Capítulo 2 - Dia 2

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            O dia estava prestes a amanhecer quando percebo que dormi demais. Minhas costas doem e sinto muito frio. Só quando me levanto é que eu sinto algo estranho no meu abdômen: Fome.

            Não como desde... Que eu acordei e preciso comer algo agora. Mas não faço à mínima ideia de como fazer isso. Afinal não tenho dinheiro e não sei se é seguro para eu sair daqui. Volto a me sentar entre duas lixeiras e o cheiro começou a ficar enjoativo. Tenho que sair daqui.

            Abro a lixeira e pego a bicicleta que eu roubei ontem. Não me sinto muito orgulhosa pelo meu feito, porém foi à única maneira.

            Talvez eu consiga vender a bicicleta em algum lugar e com o dinheiro eu possa comprar algumas roupas e comer. É a melhor idéia que eu possa ter pensado.

            Subo na bicicleta e ando para a rua oposta da qual eu entrei no beco. A rua assim como a outra era completamente limpa, porém o som dos pássaros não estava mais presente em lugar algum. Mas há mais coisas com a qual eu devo me preocupar do que com o canto matinal dos pássaros.

            Não há ninguém na rua. Eu pensei que pelo menos alguém em toda a cidade estivesse acordado, mas me parece que a cidade inteira fora evacuada só restando a mim.

            Continuou andando de bicicleta até encontrar outra praça. Lá eu posso ver um bebedouro com água. Não é comida, mas pelo menos terei algo no meu estômago. A água tinha um gosto incrivelmente artificial, como se o que eu estou bebendo não seja na verdade água. É algo difícil de explicar, mas bem fácil de entender.

            Olho a minha volta e ainda não sinto a presença de ninguém. E então o sol nasce. A cor laranja toma conta do céu a leste. E uma mistura incrível de Azul claro, azul escuro, laranja e amarelo logo se transformam em um céu limpo e Azul com algumas poucas nuvens.

            Passam-se algumas horas e então como se estivesse programado todos saem de suas residências. As portas se abrem ao mesmo tempo, e todos saem no minuto seguinte. O som dos pássaros se inicia.

            As casas por aqui são todas iguais, com exceção das cores de suas fachadas e das caixas de correios que possuem nomes diferentes. O telhado de todas as casas é branco e todas as janelas são de vidro. E há uma árvore na frente de cada casa, não seria esquisito se todas as árvores não fossem exatamente iguais em todas as casas.

            De dentro das casas saem somente duas pessoas. Em uma saem um homem e uma mulher, em outras saem dois homens, e em outra saem duas mulheres. Sempre obedecendo a essa mesma ordem. Um casal de sexo oposto e um casal do mesmo sexo.

            De longe essa é a coisa que menos me surpreendeu frente a tudo por aqui.

            Assim como ontem, todos tinham roupas totalmente exóticas – o mais esdrúxulos que uma roupa preta, branca e cinza pode ser – Com certeza eu não usaria esse tipo de roupa pela manhã.

            Mas então lembro que preciso usá-las. Já chamei muita atenção ontem. E como o simples fato de pensar em chamar atenção pudesse decorrer em chamar atenção de verdade, a minha bicicleta começa a soar um alarme. Há uma tela na bicicleta e nela está escrito: Violação das regras Um e Cinco, aguarde um vigilante para levá-lo ao centro de recadastramento.

            Saio de perto da bicicleta o mais rápido que posso. Por sorte quando todos se aproximaram da bicicleta/alarme eu já estava longe. Mas puder ver pelas expressões de algumas pessoas que algo desse tipo quase nunca acontecia.

Doze - AWAKENING IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora