CAPÍTULO DOIS

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POV BEATRICE.

Hoje amanheceu mais fresco que a maioria dos últimos dias, mas não confio nessa mudança repentina, em São Paulo, a mudança climática é uma coisa sem explicação. Agora está fresco, mas a tarde os termômetros podem bater 39 °.

Meu horário de entrada na escola é às 8h30, por esse motivo preciso sair sempre duas horas antes. O trânsito daqui pode ser catastrófico.

Chego na escola às 8h25, corro para a salas dos professores para bater meu ponto. Quando chego na mesma, me surpreendo com um enorme buquê de Hortências, aquilo me deixou branca como papel.

- Isso não é para mim - Sussurei para mim mesma. Ignorei o buquê e bati meu ponto, arrumei minhas coisas e quando estava saindo da sala alguém me chamou.

- Professora Beatrice - Olho para trás e vejo que a diretora Sueli estava me chamando - Entregaram esse buquê aqui a poucos minutos e são para você. Disseram que há um cartão com o nome do admirador - Sorriu de forma gentil.

- Ah, obrigada diretora - Forcei um sorriso convincente e fui até o buquê, olhei para aquilo e torci para não ser quem estava pensando .. abri o envelope e li.

Meu amor,

Espero que receba essas lindas Hortências como forma de desculpas e também para demonstrar um pouco do amor que sinto por você.

Ps: você é mais linda e cheirosa do que todas elas juntas.

Seu Heitor.

Congelei no lugar, e na mesma hora uma raiva brotou em mim, olhei para aquele buquê e o joguei ao lado do cesto de lixo junto com o cartão. Ignorando tudo aquilo, fui direto para a sala de aula.

O dia passou sem nenhum problema, o problema começou de verdade quando coloquei os pés para fora daquela escola.

- Bê, ei - Ouvi uma voz conhecida me chamar e me virei.

- Ah não Heitor, vá a merda - Falei indo em direção ao meu carro.

- Por favor, espera, preciso falar com você - Seguro meu braço me impedindo de entrar em meu carro. Olhei para as mãos dele em mim e na mesma hora o respondi calmamente.

- Tire essas mãos imundas de mim - E assim ele o fez.

- Beatrice, me escuta. Me desculpa, aquilo que aconteceu na semana passada foi um deslize. - Disse segurando minhas mãos.

- Ah um deslize Heitor? Como é que foi? A menina que tu tava transando, escorreu e caiu em cima do seu pau? - Falei ironicamente

- Não venha com irônia para cima de mim Beatrice, to aqui arrependido de verdade. Eu te amo e não quero jogar todo nosso relacionamento fora - Disse com uma cara de cachorro sem dono.

- Me ama? Sério Heitor? Você não me vê como mulher faz tempo, o nosso amor não é mais o mesmo. Mas achei que pelo menos respeito e consideração ainda existia nessa merda de relação. Agora falar que não quer jogar fora nosso relacionamento?? Você deve estar achando que tem alguma idiota aqui não é possível - Disse perdendo a paciência.

- Porra, você não cala a boca e me deixa falar, qual é o seu problema? - Disse com o tom de voz alto

- Ok Heitor, eu te perdoo. Agora me da licença, que não tenho mais nada para falar contigo - Disse virando as costas pra ele.

- VOCÊ TEM QUE ME ESCUTAR SIM. VOCÊ ACHA O QUE? EU GASTEI PRA CARALHO NAQUELE BUQUÊ E TO ME HUMILHANDO AQUI E VOCÊ ZOMBANDO DA MINHA CARA? - Disse aos berros, olhei para o lado e vi que algumas pessoas já estavam nos observando - VOCÊ É UMA PUTA MESMO, SUA NOJENTA. EU DEVIA TER TE TRAÍDO MAIS DO QUE JA TE TRAI, VOCÊ NÃO MERECE NADA DO QUE EU FIZ PARA VOCE - entrei em meu carro e deixei ele falando sozinho, sai em direção a minha cada.

Consegui segurar o choro até o momento que entrei em minha casa. Me deixei chorar, pela traição, pelas palavras que me machucaram e também por não saber aonde estava aquele cara que um dia foi meu melhor amigo.
Estávamos juntos como casal a 3 anos, mas antes mesmo disso eramos amigos desde a infância. Nos últimos meses nosso relacionamento mudou, nós não nos amavamos mais como um casal, pelo menos eu ainda o amava como amigo. Mas pegar ele com outra, me doeu, arrancou parte do meu coração e me fez entender que aquilo não estava certo. Desde então, não nos falamos mais, depois daquela noite estava tudo acabado. Sofri, mas não por perder meu namorado, mas sim por ter sido quebrada pelo meu melhor amigo.

Ainda chorando, peguei neu celular e liguei para a unica pessoa que estaria disposta a me ajudar.

- Alô Bê - Disse Eduarda, segurei o choro mas mesmo assim ela percebeu que algo não estava certo - O que aconteceu? - lhe comentei todo o ocorrido, não omitindo nada, e contei sobre a traição também... - MEU DEUS, E PORQUE DIABOS VOCÊ NÃO ME CONTOU?

- Queria te poupar. Mas não é sobre isso que quero falar - Respirei fundo e falei - Você tem algum lugar para eu ficar? Eu não suporto mais isso aqui.

- Calma, você, Beatrice, quer vir morar em Boston? Você? Que não faz nenhuma loucura?- Disse curiosa

- Eu mesma, eu preciso disso. - Falei com uma certa incerteza.

- Você tem certeza? E seu emprego? O apartamento. - Perguntou

- O apartamento vence o contrato na sexta, posso entrega-lo sem problemas. E sobre o emprego, é só eu entregar minha carta de demissão. - Falei. - única coisa que tenho que correr atrás é do visto...

- Sobre o visto Diego cuida disso. E Bê, você irá se dar muito bem aqui. - Disse animada.

- Eu sei disso, espero que a educação seja maravilhosa como você fala- Brinquei, tentando descontrair.

- Você irá se surpreender - Diz - no máximo até sabado o visto já vai estar pronto, assim você pode vir o mais rápido possível - Disse tão animada que senti um pouco da felicidade dela - Nós vamos estar juntas novamente e você irá ficar aqui em casa.

- Mas, eu não quero... - Nem terminei de falar e ela me interrompeu.

- Cale a boca, você não vai atrapalhar em nada, eu te amo e te quero perto.

- Ok teimosa, eu também te amo - Disse com os olhos cheio de lágrima.

- Maninha, agora tenho que ir, Diego está pirando porque ainda não escolhi o sabor do bolo - Disse rindo, me fazendo rir também.

- Ta bom, vai lá. E nada de ameixas. - Ri

- Sem graça. I love you.

- Eu também te amo - Respondi.

Depois de finalizar a ligação, tomei um banho e fui para a minha cama. Necessitava de um belo descanso. Em meio a vários pensamentos sobre uma mudança, disse bem baixinho.

- Que eu não me arrependa ...

Pós AmorWo Geschichten leben. Entdecke jetzt