Cap. Quarenta e nove

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Oh que grande merda...

Paro na frente da sua porta. Inspiro mais uma vez, passando o tabuleiro para uma só mão me preparando para me ver o que me espera quando envolver a maçaneta. Juro, que fiquei a torcer para que tivesse aberta. Torci tanto como se tivesse à espera de que alguém dissesse o número da lutaria para gritar, ganhei.

Dou um leve toque para baixo na maçaneta e...ouço o pequeno som que nunca pensei adorar tanto ouvir num mar silencioso à minha volta. Sorrio convencido, acabando por abrir totalmente a porta. Entro no quarto sem fazer ruido. Acabo por fechar a porta e não penso duas vezes quando vejo a chave presa no trinco. Giro uma vez e a guardo no bolso das calças, como proteção.

Atravesso o corredor lentamente, atento ao que me espera. Pouso o tabuleiro na secretária arrumada. Olho em volta do quarto silencioso até demais para o meu gosto. Não a vejo, a cama esta aberta, um simples sinal que esteve deitada nela. A porta da casa de banho está aberta, sem nenhuma luz a iluminar o espaço.

Semicerro os olhos.

Não me admirava que tivesse escondida no roupeiro e que se aparecesse atrás de mim para me bater com algo, mas não aconteceu nada.

De repente ouço um arquejo de surpresa vindo de longe de onde me encontro, na salinha do seu quarto. Franzo a testa, mesmo assim não comento nada e nem faço barulho quando pego no parto de comida e nos talheres, para que Eva não perceba que vou chegando perto dela e não saia de repente do seu esconderijo e me bata.

Ando a passos de caracol tentando ser o mais silencioso possível. Aproximo da poltrona, da direita, começando a ter a imagem do cimo da sua cabeleira castanha parcialmente escondida. Abano a cabeça sorrindo. Devia se ter escondido mais, podia ser que tivesse mais adepta para me apanhar de surpresa. Quando chego o suficiente perto dela, desfaço o sorriso, intendendo a razão de não estar a querer escondesse-se realmente de mim.

Eva encontrava-se sentada no chão gelado, de costas apoiadas no encosto do braço da poltrona. Os seus joelhos estavam refletidos, no meio deles estava um livro e ela o lia com calma. Eva não levantou os olhos do livro, era como se não tivesse dado com a minha presença. Se deu, fingiu que eu não estava ali.

Aperto os lábios. Espero que não seja meu último pensamento, por favor digam-me que não.

Inspiro profundamente sentando-me na sua frente. Apanho, com o meu olhar supervisor, a sua mão magra e pálida a retirar a madeixa de cabelo do rosto e por logo em seguida atrás da sua orelha. Daria tudo para ser eu a fazê-lo, por si.

Pouso o parto ao meu lado e os talheres na comida. Eva continua focada na leitura. Espero um minuto e ela continua a ler. Cansando de ser ignorado abro as pernas em V, seguro nos seus tornozelos e a puxo para mim fazendo deslizada até a mim. A sua surpresa é notável no seu rosto, mas fica pior quando vê que sou eu.

Estás louco! Grita entre dentes e com a respiração entrecortada, seguramente pelo susto que lhe dei.

Envolvo as minhas ancas com as suas pernas para a ter mais para mim. Eva ergue o livro para me bater. Sendo mais esperto e vendo que iria fazer, tiro o livro das suas mãos. Ela tenta devolve-lo para si, não deixo, o ergo no cimo da cabeça enquanto o meu outro braço agarra na cintura da fera e os seus braços.

—Dá-me o livro, Já! — Grita histérica.

Mas vale estar a grita histérica do que ignora-me.

Para a provocar ainda mais, deixo a cabeça para trás e leio o título do livro ainda suspenso em cima da minha cabeça.

9 REGRAS A QUEBRAR PARA O CONQUISTAR; SARAH MACLEAN.

Franzo o nariz e olho torto para o título. Que tipo de livro é este. Do que se trata e do que fala especificamente. Será que é daqueles relatos de mulheres maníacas para conquistar o homem?

Baixo um pouco o livro para ler as pequenas letras no canto esquerdo da capa do livro que confirma ser um romance histórico. Já me sinto um pouquinho aliviado, mas não tanto.

—Quais são as tuas 9 regras Moranguinho? —Pergunto malicioso, devolvendo o olhar a ela. Aqueles bonitos olhos verdes encaram-me com fúria.

— DÁ-ME. O . LIVRO. Diz pausadamente, não estando para brincadeiras.

— Queres o livro?— Pergunto provocador, mostrando-lhe.

Eva aperta os lábios.

— Achinesem-se...

Haaaa, algo se passa, bem sabia. Não é todos os dias que ouço esta alcunha ridícula.

Pouso o livro no chão e o mando para longe. Tive a decência de não o atirar para não o estragar. E num instante para o outro Eva, logo depois de soltar os seus braços, bate-me com força no meu peito. Não lhe impeço, se ela quer descarregar a raiva que continue a fazê-lo sem eu saber o real motivo.

— Acalma-te, se não vou ter de te acalmar à minha maneira.

— Não me vou acalmar! — Riposta sem deixar de me bater—Que mal fez o meu livro para o tratares assim?! — Grita, erguendo os olhos para me encarar. As suas mãos estancaram enquanto gritavas a palavras até que no final teve de dar as últimas, com força, no meio peito.

— Que mal fiz eu, para que estejas com essa birra desde manhã?!

Ela estanca.

PERIGOSAMENTE TENTADOROnde histórias criam vida. Descubra agora