Capítulo 13 - Por que, Marceline?

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Agora, ela mantinha as mãos longe de qualquer lugar que pudesse animar Bonnibel além da conta. Não deixava o beijo esquentar demais. Não se permitia ficar sozinha com ela tempo demais.

Era quase como se a palavra 'virgem' deixasse Marceline com medo.

[...]

Era sábado novamente. Bonnibel estava cansada daquele cuidado excessivo que nunca pedira. Não era nenhuma dama indefesa, era capaz de decidir o que queria.

E ela queria aquilo.

Como sempre largada sozinha em casa pelos pais, pegou o celular e estava pronta para ligar para o número que estava em primeiro lugar na lista de chamadas recentes. Podia ter mandado uma mensagem, mas parecia ter um acordo silencioso entre elas para que ligassem uma para outra. A provocação na voz era parte do processo.

Mas então a campainha tocou.

Ela abriu a porta, e sentiu antes de ver. Os bracinhos fininhos, as mãozinhas agarrando a parte de trás de seu blusão lilás, o abraço apertado. A vozinha que ela mais amava no universo.

"Bonnie!"

"Ah meu Deus, Neddy!" - gritou a menina, tirando o garoto de oito anos do chão e o pegando no colo, num abraço. Ele já estava pesado demais para isso, mas ela não dava a mínima.

"Bom dia, Bonnie!" - disse a mulher na porta. Hellen, irmã mais nova de seu pai. Uma tia carinhosa e a atual responsável legal de Neddy.

"Bom dia, tia. É bom ver vocês" - disse Bonnibel, recolocando o irmão no chão e abraçando a tia.

"Também é bom te ver, querida. Seus pais estão?"

"Não, tia Hellen. Hoje é dia de reunião com os acionistas da empresa."

"Bem, é melhor assim. Eu tenho um compromisso hoje, será que você poderia passar o dia com Neddy? Eu vou estar de volta no final da tarde."

"É claro que sim! Você sabe que eu amo ficar com meu garoto. Não é, Neddy?"

"Eu também gosto de ficar com você, Bonnie!" - disse o menino, agora com a mãozinha entrelaçada com a da irmã.

"É claro que sei, querida. Bem, já vou indo então. Aqui estão os remédios dele" - disse a mulher, entregando para Bonnibel uma pequena bolsa onde estavam os medicamentos para ansiedade que o menino tomava. "Os horários estão anotados em um papel dentro da bolsa. Se comporte, querido."

"Tudo bem, titia."

"E tome todos os remédios direitinho."

"Sim, titia."

"Pode deixar comigo, tia, nós vamos ficar bem. Até mais tarde!" - disse Bonnibel.

"Até mais, meus amores!" - respondeu a mulher, já acenando um tchauzinho e mandando beijinhos para os sobrinhos.

Os planos de Bonnibel não iriam ocorrer como o esperado, mas estava infinitamente feliz com a presença do irmão.

"Estava com saudades, Bonnie" - disse o menino, abraçando a irmã novamente.

"Eu também, meu amorzinho. Vem, vamos na cozinha. Tem seu biscoito favorito lá."

Passou-se mais ou menos uma hora. Bonnibel e Neddy estavam na sala de estar, ela assistindo a um filme, o garoto jogado no tapete e pintando um livro de colorir, os lápis de cor espalhados pelo chão. E então a campainha toca novamente.

"É a tia Hellen? Não quero ir embora, Bonnie".

"Acho que não, querido. Deve ser algum amigo meu" - respondeu a garota, se levantando para ir abrir a porta. Como de costume, o menino se levantou e foi atrás dela.

Agridoce - Bubbline AUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora