Capítulo Dez

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Avery Strong

A nave nos deixou em um campo ermo, sem arvores ao redor. Um rapaz alto, loiro e com pinturas faciais nos esperava no final da campina.

― Já estava em tempo ― anunciou quando nos aproximamos. ― Venham, vou guiá-los até o rei Raghaten.

― Rei? ― escutei Gisele sussurrar. Empinei o queixo e, satisfeita por, pela primeira vez, saber mais do que ela.

Seguimos o homem. A caminhada durou pouco mais de dez minutos antes de chegarmos a uma caravana.

― Pensei que estivesse nos levando para o seu rei ― acusou Lia quando paramos em frente as carruagens ciganas.

― Não acharam que eu daria os caminhos sagrados do meu povo a um bando de forasteiros, não é? Entre nas jambo e vamos.

Acabamos Cameron, Sylvie, Jamile e eu em uma das carruagens escuras.

Sylvie deu um sorriso brilhante, sua marca registrada:

― Isso vai ser uma grande aventura! ― exclamou.

Eu gostaria de ter o mesmo otimismo que ela.

Por cerca de meia-hora bamboleamos sem conversar. A carruagem não tinha janelas e Jamile olhava nervosamente para os lados o tempo todo. Talvez tivesse medo do escuro, talvez fosse claustrofóbica, talvez estivesse incomodada com a nossa presença assim como eu estava com a dela. Era estranho que em tão pouco tempo eu me sentisse possessiva sobre Sylvie e Cam?

A jambo parou em um sacolejo final. A porta se abriu e Jamile praticamente saltou para a fora.

― Calma, lobinha! ― exclamou uma voz feminina do lado de fora. ― Tanta pressa assim para me ter te tocando?

Jamile fez um som assustado e Sylvie colocou a cabeça para fora.

― Tudo bem por aqui? ― perguntou enquanto descia. Fui atrás dela e dei uma boa olhada na moça que tinha falado.

Ela era ruiva e alta, seu cabelo em dreadlocks, tinha marcas que desciam pelo seu pescoço sob o lenço e a blusa vermelha que vestia e continuavam em suas mãos. Ela era linda e assustadora.

― Eu sou Tesla ― declarou ela quando os pés de Cameron tocaram o chão.

― Tesla! ― gritou o rapaz que havia nos encontrado na campina. ― Pare de comer nossos convidados com os olhos, eles estão aqui para nos ajudar.

Tesla deu um último olhar desejoso para Jamile, que se tornou roxa como uma beterraba, antes de se virar.

― Perdoem meu irmão, Alastair não tem muito traquejo social. Venham, convidados ― completou.

Ela seguiu em direção a uma construção de pedra conosco em sua cola. O castelo pode ter sido bonito um dia, mas agora se encontrava coberto de ruinas e pedras caídas. O que havia acontecido ali?

As grandes portas de carvalho se abriram e Alastair nos guiou para dentro.

As coisas do lado de dentro estavam melhores, mas não muito. As paredes de pedra faziam o ambiente cinza parecer ainda mais frio. Os irmãos nos levaram através de alguns corredores antes de pararem e abrirem as grandes e majestosas portas que nos separavam da sala do trono.

Não havia muita coisa ali dentro. Um tapete esfarrapado de algo que parecia veludo e no fundo uma cadeira de madeira simples, decorada tão pobremente que parecia ter sido feita por uma criança.

― Bem-vindos, meus convidados! ― exclamou o homem ali sentado. Talvez homem fosse uma palavra muito forte já que ele não parecia ter mais de quinze anos. Ele era alto e franzino. Seu rosto apresentava alguns pelos típicos de crescimento forçado e a coroa suntuosa parecia pesada demais para sua cabeça.

When Our Secrets Are ExposedOnde histórias criam vida. Descubra agora