Capítulo I

6 1 0
                                    


O reino de Lundys é governado por dez famílias reais. Na aurora dos tempos, seres celestes - mimados e egoístas, habitaram a terra e com humanos dividiam seus caprichos, concediam sua mágica e por fim, geram crianças mestiças. A nova raça era dotada de todo o poder de seus pais celestes, e como humanos, cautelosos e subsistentes. A nova raça tinha um único propósito: Proteger seus pais. Dessa forma, dez mestiços conjuraram uma aliança.

Após milhares de anos e duas grandes guerras, o poder foi se tornando cada vez mais distante, muitos o julgam extinto. O Reino protege a única deusa que lhe resta, e ela permanece em repouso há tanto tempo, que poucas pessoas vivas já contemplaram.

Seren pertence à ancestral família Ambrose, guardiões da Ilha Mandalah, mas a influência deste nome não impediu que a escuridão surgisse e matasse seus irmãos mais velhos. Reclusa há boa parte da vida, o dever de proteger aqueles que lhe se são juramentados a força a tomar a difícil decisão de deixar o lar e se envolver na política do reino. Mas agora, muito bem preparada.


Seren Ambrose

Princesa?- Chamou Immogen, um pouco encabulada, com as faces coradas de forma encantadora. Tinha a função de dama de companhia de Seren há alguns anos e estava a ponto de entrar na adolescência.

- Sim, querida? - Perguntou, curiosa. Immogen penteava seus cabelos com bastante zelo, tentando fazer com que os espessos cachos de Seren ficassem apresentáveis e tinha de admitir, domar esses cabelos não era exatamente uma tarefa fácil.

- Você está machucada novamente... Temo que no jantar de hoje, alguém possa perceber - Immogen era uma das poucas pessoas que sabia a respeito dos treinos de Seren. Era pouquíssimo adequado que a jovem princesa passasse seus dias aprendendo a lutar, e, caso a informação espalhasse, em instantes a fofoca ultrapassaria os limites da ilha e todo o reino saberia. Chegaria, sem dúvidas, aos ouvidos de toda a realeza e a Rainha Ethel faria uma manifestação a respeito, em tom repreensivo. Não era viável deixar que acontecesse, toda a vida de sua família já parecia interessante o suficiente para mexericos reais - foi o que explicou a Immogen na época, e desde então, a pequena garota fazia tudo que estava em seu alcance para manter segredo. E ela estava certa, afinal de contas, Seren vinha com cada vez mais frequência apresentando alguns ferimentos pelo corpo.

- Bom, então vamos nos certificar que os convidados tenham algo além para olhar. - Sugeriu, com a voz tranquilizadora. Se sentia culpada por toda responsabilidade que recaia aos ombros de Immogen, mas a menina deixou escapar um gritinho de satisfação, já que, vaidosa como só, escolher a vestes de Seren estava no topo de atividades preferidas. Amava escolher belos vestidos. Immogen correu pelo longo quarto e logo surgiu com um vestido de seda fina, que ostentava um decote tão profundo, por pouco não chegaria a seu umbigo. O vestido, em um tom verde água pálido, era leve como uma segunda pele. Diferente das demais damas da realeza, Seren não se dava ao luxo de usar muitas camadas de pano, precisava garantir que seria ágil, caso fosse necessário. O decote do vestido era interrompido por um cinto cravejado de topázio e minúsculos diamantes.

- Perfeito! - Disse Immogen, acabando de vestir Seren. - Ninguém em sã consciência prestará a atenção nos seus arranhões, definitivamente não os convidados! Nós, aqui na ilha, já nos acostumamos com a beleza da princesa, mas convidados? -Negou com veemência. A menina estava espumando de orgulho por seus truques recém desenvolvidos.

- E eu não conseguiria sem você. - Era verdade, depois que a grande amiga de Seren, Aurora, partira da ilha, ela jamais se deu tempo para preocupações desse gênero. Não que considerasse a atividade chata - não era, mas fazer sem a presença de Aurora a deixava muito mal humorada. Tinha muita sorte em ter Immogen desempenhando tão bem essa função.

Algo Perverso Está por VirWhere stories live. Discover now