Depois que Beatriz entrou no elevador, senti um frio na barriga mas consegui respirar. Seu jeito de ser era de alguém doce, determinada, gentil e forte. Como um bom observador eu tinha a habilidade para constatar traços fortes de uma pessoa, em pouco tempo. Seu olhar profundo e penetrante, confirmou...

Chacoalho a cabeça na tentativa de lançar fora aqueles pensamentos, não podia me perder.

Beatriz

Inspirei o máximo que pude, até que meu pulmão enchesse de ar e oxigenasse todo o meu corpo, e expirei lentamente, enquanto caminhava. Pude notar Felipe, que permanecia ao meu lado, apenas me olhando de relance, devia ter sentido a minha tensão naquele momento. Contudo apenas seguia ao meu lado em silêncio.

Passei pela portaria do prédio cumprimentando os funcionários que ali já estavam, chegando até o elevador.

- Foi um prazer! - Respondeu ao meu agradecimento. - E boa sorte! - Depositou em minhas mãos parte dos objetos que me ajudara a carregar. Escorregando sua mão sobre a minha involuntariamente.

Embaraçada, apenas assenti desejando que realmente tudo desse certo naquele momento, retribuindo-o com um sorriso sua gentileza.

Passei pelas portas metálica do elevador e aguardei o seu próprio tempo.

O 5° Andar era onde ficava o escritório e eu queria chegar o quanto antes para poder me organizar e revisar o projeto, relembrando tudo o que iria falar.

Felipe acenou e colocando as mãos no bolso de sua calça jeans, deu as costas para finalmente ir embora. Antes que as portas do elevador se fechassem, um homem misterioso entrou. Ele era imponente, alto, vestia um terno azul marinho que deixava perceptível seu corpo malhado e escultural por baixo do tecido, usando óculos de sol estilo aviador. Os cabelos castanhos estavam perfeitamente penteados. Barba simetricamente perfeita. Um homem pra ninguém colocar defeitos!

"Meu Deus quem a essa hora da manhã consegue ser tão cheiroso?"

-Srta. bom dia. - Me cumprimenta afastando meu pensamento.

Eu só consegui assentir com a cabeça. Estamos só eu e ele, e sua presença me intimidava.

Como minha amiga diz, devo estar precisando com urgência sair e conhecer outras pessoas. O meu foco no trabalho e o meu isolamento em consequência disso, parece estar me deixando como uma adolescente com os hormônios à flor da pele, que não pode chegar perto de um homem bonito que tem arrepios... Idiota!

O Elevador chegou ao quinto andar, saí do elevador e não consegui responder nem um "bom dia". Senti os olhos dele me seguindo enquanto eu saia. Mas o andar dele não era o mesmo...

"ufa... Foco no objetivo Beatriz! "

Dei dois tapinhas no rosto, para voltar para a realidade.

Mirei o fundo do corredor onde ficava a minha mesa instalada, somente alguns colegas haviam chegado e a senhora que cuida da limpeza, que é uma pessoa tão querida por nós. Esses períodos antes do expediente proporcionavam-nos algumas conversas, e eu acabara conhecendo bem a família e a rotina da mulher... O mundo precisa valorizar mais essas pessoas!

Felipe

Estaciono o carro na calçada em frente ao muro descascado e com a tinta amarela desbotando, abro o pequeno portão prateado. Passo pelo mini "jardim" que mais parece uma floresta! Preciso aparar a grama urgente, mas onde encontrar tempo?!

Abro a porta e dentro da casa ainda estava tudo calmo e silencioso, a luz do sol entrava tímida através da brega cortina florida, iluminando a mesinha antiga de centro onde se encontrava um tablet rosa, que Milena possa ter usado momentos antes de dormir. Como de costume.

Entre Nós • EM ANDAMENTO •Where stories live. Discover now