Capítulo Quinze

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Avery Strong

Na semana seguinte a nossa volta, tudo retornou ao normal, as mesmas aulas de antes e as aulas extras de etiqueta com Pierre que eu acreditava finalmente estarem surtindo efeito, se meus ombros mais eretos tivessem algo a ver com isso. Comemoramos o aniversário dos gêmeos no chá com os Parlamentares, algo que por pura sorte eu havia escapado, e lutamos esgrima como pessoas normais.

Tudo estava tranquilo e em paz para nós Iniciandos da Bloodhouse, mas é claro que aquilo não poderia durar para sempre. Em uma quinta-feira comum, duas semanas após nossa volta, ouvi barulhos advindos do quarto de Gisele e contra meu melhor julgamento, me aproximei:

― E limpe isso ― demandou em sua voz enjoada.

― Mas senhorita... ― a resposta foi cortada por um gritinho de dor.

― Cale-se! Não quero ouvir mais nenhuma palavra saindo de sua boca imunda ― o som de um tapa soou e eu virei a maçaneta.

A cena no quarto era grotesca, a aia estava caída no chão, vidro partido ao seu redor e a pequena Gisele parecendo uma gigante parada a sua frente.

― O que você pensa que está fazendo? ― exigi.

Ela olhou para mim e revirou os olhos:

― Era só o que me faltava, o quarto é meu, Avery, saia.

― Eu não vou deixar você maltratar suas aias dessa forma! ― afirmei com o meu temperamento queimando.

― A defensora dos fracos e oprimidos ― pronunciou em tom de deboche. ― F-O-R-A!

Ela veio em minha direção e me empurrou para fora. Era absurdo que alguém tão pequeno quanto ela tivesse tanta força.

A vontade que eu tinha era de torcer seu pescoço como se faz com uma galinha, mas sabia que seria expulsa se fizesse algo assim, então segurei a porta aberta, antes de informá-la entredentes:

― Isso não vai ficar assim!

― Saia! ― ela bateu a porta em minha cara e eu respirei fundo, sufocando em ódio.

Segurei a barra da saia e desci as escadarias, tropeçando enquanto tentava não explodir.

Com quem eu poderia falar? Quem poderia resolver o enorme problema que era Gisele? Nenhum dos tutores havia feito nada para desencorajá-la até agora e os Parlamentares certamente tinham coisas mais importantes para se preocupar que o comportamento errante dela.

― Avery!

Quem restava?

― Avery, vai com calma!

Lembrei de Ackerman, Swisten e Beurengard. Haviam sido eles a me buscar em casa e apesar de eu duvidar que eles tivessem algo a ver com a escolha dos participantes algo me dizia que pelo menos um deles poderia me ajudar.

― Avery, você vai cair!

Cheguei finalmente ao chão, ilesa e corri até a ala dos adultos, que ficava ao lado oposto de nossas salas de aula. Eu sabia que existia uma sala de reuniões em algum lugar por ali e abriria todas as portas daquela ala se necessário.

― Avery, me espere!

Comecei a odisseia de abrir portas sem me dar ao trabalho de fechá-las depois de ver a cara de choque de quem quer que estivesse dentro delas. A pessoa que vinha insistentemente atrás de mim as fechava e pedia desculpas. Eu estava parecendo uma maníaca, mas simplesmente não me importava. Até que eu abri a porta certa.

― Senhor Swisten ― chamei. ― Preciso conversar com o senhor.

Ele terminou de puxar o blazer sobre os ombros:

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