XXIV. OS ASSASSINOS E O CÚMPLICE

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O sol tinha aparecido há meia hora. Os olhos de Peter estavam secos e ardiam de sono. Estava frio, mas ele não se importou em ficar um pouco fora do carro; dentro do automóvel, o celular carregava a bateria.

Eles precisavam de um plano. 

Naquela manhã, ainda quando estava escuro, enquanto cumpria suas horas de vigia, o Detetive Bane ligou para a delegacia no Kansas para descobrir quem era Charlotte Manson. Não demorou muito para confirmar suas suspeitas: não havia psicóloga alguma com esse nome. Aliás, a delegacia estava ainda em processo de contratação de um terapeuta. 

Peter ficou irritadíssimo. Pior: ele ficou puto. Estavam deixando uma possível suspeita aproximar de Isabelle com facilidade — deixaram ela receitar uma droga que a tornava uma testemunha inútil. Se fosse um dia normal, Bane reportaria o descaso ainda àquela manhã; no entanto, Capitão Kasey era amigo próximo de Capitão Pollack e ele não estava em bons lençóis com o superior. Teria que ter paciência.

A porta da casa que vigiavam foi aberta. Dela saiu Lawrence com as mãos nervosas, buscando no bolso o maço de cigarro. Reconhecendo no parceiro um espírito ansioso como o dele, Bane aproximou-se de Richard.

— Quem acha que está repassando as informações para os suspeitos? — perguntou Bane.

Richard deixou o cigarro de lado e soltou um suspiro.

— Não sei. As informações são sigilosas, nem mesmo nós dois sabíamos sobre a psicóloga. 

A resposta quase escorregou pela língua de Bane. Seria cuidadoso; só afirmaria quando tivesse certeza. Ele desejava, porém, que estivesse errado. Completamente errado.

Peter olhou para a porta da casa em que Isabelle estava reclusa. Parte de si queria espera-la acordar, mas a parte sensata sabia que a próxima conversa deles seria tensa e desconfortável. Não havia motivos para esperar.

— Estarei indo à delegacia. Nos encontramos por lá — despediu-se Bane. — Pedirei pra que Forrest venha aqui pra fazer o retrato falado da psicóloga. 

Os banheiros da delegacia estavam vazios de manhã cedo. A maioria dos oficiais estava começando o trabalho — a outra parte estava voltando para casa depois de ficar no turno noturno. Peter, porém, não tinha esse privilégio; o caso estava indo por caminhos escabrosos demais para ele baixar a guarda. O corpo estava fatigado, era verdade, mas a mente estava tão alerta como de costume.

Vestiu as roupas que guardava de reserva no armário: uma calça limpa e um moletom azul, o símbolo do departamento de polícia de Lee's Summit. Vestir tais roupas era como voltar há anos atrás, quando era apenas um interno na delegacia. 

Ainda enxugava os cabelos com a toalha quando encontrou Stifler.

— Ei, Bane.

Ele assentiu.

— Quanto tempo — disse o detetive com um sorriso pequeno. — Vejo você todos os dias, mas sinto que a gente não conversa há tempos...

Daniel deu os ombros encabulado.

— Poderíamos sair pra almoçar... Espera, você passou a noite aqui? Pensei que ia pagar as horas extras amanhã.

Bane bocejou, cansado.

— Aconteceu um imprevisto. Tivemos que ficar com Isabelle essa noite.

— Ah, pensei que vocês iam levar ela pra Olathe — disse Stifler. — Então vou comprar um café pra você, está parecendo um zumbi.

Peter deu um sorriso para o amigo. 

— Obrigado, Daniel.

O primeiro nome soava estranho na boca do detetive — estranho e íntimo, como se ele chamasse para mais perto. 

Confidente [Completo]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang