Algo que não tenha fim

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       Dei folga a mim mesma. Resolvido foi acordar lá pelas nove e quarenta, e si acordei nesse horário porque escuto "batidinhas" na porta do meu quarto. Eu abro já até imaginando quem é...
    -Feliz niversalio manaa Lana.
    -Oi meu amor, bom dia...
    Enchi Guilherme de beijinhos e abraços, ainda assim o que falávamos era em um tom baixo, seria a morte se por acaso acordasse aqueles dois...
    -Muita salude- e me da um beijo no rosto
   Eu rio.
    -é saúde, Gui.
    -Ta bom...Mana, eu tenho uma surplesa pra ucê.
    -Aé? E o que esse garotinho lindo preparou de surpresa?
    Ele saiu correndo descalço até seu quarto e de la trouxe uma folha de sulfite e um pacote de pipoca doce, daquelas de embalagem rosa aliás.
     -Aqui Lana, te amo...
     -Oh meu querido, muito obrigada, eh o melhor presente de todos.
     Realmente me comovi, não com a pipoca, claro, mas sim de escutar essa frase verdadeira e significativa de meu irmão.
     A folha estava dobrada, eu abro ela e vejo que tem um desenho. Ali estava eu, uma menina "palito" de vestido rosa segurando-o pela mão, sim ele se desenhou com uma bermuda azul e camiseta branca, e ao fundo, tudo estava pintado de amarelo e azul.
    -É si uma vez que fomos ao mar, mana.
    -Que lindo, gostei mesmo. Hey, fica aqui comigo.
    Ele subiu em cima da cama, eu fechei a porta do quarto, nos cubri com lençol e ainda falei:
    -Que tal comer uma pipoca juntos?
    -Simmm.
    Ficamos lá, comendo pipoca na cama e nem aí pra qualquer reclamação, era um dia atípico. Meus pais nem lembravam que eu existia mesmo, o melhor que aproveitava era a companhia de meu irmão, que por sinal, também era um " fardo" para eles, mesmo que isso ficasse numa representação oculta.
       Então, do ficamos juntos até o meio dia, jogando conversa pro ar e combinando de passar um dia inteiro na praia de novo, si não sabíamos quando.
      Como hoje era sábado, aquela dois nem tinham horário para acordar. E de noite iriam la para a casa daquela parentela, contemplar e viver a noite  numa tremenda libertinagem.
      Minha consciência estava limpa, com dezoito eu estava longe de seguir a tal conduta. Cigarro e álcool nunca experimentei, e nisso oportunidades não me faltaram. Não que algum dia eu não pudesse beber alguma coisa, mas enbriagar-se é totalmente diferente. E de ressaca, dois nessa casa entendiam muito bem...
         Quando deu meio dia, comecei a me arrumar. Coloquei uma saia florida com uma blusa branca, fiz uma trança no cabelo por causa do calor, e logo peguei o ônibus que ia a capital.
        Deixei o Guilherme em casa, meu pai já havia acordado, embora estivesse assistindo à televisão do  quarto dele, minha mãe estava tomando banho; nem me viu sair, e se viu, logo não se importou.
       A viagem foi rápida, em pouco tempo já estava lá, ando um trecho do caminho, e aparece o shopping, entro pela porta principal, e chego em frente a livraria.
     Em dez minutos, Rafael aparece.
     Ele até vem mais rápido quando me vê.
     -Feliz aniversário minha frô...
     E me abraça forte.
     -Muitas felicidades; você é a pessoa que mais merece ser alegre nesse mundo todinho.-Diz isso ainda abraçado a mim.
     -Obrigado Rafa, é muito bom ouvir issi de você hoje...
     -É, então, é simples mas...
     Ele pega uma sacolinha Vermelha com bolinhas brancas e me entrega.
     Eu abro, e dentro tinha uma boneca de pano, linda, muito linda. Os cabelos cacheados e louros, olhos verdes num vestido azul.
      -Rafa, nem seu o que te dizer, muito obrigada!
      É o abracei para agradecer.
      -O, tá vendo, tem uma cordinha Aqui, eh de amarrar no espelho do carro, mas fica melhor pendurar na porta do quarto.
    - Eu não vou pendurar porque minha mãe pode achar bonita e roubar pra ela...mas vou guardar com muito carinho.
     - eh que como vice ama verde e azul, eu achei que combinava mais...
    -Amei sim.
     -Otimo, e...vanis entrar?
    - Aqui?
    -Sim...eu pera, teus olhos estão brilhando só porque falei que vamos entrar é?
    -Como adivinhou?-disse rindo
    -Vamos la, te compro um livro.
    -Serio?! Bem posso acreditar, obrigado mesmo.
    E entramos, a livraria com todo o seu encanto, muitas histórias  ali, embora seria apenas uma que eu escolheria. Comecei a ler os resumos dos livros, até que um me chamou muito a atenção. A capa era de uma floresta, e ao centro, tinha uma luz rodeada por vagalumes.
      O titulo: " O dia em que brilhei para você", e então li o resumo, Falava das dificuldades em que o protagonista passou depois de ser atropelado por um trem, no dia em que se declarou para ela... É daí não falou mais, o resto era só lendo a história.
    Eu achei interessante.
    -Eh esse aqui.
    -Uau, não vai chorar não?
    -Lagrimas regam o espírito.
    - que profundo.
    -brigado
   -So pago se você me contar a história toda depois.
   -Pode deixar nhonhô!
   Nos rimos.
   Ele me presenteou com o livro. Saímos andando pelo Shopping, olhando as vitrines e aproveitando esse tempo.
   -Quer ir ao cinema?
   -Mas vai ficar caro...
   -É...ou cinema ou jujubas.. .
   -Jujubas! Você me prometeu que ia ter jujubas!
    -Calma, calma, está bem- ele riu- a gente compra as juninas e depois come alguma coisa naquele café ali.
    O café, "Merciê cafeteiro", era ali que íamos depois.
    Então fomos até uma daquelas loja de produtos "naturais", já que jujuba não é nada natural; e ele comprou as jujubas.
      Eu fiquei bem feliz, mas o combinado foi de comermos na saída.
    Assim, fomos até o café, pedimos dois cafés com doce de leite, especialidade da casa, pão de queijo e biscoito de polvilho caseiro.
    Eu levei um pouco de dinheiro que ajudou a pagar tudo isso pra não ficar pesado para o Rafael.
     O lugar era lindo, ambiente amadeirado, era um tom marrom escuro, porém tinha muitas folhagens e vasos arbustivos decorando o ambiente, também pegava a parte onde tinha as janelas do shopping, sendo bem iluminado e com uma vista incrível.
     Enquanto esperávamos o pedido, íamos conversando. Logo chegou, primeiro o café. Veio em uma caneca alta de vidro, a cor era de caramelo, mas vinha no topo uma camada de chantilly polvilhada com canela, um tubete de chocolate. Então, decidimos experimentar, que extraordinário! Ao mesmo tempo em que dava para sentir o gostinho de café também dava pra sentir o sabor do doce de leite. O chantilly completava a combinação e a canela dava uma leve "ardidinha" porém adocicada, no paladar. Era incrível.
       -Hey Lana, tem chantilly no teu nariz...
     -Poxa sério, espera eu já vou.. .
     -Nao, deixa que eu tiro...
     Rafael nesse momento se aproxima, e sem exitar, me beija.
     Eu permiti que o beijo continuasse, o que foi algo tranquilo e muito calmo, mas no fundo...
    No fundo, eu não sei bem explicar, mas foi algo que apenas aconteceu.
    Não era algo ruim, como as tentativas forçadas de Henrique, mas também não era bom, Assim como o nosso primeiro la dos doze anos. No fundo, faltava algo, e exatamente isso que faltava, deu para perceber que Rafael não poderia me completar.
     E no fundo, foi muito mecanizado, se tornando algo em que perderá a graça.
    E não só de minha parte.
    Chateada, me distanciei, e ele fez o mesmo.
     O garçom logo veio trazendo o pão de queijo e biscoito de polvilho.
     Envergonhada olhei para baixo, na tentativa e disfarçar certa indiferença mútua.
    -Lana, me desculpa, eu não deveria...
   - Rafa, pelo contrário, eu estava esperando por isso.
   - como Assim?
   - Acho que  é exatamente disso que deveríamos falar. Quando te vi no curso, fiquei muito feliz pela sua volta, mas impossível foi pensar, imaginar, se aquele sentimento que tínhamos antes, não durava até hoje. Por isso quis vir e passar a tarde com voce; para descobrir se ainda rola tudo o que sentíamos. Se você não me beijasse, eu provavelmente o faria por você.
     - Então, pensamos o mesmo, porque eu também queria uma prova de saber se continuava acontecendo algo entre nós. Eu, sei la Lana, não quero me enganar, muito menos enganar você. Sim, eu pensei nesse encontro como forma de saber o que realmente estava acontecendo, porque quando te vi no curso, também fiquei meio balançado, mas precisava tirar a limpo essa situação.
      -Nao se preocupe com nada, você nunca me enganado de forma nehuma, o problema é acharmos que isso pode persistir e acabarmos errando no final de tudo, nos frustrando e aí Sim, perdido contato para sempre...
    -Nao, isso não, nem pensar. Não quero ficar longe de você de novo, mas também, puxa, me desculpe mesmo falar Assim, mas o jeito como te quero sabe...
    -Como amiga?
    -Save que não tinha pensado nisso? Achei que você nem ia olhar pra mim, então achei que ia querer que fossemos apenas colegas ou talvez, conhecidos de longa data?
    -Ora, não exagere menino, a gente pode muito bem sermos amigos e aí da nos sairmos bem dessa.
    -Vos sabe que no começo será estranho...
   -Mas não me importo, dizem que os fins justificam os meios, então, se formos amigos no final, nao importa se for difícil ou estranho no começo.
    - Que Belo Lana. Faz assim- ele entende a mao- amigos?
     - com toda a certeza.
    E nos cumprimentamos.
    - Ah mas tá muito sem graça, vem cá, da seu mindinho- falei.
    Ele o fez. Assim os mindinhos entrelaçados.
    -Amigos. -ele falou.
    Começamos então a comer o que tinhamos pedido.
     Eu bebi um gole de café.
    -nao faz Assim, peguei o Tubete e mexe misturando o chantilly com o café junto, assim oh.
    Ele fez isso o que deixou a cor caramelo mais clara.
    Eu fiz, ficava mais cremoso desse jeito.
    - Como você sabe disso?-perguntei
    -na franquia que tinha lá na Bahia,
    Minha ex-namorada me ensinou.
    - Você namorou então?
    - Sim, foi um ano depois que me mudei pra lá, durou um bom tempo na verdade, mas aí o pai dela queria se mudar para a Itália, ela quis ir e eu deixei. No começo era pra ser namoro virtual, mas ela gostou de um cara la e me falou que ia ficar com ele. Eu depois disso namorei mais dias pessoas e daí vim pra cá definitivo.
E você?
    - bom, o que dizer, fiquei sozinha por todo um tempo, até que apareceu um garoto que ficou comigo alguns dias, mas eu não gosto mais dele, ele só precisa entender isso. De resto, não tem ninguém assim, só foi isso. Na verdade...
    -Na verdade?
    - Eu tava começando a olhar uma pessoa com outros olhos, até que ele começou a namorar uma garota, até vi os dois se beijando na praia.
    -Poxa, que chato...
    -foi bastante, por isso eu deixei ele com seu rumo sabe, nao quis me intrometer ao algo do tipo.
   - É qual o nome dele?
    -Cristian.
    -O Cristian? Nossa!
    - Por que?
    - eu lembro dele, é o mesmo Cristian?
    -Sim.
    - Uau, jogando bem na real contigo, se ele começasse a gostar de vice eu apoiaria.
    -Ue e por que?
    - porque eu achava ele uma pessoa bem legal, se continua o mesmo, certeza que aprovo.
    -nossa, que cupido você!
    -Aham- risos- bom, você pode ser á minha guru do amor tambem viu.
    -Mas safado hein- disse em tom de ironia- mal da fora em uma e já quer outro caso- ri.
    -Fazer o que- ele da de ombros.
    Nos dois rimos dessa realidade.
    Terminamos de comer, pagamos. Fomos andando e comendo as jujubas.  Saímos até a entrada principal.
    -Enfim, obrigado por esse dia e por ter sido sincero comigo.
    -Obrigado a você Lana em compreender tudo e não me levar a mal.
    -Ta tudo certo, vem ca.
    abracei ele, que retribuiu.
     - Obrigado por tudo mesmo Lana, que nos dois possamos ser amigos, e cada um encontre sua felicidade assim como seu amor.
     Com isso, nos despedimos de hoje, segunda nos veríamos no curso.
     Eu pego o ônibus pensando em tudo que aconteceu. Desde a minha expectativa de como seria o encontro, e de agora que eu teria um novo rumo pela frente.
    Chego em casa, meus pais estão saindo de carro, nem se importam em deixar meu irmão sozinho, ainda bem que eu cheguei a tempo.
    Eram seis horas da tarde. Tomei banho e fiz uma vitamina pra mim entro Guilherme.
    -Maninho, que tal assistir sessão de filmes hoje?
    - Eu quero manaaa.
    E assim terminou meu dia, meu aniversário, minha transição dos dezessete aos dezoito, assistindo filmes com meu irmão. Madrugamos até as quarto da manhã, já exaustos. Nossos pais não tinham chegado. Apenas recolhi meu irmão junto comigo no quarto, por medo dele ser vítima de gritaria e talvez socos, já que chegariam bem alterados em casa nem sei que horas.
     E hoje, passado de quatro da madrugada, dormi depois de refletir que de agora em diante eu só ia querer um amor durável, desejando algo que não tenha fim.
   
     
   

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