentada ao seu lado, lhe olha como se a outra fosse completamente perturbada.

"Nem pense nisso. Não se esqueça que, antes de tudo, ele tem namorada. Além disso, você não sabe o que ele sente. E se tentasse e fosse rejeitada? Imagina a vergonha! Não. Fique quieta no seu lugar. Sabe que é bem melhor assim."

A Angelina mais velha tem razão, aponto para mim mesma, respirando fundo. Nao seja uma menininha tola, por favor.

—  O que a gente faz? — William pergunta, olhando-me.

Volto ao mundo real quando ele fala.

Escuto quando quando Louise pede, desta vez, mais forte.

Eu vou gozar, amor. — Thiago anuncia.

Mas já? — posso quase sentir o desapontamento na voz de Louise.

A porta continua batendo, cada vez mais forte.

—  Eu não sei. — respondo para ele e, depois de um tempo encarando um ao outro, caímos na risada.

Que foda, literalmente! Não acredito que estou mesmo dentro de um banheiro trancada com William enquanto ouvimos um casal transando no corredor.

Espera... — Thiago pede, enquanto Louise reclama por ele ter parado. - Ouviu isso?

A porta para de bater inesperadamente. William e eu paralisamos, o que se torna algo engraçado. É como se fossemos dois adolescentes que acabam de ser pegos fazendo algo de muito errado.

Não estou ouvindo nada. — Louise fala —  Está apenas preocupado que alguém apareça. Vamos logo, a qualquer momento alguém pode chegar de verdade.

Não, eu ouvi direitinho risadas —Thiago rebate, se mantendo preso em sua afirmação - Acho que tem alguém por perto.

Depois de alguns minutos de silêncio, Louise se pronuncia:

Seja quem for, talvez já tenha ido. Vamos, Thiago, para de se preocupar a toa.

Os olhos de William estão sobre mim, e os meus sobre os dele.

—  O que a gente faz? — é a minha vez de perguntar.

—  Acha que devemos pedir ajuda deles? — William responde a minha pergunta com uma outra.

—  Não sei, acho que eles podem acabar ficando chateados devido ao fato que ouvimos eles... é, você sabe, e ficamos calados.

William concorda com a minha fala, e um sorriso quase imperceptível surge em seus lábios. Acho que estamos pensando na mesma coisa, ou ao menos, sinto que estamos em sintonia um com o outro. Ainda não estamos acreditando no que está acontecendo. Primeiro um bêbado, depois um casal apaixonado fodendo no corredor. Que noite agitada!

—  Vamos esperar eles irem embora, então? — William sugere.

Eu concordo com um aceno de cabeça. Quando ele está quase voltando para o seu lugar, uma batida na porta do banheiro o interrompe.

Quem está aí? Tem alguém aqui? — é a voz de Thiago que ecoa autoritária.

— Não tem ninguém aí, meu amor. — Louise fala — Para com isso. William e eu continuamos no mesmo lugar. Ele, ainda passando o cabelo pelas minhas pernas nuas. Eu, completamente confusa, sem saber como reagir. As batidas na porta se tornam mais urgentes.


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Meu BluesWhere stories live. Discover now