Parte 1 - Infância

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Suncity - 6 de maio de 2006.

Diário,

Esta é a primeira vez que lhe escrevo. Estava com um medo medonho de parecer clichê, mas parece-me que você chegou em boa hora.

Aconteceu uma coisa legal ontem à noite. Mas calma que chego lá. Ultimamente tenho me sentido solitária, sabe? Nunca tenho coragem de verdade para fazer com que alguém converse comigo na escola. Ás vezes eu gosto de comer meu lanche sozinha no recreio. Todavia vez ou outra, a gente sente falta de alguém, né?

Por isso o motivo de ter lhe comprado quando fui ontem à papelaria num bairro não muito longe daqui. Até porque tudo nesse bairro parece caro à bessa. Queria muito sair um pouco de casa. Talvez dar uma voltinha no shopping e ver uns livrinhos que mamãe vive jurando que ainda vou acabar louca de tanto ler, e ler, e ler. Bem, fui à papelaria assim mesmo, entretanto com pouco interesse no que eu podia encontrar. E acabei me interessando em escrever também, só para ver como eu me saía. Acabei o trazendo para casa. Só que depois de chegar em casa e sentar na cama para olhá-lo de pertinho, não sabia por onde começar. Quem diabos compra um diário pra não saber o que escrever nele? Euzinha aqui!

Depois de pensar muito, decidi escrever sobre uma garota que vi na rua. Mas não decidi isso do nada. Foi apenas porque ela me interessou. Sem saber nome, idade, ou qualquer outra coisa! Como leio bastante, tenho facilidade em imaginar situações ou lugares. Que seja! Não sei nada dela, porém eu imagino! A torno minha grande amiga. Ainda lembro do rosto e das roupas que ela usava. Rasgadas, mas ainda sim eram roupas. Tinha pés descalços, cabelos vermelhos, parecia ter a minha idade, pelo tamanho. Saía duma loja de conveniência. Parecia aflita e um segurança corria atrás gritando. Provavelmente roubo. O homem parecia não seguro de si. Ele a deixou fugir, perguntando arrogantemente o que olhávamos. Vermelho como um pimentão fechou a porta atrás de si com um baque forte. Tive vontade de responder: "O que estamos olhando? Um policial boboca deixar escapar a presa!" Mantive-me quietinha. A garota desaparecera na noite. Segui para casa. Acho que essa foi uma boa primeira vez.

Tchau.

Kawatari C.


A garota da rua três - Livro 1Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt