Mamãe tem um encontro e isso me deixa assustada

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Eva White

Tudo era escuro, tudo o quê eu escutava eram pingos e um choro. Olho para minhas mãos, ensanguentadas juntamente com meu corpo, reparo que no chão há uma maçã mordida jogada e uma voz ao fundo começou. Uma voz feminina, um belo sussurro perdido em meio a escuridão.

- Você finalmente se juntou a mim - ela disse.

Acordo assustada, com minha respiração ofegante, há gotículas de suor em meu rosto. Olho a hora em meu celular, 3:58 da manhã, levanto passando a mão por meus olhos indo em direção ao banheiro. Escovo meus dentes e lavo o rosto, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e volto ao meu quarto trocando de roupa. Visto-me com uma legging preta, um topper branco com uma blusa branca regata por cima e meus tênis de corrida pretos com detalhes em cinza. Pego meu celular e meus fones e saio em silêncio de casa para correr, coloco uma música calma e assim vou.

No meio de meu trajeto, sinto olhares. As luzes dos postes iluminavam a pequena cidade e brisa gelada da noite não me abatia para parar de correr, vejo um pequeno movimento no bosque quando eu passo pela frente do mesmo, retiro os fones e chego mais perto.

- Tem alguém aí? - pergunto com um pequeno medo pairando sob mim. Chego mais perto e vejo uma mão no chão, minha respiração começou a ficar mais forte juntamente com o medo. Ando um pouco mais e vejo o corpo de um homem de mais ou menos meia idade. Seus olhos ainda estavam abertos e havia sangue espalhado pelo local, grito e saio correndo novamente desta vez, indo para a delegacia.

Meu coração palpita forte e minhas pernas começam a fraquejar, minha garganta está seca e meus olhos pesados, sinto que não vou conseguir chegar lá mas eu tenho... Eu tenho que chegar. Com muita dificuldade e trêmula, abro a porta com lágrimas escorrendo por minha face. A policial me avistou e logo veio me socorrer.

- O quê faz aqui a esta hora? - ela me questiona enquanto me ajuda a sentar, tento regular minha respiração e um copo d'água foi deixado em minha mão.

- Tem um corpo... Um corpo... - eu não conseguia dizer, ela logo chamou seus companheiros para prestarem atenção - no bosque, um corpo de um homem morto no bosque.

- Vamos lá - o homem que havia deixado a água comigo disse e se foi com dois de seus companheiros.

- Quer que eu ligue para seus responsáveis vir te buscar? Mas antes você precisa dar seu depoimento - a gentil policial disse.

- Eu posso apenas dar o depoimento e sair? Não quero envolver minha mãe - digo calmamente a olhando nos olhos e implorando internamente para aceitar minha proposta.

- Claro - e assim eu só pude sair da delegacia às 4:44 da madrugada com um corpo no necrotério e traumatizada.

Quando chegou a hora de me arrumar para a aula, coloquei uma calça jeans clara, uma blusa de botões curta da cor amarelo claro, alguns colares, fui até minha imensa coleção de all star e peguei um cano alto amarelo. Me olho no espelho e até gosto do que vejo, faço um coque, passo um rímel discreto, um gloss e finalmente sinto que estou pronta.

A caminho da escola, me recordo da madrugada perturbadora que tive mas tento deixar isso de lado para aproveitar meu segundo dia de aula. Guardo a bicicleta e assim adentro para a instituição, andando naqueles corredores avisto Xavier de longe. Vejo que o mesmo está segurando uma câmera fotográfica e vem correndo em minha direção.

- Diga "x" - o rapaz diz antes de tirar uma foto, sorrio sem graça.

- Xavier me devolva! - uma garota ruiva chegou perto de nós e tirou a câmera de sua mão - Você é a novata de quem o Xavier vive dizendo? Oi, sou a Annie - ela estende a mão para mim, aperto sorrindo para a mesma.

Heaven and HellWhere stories live. Discover now