Capítulo IV

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Azkaban sempre ficava agitada com a presença de Harry Potter.

Potter ignorou os gritos estridentes de prisioneiros, como em todas as vezes que precisou visitar o lugar. Parecia que havia alguma energia que alertava à todos (ou o mais óbvio, um aviso de um detento para outro em um grande telefone sem fio), Harry Potter colocou os pés dentro de Azkaban! Era horrível ter que passar por aquilo cada santa vez que ia para lá e fazia parte do seu maldito trabalho, então não tinha como evitar.

— Pode entrar, senhor Potter. — Um dos guardas guiou o auror para uma das salas privadas de visitas e ao fechar a porta atrás de Harry, o silêncio predominou no mesmo instante.

Harry suspirou olhando mais uma vez para as anotações que tinha em mãos, guardando-as logo depois. Estava em uma sala vazia, exceto por uma pequena mesa no centro com duas cadeiras de frente, não era muito diferente das salas de interrogatório trouxas, mas foi um pouco decepcionante para Potter quando esteve numa delas pela primeira vez e constatou que, para seu desagrado, não havia aqueles espelhos que permitia serem vistos de uma outra sala.

Magia cuidava de tudo.

A porta se abriu, o mesmo guarda que o deixou ali deu espaço para o prisioneiro entrar e Harry de forma inconsciente prendeu a respiração.

Os cabelos platinados e longos estavam sujos e embaraçados, a pele pálida estava em um tom cinzento e doente, os olhos astutos marcados por olheiras e o rosto angular com as marcas da idade mostravam a expressão arrogante de sempre.

Lucius Malfoy estava acabado.

E mesmo assim, o homem fez questão de lançar um olhar esnobe dos pés à cabeça de Harry antes de se sentar. O guarda fechou a porta novamente ao sinal do auror. O tilintar das correntes ecoou pela sala, um som que causou arrepios em Potter. Lucius tinha os movimentos limitados pelos grilhões que prendiam seus pulsos e pés, mas o fato não parecia tirar o ar superior dele, que encarou impaciente o outro que também se sentou.

— A que devo essa... ilustre visita, senhor Potter? — Harry quase podia ver o veneno escorrendo pela boca de Lucius, que não disfarçou a acidez em suas palavras e revirou os olhos.

Maldito mal agradecido.

— Sr. Malfoy. Estamos com uma... situação e agradeceria se você colaborasse respondendo à algumas perguntas.

Lucius ergueu as mãos mostrando as corrente com um sorriso frio.

— Não é como se eu tivesse muita opção, não é mesmo?

Harry suspirou, mas preferiu não demorar muito, queria dar logo o fora daquele lugar.

— Seu filho foi atacado.

Aquilo foi o suficiente para retirar o ar de superior de Lucius, sua expressão muda para algo irreconhecível para Potter, que não estava acostumado a ver qualquer coisa além de desgosto e arrogância no outro. Medo? Preocupação? Pânico?

— Ele está...?

— Ele está à salvo agora, amanhã vai receber alta de St. Mungus e vamos manter ele em um lugar seguro até pegarmos quem fez isso.

— Vocês já sabem quem foi?

— Eu esperava que você pudesse me ajudar a esclarecer isso.

— Ora, Potter, nossa família tem muitos inimigos. Prefere que eu faça a lista em ordem alfabética ou em nível de ódio? Podemos separar em categorias também, se quiser.

Harry bufou impaciente, Lucius Malfoy tinha razão e não fazia muito tempo que Draco havia dado a mesma resposta com o mesmo nível de sarcasmo para um dos aurores. Tal pai, tal filho.

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