O Recital - Parte 2

333 21 1
                                    


Depois de estar seguindo a garota até um corredor, David a vê perto de uma janela, e vai até ela, que parecia ainda não perceber sua presença. Ele se aproxima e diz – Olá, senhorita...?

Mary, que agora estava encarando ele, claramente assustada, respira fundo e responde, desviando o olhar para a janela – Boa noite, senhor. – Estava envergonhada pelo recital, que havia sido um desastre, pensou Mary. As críticas nunca eram boas no dia seguinte, e todos sabiam disso.

– Me desculpe se lhe assustei. A senhorita estava na apresentação, não é? – David pergunta.

Mary afirma – Estava. E o senhor estava nos assistindo. – Ela dá um breve sorriso para ele. – Espero que tenha apreciado o recital.

– Sim, estava. Mesmo não vindo por vontade própria, o recital não foi ruim. – Mente ao falar sobre o recital. Não iria dizer que foi ruim, até porquê as meninas poderiam nem querer estar ali.

– Claro. – Sem saber o que dizer, ela olha sobre seu ombro, mas os dois estavam sozinhos no corredor. – Então você achou que tocamos bem? – Mary pergunta, tentando saber se ele é um bom mentiroso.

– Ah... Sim, tocaram muito bem. – Dá um sorriso para disfarçar a mentira – Mas então, qual seu nome, senhorita?

Ele é um péssimo mentiroso, Mary pensa, mas não comenta isso. Retribui o sorriso, mesmo estando sorrindo dele, e não para ele. – Sou Mary Holroyd. E o senhor... Creio que nunca nos vimos antes.

– É um prazer conhecê-la então, senhorita Holroyd. Não, acho que nunca nos vimos antes. Sou David Basset. – Sorri. Diferente de muitos, ele não gostava de se gabar de seu título e posição social, mesmo sabendo que assim que dissesse seu nome, tudo mudaria em um instante. Muitas pessoas só se interessavam por ele pelo nome, e até se dirigiam a ele como “o futuro duque de Hastings”. Ele era apenas isso para as pessoas, pelo que parecia...

– Igualmente. – Ela tenta lembrar de onde conhece esse sobrenome, e não é preciso muito esforço, claro. – Filho do duque e da duquesa de Hastings. – Conclui.

– É, o sobrenome sempre nos entrega... – Suspira. Às vezes só queria não ter tanta atenção... Depois de um tempo em silêncio, ele diz – Me desculpe se estou sendo intrometido, mas... Não parecia gostar de estar na  apresentação.

– Não exatamente. Eu gosto do recital. – Ela abaixa a voz, para segredar a ele o que iria dizer. – Mas sei que não toco bem. Nós todas não tocamos. – Ela franze a testa. – Mas achei que tínhamos disfarçado bem. – Murmura, com uma pontada de desapontamento.

– Entendi... Me desculpe se a ofendi, não era minha intenção. – Diz depois de perceber que ela tinha ficado desapontada. Olha pela janela, e surge uma ideia em sua mente. Mas... Não. David certamente não faria nada com ela, claro, mesmo ela sendo muito bonita, tinha que admitir, um passeio no jardim não seria nada demais... – O que acha de darmos um passeio no jardim? Está uma noite linda. – Diz olhando pela janela.

– Oh, não há problemas, não me ofendi. – Se apressa em dizer, afinal ele só disse a verdade. Pondera sua proposta, não sabe o que sua mãe acharia dela sozinha em um jardim com um homem, mas ao mesmo tempo, sabe que um passeio não fará mal a ninguém. E por algum motivo, mesmo não conhecendo David direito, ela confiava nele. Sentia que não faria mal a ela, de alguma forma... – Claro, tem razão, a noite está linda. Vamos?

– Vamos. – David oferece seu braço a ela, e os dois seguem juntos pelo corredor.

Continua...

Um Amor InesperadoOn viuen les histories. Descobreix ara