O Artista (de) Plástico (parte 2/3)

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Outra vez, Rebecca virou-se na cama. Entretanto o resultado foi mesmo: a insônia continuava não permitindo nem uma hora de folga sequer.

Ainda sentindo o cansaço em seu corpo, ela sentou-se e coçou os olhos, em um uma tentativa inútil de afastar a fadiga. Em seguida procurou pelo celular.

Porém o que viu depois de pegar o aparelho a deixou em estado de choque.

O belíssimo quarto com aqueles esbeltos e caros móveis agora encontrava-se sujo, com paredes escurecidas pelo mofo e pelo tempo, além das janelas estarem obstruídas com tábuas grossas de madeira, permitindo que a luz da lua penetrasse fracamente no ambiente.

Assustada, a mãe saiu da cama e continuou a iluminar o local, tentando entender o porquê de estar em um cômodo diferente. A disposição de tudo estava mudada, até mesmo da porta.

Repentinamente, ela teve um mal pressentimento.

E após pegar um taco de beisebol, que encontrou ao vasculhar um pequeno armário empoeirado, a mulher saiu do quarto e andou cautelosamente pelo corredor do segundo andar. Todavia ela viu-se perdida mais uma vez. Não estava mais reconhecendo aquela casa...não conseguia identificar sinal algum daquele luxuoso casarão que ela comprou por uns dias.

Naquele momento, havia apenas um largo passadiço imundo, com um chão repleto de rachaduras e paredes com manchas avermelhadas. Era possível notar que as decorações também tinham essa mesma aparência. Elas estavam malcuidadas , deixadas nas mãos da deterioração.

E então, Rebecca ouviu um barulho. Pareciam leves batidas de plástico que repetiam-se insistentemente.

Enquanto aproximava-se do som, ela ergueu o celular e apontou a luz para o fim corredor. Entretanto, pelo fato do brilho não ser muito forte, seus olhos apenas conseguiram perceber um corpo humanoide começando a descer as escadas.

- Pode parar aí mesmo! - esbravejou, levantando sua "arma" logo depois.

O ser rapidamente paralisou no terceiro degrau. Em seguida voltou a mover-se na direção contrária, rumo onde a mãe estava.

- Eu falei pra parar! - exclamou novamente, mas ao mesmo tempo iniciando seu caminhar para trás.

E foi graças à aproximação do ser que Rebecca arrependeu-se do que fez.

O "humano", na realidade, era uma mulher com partes de boneca.

Alguns pedaços de seu esguio e formoso corpo, como pernas e pescoço, haviam sido substituídos por um plástico esbranquiçado, um pouco amarelado também, enquanto - no lugar das mãos - duas lâminas compridas, que lembravam espadas, eram portadas pela criatura. Ademais sua expressão era perturbadora...os olhos não se mexiam, assim como a boca, o que a deixava com um eterno semblante amargurado e sério.

Sentindo o medo percorrendo por suas veias, a morena afastou-se mais ainda. O tremor presente em si piorava a cada minuto que passava. Enquanto isso, o monstro chegava mais perto, contorcendo seus membros de modo robótico.

Ao desferimento do primeiro golpe, a mãe bloqueou este usando o taco de beisebol. No entanto o ato fez o celular cair no chão, o que deixou o seu campo de visão mais escuro . Depois, em um movimento ágil, a boneca-humana tentou utilizar seu outro braço para cortar o pescoço de sua vítima, mas posteriormente isso acabou sendo evitado quando a mulher recuou ligeiramente (o que ocasionou na perda da única "arma" que tinha consigo).

Cética de que poderia vencer, Rebecca optou por fugir pela direção contrária.

Encontrar seus filhos era a prioridade.

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