Caminhamos até a beirada da calçada que fazia divisão a areia da praia e a rua. Minha roupa não combinava com aquele ambiente, mas a ansiedade pelo o que seria dito em seguida me fazia esquecer desse detalhe.

Ele se põe de frente para mim, segurando minhas mãos delicadamente. O vento fresco sopra como se estivesse em concordância com aquele momento, me fazendo arrepiar da espinha à nuca.

Felipe se aproxima mais, ficando à um palmo de distância de meu rosto.

— Te trouxe até aqui, porque tudo começou na orla da praia...

— E é o meu lugar favorito... — Sorrio assertiva.

— Não quero ser apressado, mas não dá pra adiar algo que espero minha vida toda. Permita-me te conhecer mais?

— Hum... Estamos nos conhecendo, não? — Desvio do assunto, constrangida. Pelo visto a coragem havia se esvaído.

Ele meneia a cabeça sorrindo e refaz a pergunta.

— Beatriz, você quer ser minha namorada?

Uma mistura de medo e euforia se apossa de mim, fazendo meu coração saltar até a garganta. Contudo lá no fundo eu já desejava que isso acontecesse.

— Sim.

Foi tudo o que consegui dizer, e o suficiente para que ele me puxasse com vontade para próximo de si, segurando-me com uma das mãos pela cintura e com a outra em minha nuca entrelaçando os dedos em meus cabelos que dançavam com o vento.

Um beijo quente e apaixonante selava nossa decisão e eu mergulhava sem medir as consequências de me lançar em um mar tão profundo.

O mundo em volta de nós desaparecia aos poucos conforme nossas línguas em sincronia se moviam mais intensamente à cada segundo.

Ainda resignados, nossos lábios afastavam-se terminando em um longo selo, onde sugávamos o máximo um do outro ao respirar.

— Precisamos ir... — Eu disse enquanto minhas mãos escorriam de seu rosto até repousarem sobre seu peitoral que pude sentir sobre o tecido seus músculos.

— Ok... Te deixo em casa. — Responde-me num sussurro desanimado.

Preferi ficar em silêncio durante o trajeto, e assim nos mantivemos, enquanto ouvíamos um rock romântico no rádio de seu carro, nos entreolhando vez ou outra.

— Bom... Vamos nos falando? — Ele suspira, após estacionar..

— Fica. — Pedi, exprimindo meu desejo.

Foi o máximo que consegui dizer, diante à tensão que sentia em meu corpo que ansiava por ter mais dele para mim.

— Tem certeza?

— Sim.

Felipe, como cavalheiro que é, abriu para mim a porta do carro e entramos no prédio. Abraçando-me por trás, cheira o meu cabelo, afundando seu nariz em meu pescoço e em seguida acariciando o local com seus lábios, fazendo com que um frio percorresse todo meu corpo.

Ultrapassamos a porta do elevador ao se abrir, eu o puxava pela mão e podíamos ouvir a respiração um do outro naquele corredor silencioso. Adentramos na sala escura e enquanto tranco a porta, percebo ele inquieto no hall de entrada com as mãos dentro do bolso, balançando o corpo. Estávamos ambos ansiosos pelo o que estava prestes a acontecer e eu mal podia acreditar que estava com um cara gostoso em meu apartamento, sozinhos, levemente embriagada...Ou não tão levemente... mas eu precisava de coragem para ousar.

Não queria raciocinar muito, não estou errada em me arriscar dessa forma, ou estou? Que mal tem em tentar ao menos uma vez ser feliz sem pensar nas consequências? Quantos vivem bem dessa forma?

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