Capítulo 31 - Sara

8.9K 500 70
                                    

Capítulo 31 – Sara

I always needed time on my own, I never thought I'd need you there when I cry, and the days feel like years when I'm alone, and the bed where you lie, is made up on your side...

Senti sua presença antes mesmo de ouvi-lo chegar.

O café que eu havia pedido há mais de uma hora estava intocado e agora frio. A chuva caía aos montes, provavelmente, fazendo o pessoal literalmente levantar acampamento. Era uma situação nostálgica, o clima, os acontecimentos.

Por incrível que pareça, as verdades que Tiago jogou sobre mim, estavam cavando em minha consciência.

Oliver se sentou à minha frente, em silêncio. Ambos analisando, as ondas agitadas do mar, apreciando a maravilhosa vista proporcionada.

— Desculpe — pedi, agora o encarando.

— Tem sido difícil — disse ressentido.

Essa frase carregava um significado muito forte, nós dois sabíamos o que ele estava dizendo, a que se referia.

— Para os dois.

— Na barraca... — o interrompo.

— Oliver, eu te conheço. Só tive uma surpresa desagradável, mas confio em você.

— Obrigado.

— Sabe — apoiei os cotovelos sobre a mesa — Eu tô me achando um pé no saco.

— O meu Dino voltou a vida?

Ri alto, atraindo a atenção de alguns transeuntes.

— Como se fala dinosaurês?

— Algo do tipo rawr, raawr, raaaaaawr — Começou a imitar um dinossauro e caímos juntos na gargalhada.

— Você é um idiota.

— Sou um idiota sensual, bonito e gostoso. Ah, e além de tudo, quase um médico.

— Uau, não quer se casar comigo.

— Hm, não. Vou ficar rico e famoso primeiro.

Eu mantive o sorriso no rosto, porém, mesmo que a frase tenha sido dita em um tom de brincadeira, aquilo me pareceu sério. O que estava acontecendo comigo? Conosco? Será que... Não, vamos afastar pensamentos assim.

— Então, já que estamos aqui, vamos fazer desse, o nosso lugar, o que acha? — ele sugeriu e me pareceu algo bom.

Era um lugar que traria paz de espirito para qualquer um.

— Aceito, deveríamos trocar confidências agora, não?

Era uma sugestão para mim mesmo, eu mantinha um segredo, e precisava contar. Eu iria contar.

— Você nunca me falou do seu pai.

— Hmm, meu pai faleceu já faz alguns anos. Então somos só eu e minha mãe contra o mundo — dei um sorriso fraco.

— Você pode me contar.

— Ele era fumante, e bebia muito. Meus pais se divorciaram logo após eu nascer, mas para mim ele era bem presente — virei o rosto, olhando fixamente para as ondas que batiam nas pedras. — Mas ele preferiu continuar com seus vícios e acabou deixando esse mundo. Então ficamos eu e a minha mãe, juntas, contra o mundo. Ela sempre como meu escudo.

Oliver olhou fundo nos meus olhos, parecia querer ler a minha alma, puxou a minhas mãos juntando com as suas e disse algo que eu jamais iria esquecer:

Ela é um PROBLEMA!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora