CAPITULO 2

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- Vamos ir à Catarine? - Bianca dizia para todos que se encontravam sentados na calçada na frente da casa de Rodrigo.

- Você está louca? - dizia Rodrigo com a cabeça em meu colo - nunca ouviu as histórias que contam dela? - Ele parecia aflito só em pensar em invadir a casa.

- Uma pior que a outra! Definitivamente, eu não quero ir - protestou Larissa, chorosa.

- Achei uma ideia genial, Bianca - eu falei com certo entusiasmo. Eu queria muito tirar a prova dessa lenda urbana.

- Ah, eu não quero ir - dizia Guilherme - soube que seu Sousa, aquele da quitanda, foi um dia lá na casa de Catarine deixar uma encomenda, bastou ver a menina e quebrou a perna.

- Você é um frouxo, Gui - ria Rodrigo, que chegou a rolar no chão - seu Sousa quebrou a perna caindo no buraco na frente da casa dele.

- Vamos Larissa - eu já estava em pé e puxava minha amiga pelo braço para ela levantar também - Gui, você vai né? Por mim - pedi com jeitinho.

- Só porque você me pediu - Guilherme dizia se levantando - sabe que isso é ilegal.

- Vamos todos, trouxa umas coisinhas aqui - dizia Bianca animada. Vimos que ela já planejava há muito esse "passeio"- vamos pregar um bom susto na Catarine.

Todos nós caminhávamos em direção ao portão da casa de Catarine. Atravessamos o portão, caminhamos pelo jardim mal cuidado da casa, onde havia carvalhos com folhas amarelas e várias plantas secas até chegarmos ao hall de entrada da casa.

- Vamos entrar pela porta da frente? - perguntou Bianca

- Acho melhor voltar para nossas casas - pedia Larissa.

Rodrigo havia ido para a lateral da casa, então se manifestou.

- Tive uma ideia aqui - todos nós corremos para perto dele - que tal entrar pelo porão?

- Boa Ideia - eu disse, e me abaixei para abrir a portinhola - ajudem-me, acho que está emperrada.

- Isso é um sinal. Não devíamos entrar - reclamou Larissa. A voz dela mostrava o terror que estava sentindo.

- Deixa de medo, Lalá, além do mais já conseguimos abrir, você vem ou não? - disse grosseiramente para ela, eu já me encontrava dentro do porão junto com Rodrigo e Bianca, erguia minha mão para ajudar Larissa a descer.

- É o jeito - dizia Larissa, que pegou minha mão e a puxei para dentro. Ela foi seguida por Guilherme.

Ouviu-se um som de algo quebrando. Guilherme tinha derrubado a antiga mesa de madeira que usávamos de apoio e seu pé ainda fechou a portinhola que tanto lutamos para abrir.

- Será que alguém escutou? - perguntou Rodrigo, agora preocupado.

Nesse momento, a porta do porão se abre e nós vimos a silhueta de uma pessoa, provavelmente a Catarine, se ela realmente existia. Guilherme agarrou minha mão de repente, me fazendo gritar de tamanho susto.

- Quem está aí? - ouvimos uma voz grave.

- Não fazem movimento - sussurrava Larissa para nosso grupo

A silhueta começou a descer as escadas, apavorados, corremos em direção a portinhola. Rodrigo tropeçou e caiu no meio do caminho. Bianca empurrava de tudo quando era jeito a portinha, até que ela cedeu.

- Vem logo, Camila - gritou Bianca já do lado de fora do porão, sem se preocupar em ser escutada por outras pessoas.

- O Rodrigo caiu, ele vai ficar em apuros - disse para eles. Queria voltar, não queria deixá-lo ali, mas o terror do momento não deixava eu dá um passo sequer em direção a silhueta e ao Rodrigo.

- Vem logo! Vamos, Camila, Rodrigo já deve está em outra janela - dizia Larissa, mais apavorada que todos ali.

- Te... Tenho que ajudá-lo - o que deu na cabeça do grupo? Ele era nosso amigo.

- Camila, vem logo. Dê sua mão - pedia Guilherme, que pôs sua mão no meu braço e me içou para cima.

Sai do porão e Bianca fechou a portinhola.

- Rodrigo, ele ainda está lá - gritei preocupada - não devemos deixá-lo com... com aquela coisa.

- Vamos - Guilherme me puxou novamente, eu ainda encarava a portinhola - ele é esperto, vai conseguir sair - agora já estávamos correndo, cruzando o jardim da frente, quando escutamos gritos de Rodrigo, e depois, o silêncio.

Só paramos de correr quando estávamos no começo da rua.

- Covarde, Guilherme você é um covarde! Nunca pensei que iria deixar um amigo sozinho numa situação de perigo - gritei com ele, enchendo de tapas.

- Mas... - Guilherme afastava minhas mãos do corpo dele.

- Agora, o que vamos fazer? - perguntei com águas nos olhos.

Larissa me abraçou fortemente, Bianca brincava com meu cabelo e Guilherme passava a mão sob meus ombros. Todos me consolavam.

- Acho bom avisar os pais de Rodrigo - Larissa falou - para encobrir o sumiço dele.

- Para eles pensarem que o filho invade as casas alheias? Pensa em algo melhor.

- Estava tentando ajudar, Camila!

- O que acha de eu ligar para casa de Rodrigo avisando que vou fazer uma festa do pijama? - perguntava Guilherme - Bem, acho que se Rodrigo aparecer essa noite, ele vai procurar primeiro a gente, antes de voltar pra casa né?

- Boa ideia, eu vou passar na casa do Rodrigo para pegar algumas coisas dele, para dá mais segurança a história - dizia Camila, todos os outros concordavam. 

CatharineWhere stories live. Discover now