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O clássico sino que havia em praticamente todas as lojinhas e conveniências de Doncaster tiniu assim que a porta foi aberta, avisando que um novo cliente havia entrado no local.

Harry não se importou muito com isso, já que sempre foi uma pessoa que nunca gostou de ser incomodada, então nunca incomodou seus clientes com as famosas perseguições. Não gostava de ficar no pé das pessoas perguntando regularmente se ela "precisa de algo" ou se "poderia indicar bons discos", não, definitivamente não.

S&Classics é uma pequena conveniência de discos e possivelmente a única que há em Doncaster. Seu tio, Folk Cox, decidiu abri-la porque tinha discos demais e aquela fase já havia passado, como o próprio dizia.

Porém Harry pensava diferente, foi por esse motivo que ele recrutou alguns discos de bandas famosas que achou repetidos pela coleção gigante de seu tio para si próprio.

O garoto tinha tatuagens espalhadas por todo corpo, todas havendo um bom significado e fazendo-o sorrir cada vez que erguia sua blusa no espelho e as admirava. Também tinha alguns piercings aqui e ali, mas aquilo ele fez por pura rebeldia mesmo.

Naquele dia fresco em Doncaster, o menino estava no completo tédio lendo uma revista em quadrinhos e, por sorte, resolveu erguer seu olhar para o cliente, ou a cliente. Usava um suéter consideravelmente maior que ela, num tom pêssego, ele não sabe dizer, e uma bolsa lateral. Muito pequena, mas adorável ao seu olhar. Estava um pouco perdida, então o menino foi ao seu auxílio.

"Com licença, precisa de ajuda?", assim que, o que ele achou ser ela, levantou a cabeça, Harry quase engasgou ao ver um menino. E, Deus, que adorável. Nessas horas ele agradece por ser bissexual.

"O-os clássicos, p-por favor?", suas bochechas se tornaram um rubro forte quase que imediatamente, fazendo o mais alto ali sorrir.

"Ficam naquela última estante ali", respondeu-lhe, recebendo um 'obrigado' quase inaudível. Harry apenas assentiu, negando brevemente enquanto arrumava uma prateleira da estante de rock. Aquele era o seu trabalho e seu maior amor, por assim dizer.

Louis bufou. Definitivamente não era daquela forma que ele queria que sua segunda-feira começasse.

Uma breve explicação: o menino foi para a faculdade e, chegando lá, foi avisado de última hora que não teria aula porque estavam em reforma bem no seu prédio - algo envolvendo canos estourados e essas coisas um tanto desprezíveis para o garoto.

Ele saiu de lá parecendo um pequeno camarão; sua feição raivosa apenas atraía "awn's" por onde ele passava porque, sinceramente, aquele garoto era tão adorável que não poderia ser considerado um ser desse mundo.

Não querendo perder sua ida um tanto longa e alguns centavos gastos no ônibus, o menino decidiu passear pelo pequeno centro de Doncaster. Começando por um restaurante pois ele estava com fome.

Louis Tomlinson estava no último ano de sua faculdade de psicologia e não conseguia ficar mais animado. Nos primeiros anos o menino se roía de tanta curiosidade e agora ele se roía de tanta animação. Descobrir o que se passa na mente humana sempre foi uma coisa que ele implorou saber, não apenas por ser atrativo, mas também por motivos pessoais.

Sua família não era das mais receptivas e ele queria entender aquilo.

O caso é que ele não é um menino, uh, digamos que, normal. Ele gosta de coisas que os outros achariam completamente repugnantes. Diante de sua família não foi lá tão diferente. Para começar: ele é gay. Quando se assumiu, não foi novidade para ninguém, porém precisava virar uma balbúrdia senão eles não seria os Tomlinson. Rejeitaram até o último fio de cabelo do garoto, o que o fez querer sair correndo de sua casa.

Para a surpresa de muitos, ele esperou o tempo correto de sair daquele inferno na terra e, quando completou seus dezoito anos, saiu de casa, calmamente como era e com a consciência completamente limpa. Seu dinheiro no bolso - não literalmente, até porque ele poderia ser roubado - e um sorriso em seu rosto.

Depois de muito suar em trabalhos dia e noite, ele conseguiu comprar seu cantinho, que se resumia a um pequeno flat bem arrumado. Entrou para a melhor faculdade de psicologia da região como bolsista, deixando todos um pouco assustados, mas ele tinha o mérito, pois realmente batalhou por aquilo.

Agora, com seus vinte e um anos de idade, ele nem pensava em voltar para os braços daqueles que apenas o olharam com nojo.

Voltando ao presente: Louis saiu do restaurante e foi dar mais uma volta antes de ir direto para casa. Ele estava andando até que achou uma pequena loja com um estilo um pouco vintage e gostou, chegando mais perto para descobrir que era uma loja que vendia discos, dos mais antigos. Logo se animou.

Entrou no local, assustando-se com o barulho do sininho. Realmente, um lugar calmo, reconfortante e com uma música de alguma banda que ele definitivamente não conhecia soando baixo.

Ele sorriu.

Olhou em volta, meio perdido, mas sentindo-se envergonhado e pequeno demais para pedir ajuda ao rapaz que estava atrás do balcão.

Virou-se, ainda olhando em volta, desde os discos até a decoração nada delicada porém bonita. Sorriu novamente, virando-se para ver o resto e assustando-se ao ver um par de coturnos a sua frente.

Ele não sabia dizer se estava com sorte ou com um azar dos infernos.


Classics (Larry Stylinson AU) Where stories live. Discover now