Capítulo 25 - Na alegria e na tristeza

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Temos uns aos outros, vamos por esse momento difícil.

— Eu amo você, meu pequeno. Amo tanto que não cabe dentro de mim.

Permaneço quieta, admirando a imagem dos dois se abraçando de forma tão apertada. Me faz feliz e não me deixa enciumada, pelo contrário, me dá esperanças. Esses momentos entre os dois foram raros nos últimos dias, para ser sincera, não presenciei muito. Lauren tem estado tão reclusa, eu não sabia mais o que fazer para retirá-la do quarto e tentá-la animá-la.

Passamos o dia todo praticamente assim, os três deitados, juntinhos como deve ser. Lauren parecia um pouco mais animada, embora seu olhar não pudesse me esconder que por dentro tudo parecia quebrado.

Espero que hoje à noite eu consiga conversar melhor com ela e saber melhor como poder ajudá-la.

LAUREN.

Vazia e quebrada.

Essas duas são as definições perfeitas para definir como tem sido meus dias. Mas para ser sincera, eu nem sei se comecei a me sentir assim agora, ou tenho estado dessa forma há mais tempo. Tudo começou a se perder em algum momento que não faço idéia de quando foi.

Eu estava a perdendo, tínhamos tantos problemas acumulados, não sabia como poderia salvar nosso casamento. Tentei de todas as formas que pude, mas Camila se fechava e ficava na defensiva sempre que eu parecia chegar perto do centro do problema. Desejei tantas noites que tudo pudesse voltar ao normal, só não imaginava que ela acabaria perdendo a memória.

Por que isso aconteceu justo agora? Não que eu esteja reclamando, pois estamos conseguindo reconstruir algo que tínhamos perdido. Mas acontece que eu me lembro de tudo o que aconteceu, ela pode ter esquecido dentro dela em algum lugar, mas aqui, na minha mente, tudo continua vivido... e dói.

Dói como o inferno porque eu sei que a perderia se não tivesse acontecido o que aconteceu. Dói porque sei que talvez nunca possa alegrá-la da mesma forma que ela me alegrou quando gerou nosso filho.

Não consigo dar um filho a minha esposa, isso faz eu me sentir uma merda de mulher. É o meu sonho, sempre foi, e mesmo que no passado, coisas tenham me feito duvidar disso, eu ainda mantive o desejo de ser mãe dentro de mim.

Era o sonho dela me ver grávida também, sempre foi.

Sinto uma vontade absurda em me lembrar da primeira vez que tentamos ter um filho. Camila parecia tão animada e ansiosa no inicio, mas com o tempo, as coisas começaram a ficar estranhas. Não parecia mais uma vontade, e sim uma obrigação. Eu fui perdendo aos poucos a vontade de gerar aquela criança, e quando a inseminação deu errada, eu fiquei de certa forma aliviada.

Mas então, meses depois resolvemos tentar de novo. E deu certo, até certo ponto. Eu desejei tantas vezes que tivesse dado errado para que ela pudesse parar de me cobrar da forma que estava cobrando.

Eu o perdi antes de completar um mês, foi um aborto espontâneo. Da mesma forma que os dois seguintes também foram, contando esse último. Penso que devo estar sendo castigada por ter desejado tanto que o primeiro não viesse.

Estou apavorada agora, não sei se tenho forças para tentar de novo. Nem sei se sou capaz de conseguir gerar uma criança, e não faço idéia de como as coisas com Camila vão ser. Porque tudo está bem agora, mas de repente algo pode mudar e acabarmos voltando ao inicio de tudo.

— Podemos conversar?

Minha atenção é voltada a ela, que está entrando no quarto depois de tomar seu banho. O cheiro dela toma conta do ambiente e me conforta. Tudo nela sempre me acalmou com facilidade.

Stupid Wife (REMAKE)Where stories live. Discover now