Capítulo 1

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Eloá Narrando

Finalmente estou voltando para o Brasil.

Que saudade da minha terra, do meu povo dos meus padrinhos e do meu irmão.

Morei nos EUA durante seis anos, e agora estou de volta, meu coração parece até uma furiosa bateria do Acadêmicos do Salgueiro, que saudades de samba ao som dessa bateira.

Fiquei olhando através da janela, várias lembranças boas, de quando ainda tinha 16 anos.

Vou contar pra vocês um pouco da minha história.

Eu sou cria do Morro do Salgueiro que fica localizado na Tijuca, desde de sempre morei lá. Meu pai era o frente de lá, mas infelizmente quando eu tinha meus 8 anos ele foi morto num operação que teve lá no Salgueiro, com isso meu padrinho que era o segundo no comando ficou no lugar dele.

Minha mãe não suportou a dor de perder meu pai e acabou se afundando nas drogas, todo dinheiro que o meu padrinho dava da minha pensão, ela gastava para comprar drogas.

Então ele parou de dá a minha pensão pra ela, e me pegou pra criar.

Desde de então eu moro com ele e com a madrinha.

Eu tenho um irmão mais velho por parte de pai com outra mulher, pelo que eu sei minha mãe era amante dele e acabou engravidando de mim e meu pai ficou com ela e largou a mãe dele.

Apesar disso, somos bem próximos sabe.
Eu amo meu irmão, morro de ciúmes do meu irmão e ele de mim, ele é envolvido no crime também, então já viu né.

Ele não podia me ver conversando com nenhum menino que já vinha cheio de marra e me botava pra casa, assim como ele eu também não posso vê ele com mulher nenhuma que já fecho a cara, aquelas coisas de irmãos ciumentos.

Quando eu tinha os meus 16 anos, passei a frequentar os bailes com a Luísa, uma das poucas amiga que eu tenho lá no Salgueiro.

Em um dos bailes eu conheci a Bruna, ela era do morro do Borel e vinha pra cá curtir baile, mina muito louquinha, mas é gente boa.

Toda sexta feira os bailes lotavam, meu irmão e o meu padrinho marcava durinho em mim, vários meninos vinham falar comigo, mas era tudo de fora.

Já os do Salgueiro morria de medo do meu padrinho e do meu irmão.

Mas eu dava meus perdidos, beijava na boca, já fiquei com alguns meninos daqui, mesmo eles com medo, mas ficavam comigo.

Mas eles sempre me respeitaram, até porque eu tinha vontade de ter nada além de uns beijinhos.

*****

Aos domingos meu padrinho sempre fazia churrasco na casa dele e ia tanta gente que virava até resenha, num desses churrasco foi que eu conheci ele, o homem que mudou a minha vida, literalmente.

Ele era um pouco mais velho que eu, todo marrento, cara séria o tempo todo, não dava confiança pra ninguém, era raro ver com alguma mulher, ele tinha vindo de outra favela e ia ficar como braço direito do meu padrinho.

Toda vez que tinha baile as meninas jogavam na cara dele, mas ele não dava confiança pra ninguém, eu sempre sentia ele me olhando de longe, bem discreto e sútil, mas eu sabia que era ele.
Ele nunca chegou em mim, cheguei a achar que era até coisa da minha cabeça, que eu estava criando esperança de algo que nunca iria acontecer.

Até um dia tudo mudou, certo dia voltando da escola, eu estudava numa escola particular no asfalto.

Flashback de seis anos atrás

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