O Recital

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Londres, Junho de 1842
Recital anual das Smythe-Smith.

- David! - Exclamou Daphne Basset ao ouvir o filho suspirando pelo que parecia a décima vez desde que tinham chegado na casa dos Smythe-Smiths para o recital anual.

- Mamãe... Vamos mesmo ter que sentar logo na primeira fileira? - Reclamou David.

- Na verdade você vai sentar na primeira fileira, com Caroline. Vou ficar ali com Belinda e seu pai. - Daphne aponta para uma das fileiras do meio, dando um sorrisinho, que faz David suspirar novamente.

- Vamos, David? - Sua irmã Caroline se aproxima e diz. Ele assente e a segue para seus assentos. Tinha acabado de chegar de mais uma viagem, dessa vez tinha sido para a Itália. Era o que mais tinha feito desde que terminou a faculdade, viajar. Já tinha viajado por diversos países, e conhecido várias culturas diferentes. Ele amava viajar, era praticamente uma rotina pra ele: passava alguns meses viajando, e alguns em casa. Seus pais não gostavam da ideia de sempre ter o filho longe, ele foi por muito tempo o caçula, o único menino. E também era o herdeiro do ducado, e conde de Clyvedon. Não queria nem pensar na próxima conversa que o pai iria querer ter com ele - sempre sobre responsabilidade e sobre seus deveres. -

O recital começa, e várias pessoas começam a conversar, e até a colocar algodões nos ouvidos. Daphne tinha insistido que David fosse no recital, pois não conseguia esconder o desejo de ver o filho casando, e agora que ele estava em Londres, não perderia essa chance.
David suspira e olha para as meninas que estavam tocando. Até que uma em especial chama sua atenção. Ela era a violinista do quarteto, nunca tinha visto ela antes - na verdade, não conhecia nenhuma das meninas que estavam se apresentando.
Algo nela chamou a atenção de David. Talvez seus olhos. Eram azuis, chamativos. Ela não parecia querer estar ali. Ele fica a olhando durante o resto da apresentação, até que percebe que ela notou, e também estava o encarando.
A apresentação se encerra, e todos levantam e batem palmas - provavelmente por estarem felizes que acabou, pensou David.
Ele deveria ter se esgueirado por um dos corredores e ter ido embora sem que a mãe percebesse. Mas não foi. Por algum motivo, ficou pensando nela. Ela tinha visto que David ficou a encarando.
Olhando para os lados, ele a vê. Indo para um dos corredores, e parecia consternada. Ele não deveria. Por que iria? Não havia motivos. Mas, sem ao menos pensar, ele foi atrás dela.

                        • MARY

Por incrível que pareça, o recital correu como esperado. As veteranas tinham participado com a nova geração, mas mesmo assim as novas meninas não demonstraram muito talento, o que só fez Mary querer fugir dali.
Mary passa o olhar pela plateia, e um par de olhos em questão chama sua atenção. Um rapaz. Ela desvia o olhar rapidamente, envergonhada, ao perceber que ele também estava olhando para ela. Será que ele está notando que não sou nem um pouco talentosa? Pensou Mary.
Durante o decorrer da apresentação, seus olhares se encontram mais do que seria ideal, e Mary começa a sentir um calorzinho incômodo.
Ao final, Mary se levanta depois dos aplausos, deixa o palco, a fim de se distanciar um pouco do constrangimento.
Ela vai até um dos corredores, e encontra uma janela aberta, com vista para o jardim. Pouco depois de chegar, escuta passos, e quando se vira, ele estava ali. Na sua frente. O rapaz que estava a encarando no recital.

Continua...

Um Amor InesperadoWhere stories live. Discover now