Capítulo 16 - Revelações (Parte 2)

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ㅤ ㅤ— Bem, quando você me viu pela primeira vez, eu estava te vendo pela primeira vez. Era óbvio que eu estava animado, uma vizinha furiosa, que ficava extremamente gata me xingando. Aquilo inclusive conseguiu me deixar bem excitado — não mediu palavras, não podendo disfarçar a satisfação ao ver as bochechas de Sam ficando extremamente avermelhadas. — Não tem do que se envergonhar, achei que era óbvio que eu havia me interessado por você naquele dia.

ㅤ ㅤ— Bem, eu pensei que seu comportamento era aquele com qualquer mulher que aparecesse na sua porta — rebateu, de forma acanhada, o que fez Will soltar uma gargalhada.

ㅤ ㅤ— Agora você sabe que não é assim. E eu já estava acostumado a ter minha vida assim, por mais que não percebesse como era desgastante. Mas eu precisava do dinheiro e eu não estava tendo outras alternativas, então não era como se eu sequer cogitasse uma vida fora dessa realidade. Pensei que passaria vários anos ainda vivendo apenas de sexo. Então aconteceu algo que eu jamais havia cogitado: você querendo que eu fosse seu namorado de mentira.

ㅤ ㅤ— Ninguém nunca fez essa proposta antes? — Semicerrou os olhos, desconfiada.

ㅤ ㅤ— Não do modo que você fez. Digo, seu objetivo era que eu atuasse como namorado para que você conseguisse estar em um evento de forma confortável, sem qualquer interesse sexual. Em geral, quando alguém tentava me contratar para um relacionamento, era mais baseado na questão de conseguir me ter como um objeto sexual vinte e quatro horas por dia ou nos horários livres dela. E isso nunca era agradável, pois era enjoativo e extremamente desgastante. Tentei uma vez e nunca mais. Mas você era diferente, porque a pessoa interessada em ir além de falsa aproximação era eu e, você, Sammy, é uma garota extremamente difícil. — Esticou os dois braços nas costas do sofá, enquanto exibia um sorriso malicioso no rosto. — Mas não é esse o ponto. Quando eu disse que precisava pensar sobre sua proposta não era apenas porque eu precisava realmente pensar sobre aquilo, mas sim porque eu precisava planejar formas de viabilizar para você o custo, sem que isso me prejudicasse demais. E, Sam, talvez nem eu tivesse percebido naquela época o porquê do meu empenho em te ajudar, mas agora vejo que fazia aquilo não só por você, mas também por mim. Você exigia quase nada de mim, seu interesse não era pelo meu corpo, mas sim apenas por questão de querer alguém que te ajudasse a não ser julgada em um evento social. Eu podia não entender porque estava querendo te ajudar, mas depois percebi. Trabalhar para você seria basicamente me tornar de novo uma pessoa normal. A gente tinha um relacionamento falso, mas o tratamento existente nele era como se eu fosse um cara normal, namorando uma garota normal. E o dinheiro que eu recebia por isso soava como se eu recebesse pela pesquisa que eu fazia, ao invés de ter que investir nela. Eu sentia que com você meu trabalho era como ser pesquisador, não um garoto de programa. E, só depois que isso ocorreu eu percebi como era aquilo que eu queria pra minha vida, pois não conseguiria mais voltar a ser só um garoto de programa. Depois que encerramos o contrato, eu não conseguia mais sentir interesse em voltar a ser garoto de programa. A ideia de ter que voltar a vender meu corpo, quando havia experimentado a sensação de ser alguém não era algo mais suportado pelo meu cérebro. Eu havia desistido antes de conseguir um emprego, como havia te falado, porém eu decidi que valia a pena tentar de novo. E isso foi graças a você, Sammy. Eu queria mudar, abandonar minha vida porque você conseguiu me colocar de novo nos eixos. — Relaxou os ombros e apoio os cotovelos no joelho, juntando as duas mãos à sua frente, enquanto olhava fixamente para a garota, querendo garantir que ela absorvia tudo que ele dizia. — As coisas não se tornaram fáceis do dia pra noite, é claro, mas eu estava mais disposto a lutar. Porém, continuava complicado e inviável, mas naquele momento eu decidi que precisava buscar a solução que eu tentei fugir por tanto tempo, mas que você, sem saber, havia me dado coragem de tentar, porque eu estava disposto a lutar por aquilo de novo. Então, quando vi, estava em frente a Copps. Entrei na portaria e anunciei ao porteiro que precisava falar com meu pai. O homem era funcionário recente e nem sabia quem eu era, mas mostrei minha identidade e disse que subiria. É difícil você recusar o filho do chefe, por mais que esse chefe nem fale do filho. Quando cheguei ao andar do seu escritório, obviamente me tornei o assunto do momento, mas eu não me importava, porque estava determinado. A secretária tentou me dispensar imediatamente, mas eu garanti que não sairia dali até falar com meu pai. E meu pai se empenhou ao máximo em tentar não me atender, garantindo que tivesse reunião em todos os horários, a ponto de nem almoçar. Fiquei ali por horas, até que meu pai percebeu que quanto mais demorasse, maior seria o burburinho de conversas e maior também o interesse em mim. Finalmente ele cedeu e conversamos. Não foi uma conversa fácil, meu pai começou sendo extremamente agressivo, mas eu então questionei o que eu havia feito a ponto dele me odiar tanto, ficando disposto a abandonar o único herdeiro. Foi então que descobri a trama de meu tio. Ele disse que sabia de tudo e que seu irmão havia lhe contado o que contei pra ele, porém neguei tudo veemente. Declarei minhas intenções, o que eu queria fazer, até que meu pai chamou meu tio e minha mãe. Obviamente, meu tio repetiu a mentira e insistiu nela, minha mãe me apoiou, dizendo que eu jamais havia dado qualquer indício de querer vender a empresa, até que percebi o que era necessário. Meu pai parecia tentado a acreditar em mim, mas ele havia por tantos meses acreditado em uma mentira, que era difícil repentinamente mudar de ideia sobre tudo, mas meu pai sempre acreditou em uma coisa: contratos e assinaturas. E foi nesse ponto que eu cheguei: se meu pai quisesse, poderíamos naquele momento mesmo chamar um advogado e fazer uma declaração onde eu assumia a responsabilidade da Copps e não a venderia em vida, desde que a mesma continuasse apresentando os lucros necessários para se manter. E que eu me empenharia em garantir o nome da empresa. Obviamente, a máscara do meu tio começou a cair naquele momento, pois ele via que suas chances de herdar a empresa para ele e seu filho também estavam indo embora. Ele começou a tentar remediar a situação, dizendo que eu poderia estar manipulando, que podia mentir no contrato e depois recorrer e foi quando meu pai começou a entender que havia caído em uma armadilha. Meu tio é uma pessoa estressada e dificilmente consegue esconder quando está assustado, então sua reação era bem clara diante do que estava acontecendo.

Namorado de AluguelOù les histoires vivent. Découvrez maintenant