Fundo da gaveta

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Eu sou aquela rosa murcha que esqueceram de regar,
sou o poema que deixaram de lado.
Eu sou a música sem melodia e ritmo,
sou uma lembrança vaga do passado.
Eu sou o amor negligenciado,
o sentimento não valorizado.
Sou a bola furada no canto da garagem,
sou o café gelado, amargo.
Eu sou aquela esquecida,
a última a ser escolhida no jogo.
Eu sou o fim da partida,
o fim da festa tediosa.
Eu sou o cd arranhado,
o livro empoeirado no velho armário.
Eu sou a promessa não cumprida,
o anel comprado não aproveitado.
Sou a cólera do poeta,
as lágrimas puras e verdadeiras.
A história que não teve final,
aquela carta velha no fundo da gaveta.

365 dias: Baú de Pensamentos Parte IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora