✨Texto Final - Jaque_dsb

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Serpente Para Que Te Quero


Chovia forte e Luisa se preparava para o rolê da eterna turma 108 do IFMA, sua escola no ensino médio. Ela estava com preguiça de sair, e, além disso, para alguém que morava nos confins do Maiobão, atravessar a cidade até o Reviver não parecia uma tarefa muito agradável. Luísa tinha 2h30m para chegar ao seu destino, e, talvez, esse tempo não fosse o suficiente.

São 20 km do Maiobão até o Terminal da Praia Grande, e sim, isso tudo pelo caminho mais rápido. Os maioberos (designação furreca para as pessoas que vivem por lá) não moravam, se escondiam. Aliás, para piorar a situação, a cidade não possuía transporte via metrô, trem, jatinho particular do Gusttavo Lima, sinal de fumaça, nada. O único meio que circulava pelas ruas era o busão, o famoso e odiado ônibus. Veja bem, a ilha de Upaon-Açu, conhecida no submundo do crime como ilha de São Luís, é uma ilha, certo?! Então, é água saindo por baixo, por cima, pelos lados, por dentro, por fora; ou seja, 0% de condições para construir outro tipo de transporte público. Portanto, diante dessa batalha travada, seria lógico dizer que Luísa preferia ficar em casa.

Entretanto, trinta minutos depois, ela brilhava na parada. Pelo menos, o clima estava ameno comparado às condições climáticas infernais da cidade. São Luís, com certeza, tomava seu chá da tarde com o sol.

Luísa via seu pior medo chegando, a entidade demoníaca: T980 - Maiobão L1. Lotado, destruído e calorento. Além da possibilidade de ser assaltada, a viagem durava uma eternidade. O ônibus fazia escala em são nunca, que fica perto de lugar nenhum, lá onde Judas perdeu a bota; e para completar, dava uma volta completa ao redor do inferno. Contudo, Luísa se acomodou e esperou.

Duas horas mais tarde, viu Enzo, seu melhor amigo, perto do Palácios dos Leões e foi ao seu encontro.

- Não consegui te ligar! O rolê foi cancelado por causa desse temporal.

E Luísa pensou que seria fácil matá-lo e jogar seu corpo na Beira Mar. Entretanto, antes de dar voz aos pensamentos assassinos, ela avistou um grupo de pessoas correr desesperadas.

- Fujam! A serpente acordou!

Luisa teve vontade de rir. A lenda da serpente encantada não passava disso: uma lenda. Toda mãe ludovicense que se preze já deve ter contado a história da cobra que, quando crescer e encostar a cabeça na calda, despertará e afundará a ilha de São Luís. Dizem por aí que sua calda está na igreja de São Pantaleão, a barriga na igreja do Carmo e a cabeça na Fonte do Ribeirão. Tudo aquilo, para Luisa, era uma credince tosca. Primeiro que não existe uma serpente gigante; e segundo, não existe uma serpente gigante logo debaixo de São Luís. Isso soava mais impossível que fazer o Genki Dama sozinho, ou ver um sharingan na lua.

- Acho que esse povo cheirou orégano estragado. - Enzo sorriu.

Contudo, para seu grande pesar, ventos fortes começaram a agitar as palmeiras, os sabiás se calaram e, no despontar das águas, uma imensa cobra azul surgira.

Enzo e Luísa não contiveram um grito esganiçado na garganta. Com horror, ambos viram que a lenda da serpente não era mais uma simples lenda. Movidos pelo medo, eles correram como nunca, ultrapassando a Catedral da Sé.

- Ei jovens! Esperem!

Mas nenhum deles parou. Desesperados, os dois amigos desceram as escadarias do centro histórico, isentos às feições de espanto dos transeuntes do local. Ambos só pensavam em fugir da serpente encantada, que afundaria São Luís a qualquer instante. Foi então que Luísa caiu numa rachadura descomunal. Para seu completo desespero, ela acreditou que o chão já estava se desmembrando com a força da cobra. Levantou-se ainda mais chocada e continuou a correr.

Quando chegaram ao Terminal da Praia Grande, ambos suavam. Eles pensaram que, provavelmente, a cobra deveria estar abaixo de São Luís, pronta para afundar a cidade. O asfalto tremeu sutilmente sobre seus pés, e os dois se viram diante do terror mais uma vez. O fim estava perto, e o único jeito de escapar da destruição eminente era deixando a ilha.

Guiados pela derrota, ambos subiram no primeiro ônibus que passara, tentando se distanciar o máximo possível da serpente.

Os passageiros olhavam com diversão o casal de jovens desesperados. Enquanto isso, Luísa e Enzo não conseguiam entender a calmaria das outras pessoas no ônibus, uma vez que a obliteração da ilha estava chegando. Então, o motorista decidiu expulsar os dois do busão pela perturbação causada na viagem. Naquele instante, ambos se encontravam em frente ao Bambu Bar no Sá Viana, e, numa televisão minúscula e velha, começava o Jornal da Mirante.

Douglas Pinto, o repórter mais famoso de São Luís (literalmente, já fez até cadeirante andar), aparecia entrevistando um homem.

- Mesmo com o temporal, o espetáculo "Serpente Pra Que Te quero" continua de pé, certo?

- Com certeza! Apesar da chuva e do pequeno tremor de terra de hoje, daremos continuidade a apresentação da peça. O pessoal está pronto, assim como o holofote da serpente.

Para confirmar suas palavras, a mesma cobra de hoje, que apareceu para Luisa na Beira Mar, brilhava nas águas; e desapareceu quando o aparelho foi desligado.

- Douglas, eu gostaria de pedir desculpas a um jovem casal que estava por aqui e viu o holofote. Eles saíram correndo, sem que eu conseguisse explicar o acontecido. - O cara se voltou para a câmera. - Era tudo fake, não existe uma serpente verdadeira. Sinto muito!

Douglas Pinto sorriu com as palavras do diretor.

- A mensagem foi passada! Então, convido todos a virem prestigiar a peça desse grande produtor sobre a lenda mais famosa de São Luís. O espetáculo acontecerá hoje, em frente ao Palácio dos Leões. - Douglas colocou a mão na orelha e mudou de assunto. - Agora vamos direto falar com a Camila Marques sobre uma rachadura enorme na escadaria do centro histórico...

Luisa e Enzo se entreolharam. É, mais uma vez Douglas Pinto proferiu um milagre.

Avaliações:

goldensnaker

Bem, acrescentou muitos detalhes desnecessários ao ponto de que a leitura se tornou cansativa e arrastada, você foi de fato criativa com o enredo e rimos com o fim da história, mas se não arrastassemos a leitura nem chegaríamos ao final.

blasphemenox

Concordando com a avaliação anterior, nós só pudemos ter a surpresa do plot twist no final pela obrigação da leitura, mas uma vez que o leitor está lendo por opção, seria cansativo. A história foi de início intrigante e ao final se tornou muito divertida.

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⏰ Última atualização: May 25, 2020 ⏰

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