Direto e Inusitado

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— Bro, cê ta bem? — Tetsutetsu questionou ao avistar Kirishima fazendo algo bem... estranho; abrindo uma lata de lixo e vasculhando seu conteúdo com uma expressão de desespero estampada em sua face.

— Ah, é claro, bro. — se virou assustado, quase tendo um infarto com a presença repentina do prateado. Esperou até ter certeza absoluta de que ninguém apareceria naquela parte do refeitório, mas toda sua espera foi em vão, visto que foi pego mesmo assim.

— Certeza? Perdeu alguma coisa no lixo?

— É... eu joguei meu celular sem querer, é isso, pode ir embora — arranjou qualquer desculpa e, felizmente, está calhou bem à situação. Tetsutetsu até tentou ficar para ajudá-lo, entretanto garantiu ao amigo de que estava tudo bem e que não havia nada com que se preocupar, enfim, conseguindo se livrar de sua presença e voltando sua atenção à lata de lixo.

Procurou mais um pouco, ignorando a repulsa que sentia dos restos de comida que jaziam dentro dela para alcançar o que queria. Seus orbes rubros brilharam quando um pedaço branco – ainda que um pouco sujo – surgiu dentre o lixo, dando-lhe um fio de esperança a qual se agarraria, enfiando a mão, mais uma vez, naquele lugar asqueroso e conseguindo arrancar o papel dali. Felizmente, era o que procurava.

Suspirou aliviado ao ter aquela carta em mãos. Sim, a carta que Katsuki jogara fora anteriormente. Kirishima presenciara todo o desenrolar da cena escondido atrás de uma parede e, com sorte, ouviu a conversa entre esverdeado e loiro, pois estavam no começo do corredor. Ouviu tudo, viu tudo, se sentindo extremamente mal por sua conduta com Izuku anteriormente. Culpou-se amargamente por ter sido tão desatento em relação ao que Midoriya poderia sentir diante daquele beijo, sem ter recebido explicação alguma de que aquilo tudo estava tudo bem e que Katsuki tinha consciência do que ocorrera. Por outro lado, ficou subentendido na mente do ruivo a compreensão de ter sido ignorado durante todo este tempo. Claro, o magoava ser ignorado, mas agora a mágoa estava atrelada ao sentimento de remorso que sentia por Izuku, que estava tentando evitá-lo por conta do beijo, provavelmente se sentindo mal por Katsuki.

Logo após Bakugou, no auge de sua fúria e por motivos ainda desconhecidos, ter jogado a carta na lixeira, Eijirou esperou minutos até que a área estivesse limpa e ele não parecesse um louco vasculhando a lixeira – o que consequentemente deu tempo para que mais pessoas jogassem lixo nela, danificando a carta. Fitou-a com atenção, algumas partes estavam amassadas, molhadas e um pouco danificadas, mas nada que comprometesse seu conteúdo, graças ao bom Deus.

Soltou outro suspiro, denotando sua felicidade enorme ao ver que ainda havia meios de entregar aquelas palavras tão bem-postas e sinceras ao seu destinatário ao invés de simplesmente ser jogada na lixeira como algo inválido. Jaziam as palavras de Bakugou ali. Palavras repletas de sinceridade, podia sentir isto. Seu namorado era péssimo para se expressar com palavras, ainda mais pedir desculpas como fez naquele pedaço de papel, então aquilo certamente tinha um valor enorme.

Dispersou seus pensamentos por alguns momentos, pegando o lixo que havia espalhado pelo chão e jogando-o de volta no recipiente para enfim ir em busca de Bakugou para saber o porquê de ele ter se livrado da carta que tanto suou para escrever. Precisava de respostas, precisava incentivá-lo, ainda mais depois daquela conversa que certamente afetou tanto o esverdeado quanto o loiro – obviamente depois buscaria entrar em contato com Midoriya, apesar de saber que este queria distância com sua pessoa por conta daquele mal-entendido.

***

Bakugou ouviu batidas na porta de seu dormitório, mas as ignorou. Elas prosseguiram e ele continuou ignorando. E, bom, isto se sucedeu até que cedesse à impaciência, se levantando da cama enquanto bufava no caminho até a porta. Não disse nada – além dos murmúrios onde condenava quem quer que estivesse lhe irritando – e destrancou a porta, abrindo-a junto à uma expressão de ódio que perdurava em seus músculos faciais. Entretanto, assim que viu de quem se tratava, suas feições tornaram-se mais suaves e relaxadas de modo quase instantâneo. Era Kirishima, seu namorado estúpido e sorridente que lhe fitava com um pequeno sorrisinho desenhado em seus lábios.

Desculpa [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora