5. Quem é?

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Terça-feira era um dos dias mais tranquilos para Breno, como não era um dia cheio de pedidos, o garoto tirava uma hora do seu dia para fazer aula de inglês.

Por mais que o garoto entendesse inglês por ver muitas séries e filmes legendados, ele ainda precisava ser fluente em falar. Uma das coisas que ele aprendeu com uma professora era sempre pensar nas coisas com a outra língua.

Como se ela fosse sua língua e tudo o que você pensa, pensar em inglês, assim o falar seria mais fácil.

Ele ia bem na aula de inglês, apesar de preferir espanhol, ele resolveu fazer o curso da lingua universal. Mais uma aula terminara e Breno arrumava suas coisas.

- O que você tem de doce aí? - Uma colega de sala perguntou na porta da sala.

Breno como sempre levara seus docinhos para vender e vendia todo final de aula. Qualquer oportunidade o garoto estava vendendo.

Ela pegou dois mousses de maracujá, mas foi o suficiente para outras pessoas quererem e ele ficou com sua bolsa de doces quase vazia.

Quando estava fechando a bolsa ele olhou para o lado e viu um antigo ficante seu que sorria para ele. Antes de qualquer coisa, Breno olhou para os lados para ver se não tinha ninguém conhecido, e o pior que tinha.

- Ei, Breno! - Do outro lado do seu ficante estava Matheus, um amigo seu da igreja.

Por um segundo Breno ficou paralisado, com medo do seu antigo ficante querer puxar assunto também, então Breno fez o que qualquer maluco faria: correu até o Matheus o abraçando.

- Como vai, Matheus? - Falou sorrindo torcendo para o ficante não estar atrás dele.

- Não sabia que você fazia curso aqui também.

- Eu faço faz um tempinho já. - Breno comentou. - E você?

- Comecei a pouco tempo, nossa aula terminou mais cedo hoje.

- Que bom - Breno deu um sorriso amarelo e os dois caminhavam até a saída da escola de inglês. - Então, nos vemos domingo?

- Claro, não quer uma carona? - Matheus perguntou.

- Não, vou caminhar um pouco, obrigado.

- Até domingo, então.

- Até.

Ele se despediu aliviado do garoto. Essa tinha sido por pouco. Decidiu ir andando um pouco para pensar sobre a sua vida. Isso não era um jeito bom para viver, fazendo tudo as escondidas.

Mas o que poderia fazer? Ele gostava de homens, e seria o único da sua família a decepcionar? Quer dizer, todos já esperavam que ele tivesse um cargo nessa nova igreja, imagina se ele chegasse com a notícia que é gay.

Sua tia seria a primeira a rir da cara dele. Ela sempre perguntava ao sobrinho se ele era gay e Breno obviamente negava. Ela jogaria na cara de sua mãe que tinha os filhos perfeitos.

E seus pais? Ele seria deserdado da família, não teria nem mais reuniões de famíia, já bastavam seus três irmãos não serem da igreja, o mais novo ainda é gay.

Não, precisava superar isso, pelo seus pais.

Ele estava quase atravessando a rua, quando alguém o puxou com força para calçada, quase o fazendo cair. O seu coração acelerou com o susto e ainda mais com o garoto o qual o puxou.

- Quer morrer é? - Breno andava tão distraído que não percebeu que o sinal estava fechado para os pedestres.

O seu salvador era o mesmo que invadia seus pensamentos: Felipe.

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