Capítulo 32 - Edu

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Ela finalmente tinha acordado.
Meus olhos não acreditaram quando a vi sentada na cama quando entrei no quarto, mas meu coração sentiu.
Ainda assim, meu cérebro insistia em teimar.
Bom, talvez eu ainda estivesse desacordado na cama do hospital enquanto tomava soro. Talvez, a queda tenha me feito bater com a cabeça e eu estava alucinando.
Sim, era isso.
Mas então, as batidas erraticas do meu coração, a pele arrepiada e as conhecidas borboletas que davam cambalhotas dentro de mim afirmaram o contrário.
Sim era ela.
Sua expressão serena, olhos brilhantes e um sorriso estampado no rosto.
Levei minha mão ao rosto ainda sem conseguir mover os pés.
Meu Deus! Ela tinha realmente acordado.
Obrigado, obrigado...
Comecei a clamar em pensamento enquanto meus olhos enchiam de água e minhas pernas teimavam em não fazer a única coisa para que eram destinadas.
Tentei pronunciar seu nome com receio, e ao ouvir sua voz foi como se uma onda de forças me tomasse e eu pude enfim, correr até ela.
Bianca me abraçou enquanto eu chorava ao poder senti-la novamente, sentir seus braços me apertarem de volta, mesmo que fracamente, senti sua respiração em meu pescoço, senti seu coração disparado contra o meu.
A sensação era incomparável.
Eu definitivamente poderia morrer a qualquer momento de tanta alegria que emanava de mim.
Quando me afastei para olhá-la com cuidado e ela tocou meu rosto com carinho eu fechei os olhos sentindo o rastro de ondas elétricas que seu toque despertava em mim.
Ah meu amor!
Senti seus lábios nos meus em um selinho e só aquilo foi o suficiente para fazer meus lábios a reconhecerem de imediato.
A sala tinha várias pessoas por isso tive que me confirmar com aquele simples beijo, mas não importava.
Nada importava.
Por que ela tinha acordado!
Sim, ela tinha voltado para mim.
As lágrimas não paravam de cair e nem o sorriso era capaz de sair dos meus lábios, eu estava eufórico.
Pouco depois seus pais chegaram e a Manu, o Taylor e a Isa tiveram que ir embora por que tinha muita gente no quarto.
A senhora Regina, mãe da Bia parecia feliz e transtornada ao mesmo tempo.
A verdade é que ela se sentia culpada pelo ocorrido mas eu não sei bem o por quê.
Bianca parecia distante dos pais, como de costume. Eu sabia que sua relação com eles não era das melhores e queria ajudar de alguma forma mas sempre que eu tocava no assunto ela desconversava.
Em certo momento a mãe da Bia pediu para ficar a sós com ela e eu e o senhor Beraldini fomos até a lanchonete para comer algo.
De repente ao chegar lá e olhar o vidro com as comidas expostas perfeitamente, depois de sabe-se lá quanto tempo, eu pude sentir meu estômago roncar e minha boca salivar de fome.
Pedi dois salgados sendo uma coxinha e uma esfirra de frango, um suco de acerola, uma torta salgada que parecia deliciosa e um pedaço de bolo.
Meu sogro me olhou assustado enquanto pedia apenas um capuchino.
Assim que a mulher trouxe os pedidos eu me pus a comer sendo observado de perto pelo Sr. Beraldini.
_Você vai comer isso tudo mesmo? - eu dei de ombros sem jeito.
_O senhor ficaria surpreso se eu lhe dissesse quando foi a última refeição digna que eu fiz. - respondi enquanto enfiava um pedaço da torta na boca e suspirava de prazer. Ele apenas me olhou como se não entendesse. - parei de me alimentar direito desde o acidente da Bia.  Acabei de descobrir que desenvolvi uma anemia profunda por causa disso. - respondi tentando esclarecer. A expressão de surpresa no seu rosto foi ótima então seus olhos pareceram brilhar e ele deu um grande suspiro.
_Fico feliz e agradecido por você amar tanto a minha filha. Confesso que depois do episódio do café da manhã na minha casa, da história de você e ela...- tentou dizer e eu entendi de imediato a que se referia e engoli em seco.- bom, você não estava entre as pessoas que eu mais amo.
Tomei um gole de suco. O que eu poderia falar? Que não era o que ele pensava? Que nada tinha acontecido? Seria uma tremenda mentira por poderia não ter acontecido naquele momento, mas poucas horas antes muitas coisas haviam acontecido naquele quarto.
_Desculpa, é que...
_Está tudo bem. - ele disse me impedindo de me envergonhar ainda mais e eu agradeci mentalmente por isso. - Quando a gente vira pai a gente esquece que também foi jovem, que também aprontamos muito na vida e que também tivemos esses... Impulsos.  - eu dei um sorriso sem jeito, definitivamente aquela era a conversa mais vergonhosa que eu já tive na minha vida. - O que eu quero dizer é que você provou que ama a minha filha, e ama muito Eduardo. E eu não poderia desejar alguém melhor para ela. Você ficou nesse hospital o tempo todo, deixou de se alimentar... Se isso não é um grande amor eu não sei mais reconhecer um. - ele disse com um sorriso nos lábios. - Eu fico muito feliz pela Bianca ter encontrado um rapaz como você. - finalizou e um sorriso se jeito cresceu em meus lábios.
_Obrigado Sr Beraldini, saiba que sua filha é o meu mundo todo e sem ela... - suspirei sem terminar.
Não. Eu definitivamente não voltaria a pensar em um mundo sem ela. Não depois de ficar os último dias só pensando e me martirizando com isso.
Ele parece ter entendido o recado pois apenas deu alguns tapas no meu ombro e um abraço meio sem jeito antes de bebericar seu capuchino.
Voltei a comer meu café da manhã e continuamos a conversar. Dessa vez sobre amenidades.
Quando voltamos para o quarto encontramos o ambiente muito mais leve.
Ambas, mãe e filha, tinham lágrimas nos olhos mas agora sorriam com as mãos dadas sobre a cama. Senti-me feliz por isso e automaticamente um sorriso cresceu nós meus lábios.
_Eduardo, você deve estar cansado - Regina disse. - pode ir para casa que eu vou ficar com a Bia.
_De jeito nenhum. - neguei imediatamente. Achando aquilo um verdadeiro absurdo. Deixar a Bia? Humor, não mesmo.- Desculpe senhora Beraldini mas nada no mundo vai me fazer sair do lado da Bia. - disse convicto vendo minha namorada e minha sogra revirarem os olhos.
_Não disse? - Regina questionou a Bia que sorriu. - Viu agora por que foi ele e a Manu que ficaram como seus acompanhantes? Eles não te deixavam por nada nesse mundo, nem comigo travando diversas batalhas para tentar mudar a opinião deles.
Bia soltou uma risada sonora, fazendo uma careta logo em seguida.
_ Eu tenho o melhor namorado do mundo não tenho? - disse mas não precisava de uma resposta. Bianca apenas estendeu os dois braços e me chamou. Fui de encontro a ela que me deu um beijo casto nos lábios. - meu herói! - suspirou brincalhona e eu quase revirei os olhos. - Mas Edu você está doente também, prefiro que vá descansar e se alimentar bem. - me afastei um pouco para olhá-la. Ela estava brincando certo?
_Sem chances de isso acontecer bianca.- respondi enfático. - E o seu pai é a prova viva de como eu acabei de me alimentar bem. - Bianca olhou para o seu pai que acenou e fez uma careta.
_Não sei como coube tanta coisa dentro desse garoto. - ele disse e todos acabamos rindo.
Sem nada a ser discutido, não havia dúvidas de quem ficaria com a Bianca, eu é claro.
Seus pais ainda ficaram um pouco antes de irem embora.
Assim que as portas foram fechadas eu soltei um longo suspiro.
_Enfim sós. - exclamei indo até a cama da Bia que sorria. - Já não via a hora.
_Ah é? - questionou brincalhona e eu apenas afirmei me aproximando para beijá-la.
Nossos lábios se tocaram mais ela logo me empurrou antes que o beijo fosse aprofundado. A olhei sem entender.
_Eu estou há dias sem saber o que é uma escova de dentes, devo estar com bafo horrível. - eu sorri.
_ E eu não ligo nem um pouco para isso. - voltei a me aproximar.
_Edu! - reclamou voltando a me empurrar.
_Bianca Beraldini, é melhor você me dar um beijo de verdade. Eu estou há muito tempo esperando por ele. - falei seriamente, ela me olhou pensativa por um momento antes de dar um longo suspiro e eu sabia que tinha vencido. Voltei a me aproximar e dessa vez ela deixou, logo me dando passagem em seus lábios para sentir sua língua deliciosa travando uma batalha intensa com a minha.
Suas mãos subiram pelos meus braços, ombros até se enrolarem nos meus cabelos e o puxarem levemente.
Minhas mãos estavam ao seu lado na cama que eu segurava com força. Depois subi minhas mãos pelo seu braço, ombro até tocar seu rosto e segurar seu pescoço tendo consciência de que eu tinha que ter muito cuidado com ela.
Me afastei um pouco para olhá-la.
A face rubra, os lábios inchados e aquele olhar de desejo que eu tanto gostava.
Ah minha Bia!
_Meu amor! Como eu senti sua falta. - disse enquanto meus dedos traçavam com cuidado as linhas da sua boca entreaberta.
Ela me puxou para ela voltando a encontrar meus lábios mais do que prontos para saboreá-la novamente.
Era como se tudo voltasse a se encaixar com perfeição. Como devia ser.
A mulher da minha vida havia acordado, havia voltado para mim e agora me beijava com a mesma devota paixão que eu sentia por ela.
Eu não podia ser mais feliz do que naquele momento e definitivamente não precisava de mais nada.

Eu não podia ser mais feliz do que naquele momento e definitivamente não precisava de mais nada

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Bela Amizade - Trilogia Belas (Concluído)Where stories live. Discover now