Amor e Tradição | DEGUSTAÇÃO

Primeira Vista

Alisha não conseguia deixar de encarar os olhos cor de topázio dele, era como se realmente uma das pedras mais bonitas que já vira estivesse bem na frente de seus olhos. Ela tentou se desculpar pelo acidente, enquanto os braços firmes do homem continuavam em volta de seu corpo, a fazendo sentir um misto de emoções indecifráveis para ela e confundir até mesmo o idioma que deveria usar.

Confusão não era algo que ela gostaria de sentir, estão recuperou toda a sanidade de sua mente, mais imperfeita que ela, e se recompôs o mais rápido que podia. Entretanto, quando a voz firme, mas aveludada, do homem perguntou se ela estava bem, em um marcado sotaque britânico, a mente de Alisha a traiu novamente. A mente criativa de uma escritora tão imaginativa já viu naquele homem real um de seus perfeitos e ficcionais personagens. Era como uma fantasia.

— Aditi! – Ela viu no retorno da menina, uma forma de escapar daquela confusão de pensamentos estranhos. A pequena vinha acompanhada de sua irmã, Jaya, que não disfarçava a curiosidade para entender o que acontecia entre sua melhor amiga e o atraente homem estrangeiro — Nunca mais faça isso, você poderia ter se machucado.

— Ela sempre foi assim... – Jaya tentou explicar com a sua invejável paciência e doçura. Assim que deixou de olhar para a amiga, seus olhos curiosos foram até o único homem entre elas – Eu sou a Jaya, essa é a minha irmã Aditi e essa é a minha melhor amiga, Alisha. E você?

Ela estava realmente tentando puxar assunto com o rapaz estrangeiro. Alisha não entendia o motivo, nem entendia o porquê de seu rosto está ardendo levemente e sua pele está claramente avermelhada só por Jaya a ter apresentado para o homem, que provavelmente a salvou de um embaraçoso tombo. O homem também não parecia totalmente à vontade com a situação, mas fez questão de estampar um sorriso em seu rosto e estender a mão para Jaya e posteriormente para Alisha. A segunda não aceitou saudá-lo a primeiro momento, não queria ser tomada por aquela sensação estranha que teve ao ser tocada por ele.

— Sou o Ethan – Ele se apresentou com os olhos se tornando cada vez mais azuis, como se isso fosse possível. Os sons da rua quase não permitiam que eles escutassem o que o outro falava, mas Alisha não queria se mover. Sentia que se desse um misero passo que fosse, poderia acordar e descobrir que tudo não passava de mais um de seus sonhos loucos.

— Inglaterra, certo? – Alisha não saberia dizer de onde sua voz saiu e nem como conseguiu construir uma frase coesa, apesar de curta. Por que perguntar a nacionalidade dele parecia tão importante? Droga, ela deveria ter sido mais criativa! Por que se importava com o que ele iria pensar?

— É tão óbvio? – Ele perguntou em um tom que parecia mais uma exclamação, sentia que precisava gritar para ser ouvido. Mas, não importava o tom de sua voz, nada escondia o seu forte sotaque britânico. Era impossível não notar como isso dava uma melodia única para sua voz.

Alisha deveria parar de tentar desvendar mais detalhes. Ela apenas assentiu com a cabeça para responder a pergunta dele antes que se esquecesse de que havia alguma.

— Estou um pouco perdido. O que está acontecendo aqui? – Ele perguntou quando algumas pessoas passaram por ele totalmente cobertas de tinta colorida. Não era possível nem mesmo supor quais as cores que os cobriam.

— Nunca esteve no Holi? – Alisha perguntou o admirando com cuidado. Ele parecia muito mais perdido do que gostaria de admitir, isso ela tinha certeza. Conhecia poucos estrangeiros para saber como eles lidavam, mas pelas coisas que ela lia... Realmente, a Inglaterra era bem diferente da Índia.

— Nunca estive na Índia – Ele riu para si mesmo. Parecia envergonhado de não estar entendo o que acontecia ao seu redor. Alisha também sorriu, era com estar observando uma criança aprendendo algo novo. Ela sentiu algum tipo de alegria inocente, que não a permitia deixar de sorrir.