Capítulo 7: Remetente anônimo

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O regime de internato de Hogwarts é diferente do de Beauxbatons; quando estudava na França, podia ir para casa os fins de semana

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O regime de internato de Hogwarts é diferente do de Beauxbatons; quando estudava na França, podia ir para casa os fins de semana. Agora que passo o ano letivo inteiro morando na escola, longe da minha família, posso dizer com absoluta certeza que não sinto falta de casa.

Minha família sempre foi abastada, em parte porque meus pais são referência internacional na prática de obliviação, e em parte porque herdemos a riqueza de Libatius. Sentir falta de casa implicaria em sentir falta dos longos jantares chiques, dos vestidos desconfortáveis, dos comentários preconceituosos, da doutrinação de pureza sanguínea, e da constante vigilância dos meus pais acerca de com quem estou falando, com quem estou andando, o que estou fazendo.

Contudo, mesmo aproveitando a liberdade que estudar em Hogwarts me trouxe, devo admitir que estou preocupada. Nunca fiquei tanto tempo sem contato com meus pais.

Noir, agora quase do tamanho normal para uma coruja-preta adulta, voltou sete dias depois que mandei a primeira carta para casa. Ela apareceu na janela do meu quarto, só pra me mostrar que não trazia resposta. Deixei-a descansar por dois dias antes de mandar uma segunda carta, que dizia simplesmente "por favor, respondam minha coruja. Com carinho, Barbra."

Até agora, nada. Não sei se Noir já retornou à escola, preciso ir ao Corujal conferir. O gato de Avalon não gostou nem um pouco da visita da coruja ao nosso quarto, então imagino que ela não vai vir ao dormitório novamente.

Lily, Remus e eu encontramos um local isolado, onde a bibliotecária, madame Irma Pince, geralmente não passa. Depois dessa descoberta, nunca mais precisamos rondar a biblioteca procurando mesas vagas para nos acomodarmos, pois proclamamos que aquele canto isolado agora é nosso.

O nosso canto fica à esquerda entre a última estante de livros e a entrada da seção restrita, onde estão guardados livros que são considerados perigosos ou valiosos demais para ficar à mercê de qualquer aluno. Há uma pequena mesa equipada com um jogo de Xadrez Bruxo e um puff preto, atualmente ocupado por Remus, que está praticamente desfalecido de braços abertos com um livro jogado em seu peito.

Lily está deitada de barriga para baixo no tapete marrom, apoiada em seus cotovelos enquanto circula partes de um livro com uma pena. Observo ela levar a ponta do objeto no tinteiro, depois rabiscar algo na margem do livro, a ponta da língua aparecendo na lateral de sua boca enquanto ela escreve concentrada.

"Somos nerds demais", declarei fechando o Incantatorium III. Não consegui traduzir mais de duas páginas ainda.

Remus se virou para mim, espreguiçando-se. Ele se sentou, deixando o livro em seu peito cair. 

"Agora que virou amiga de James, acha que eu e Lily não somos aventureiros o suficiente?" ele arqueou uma sobrancelha e exibiu um pequeno sorriso, fazendo o canto de seus olhos se estreitarem.

Por algum motivo, Remus parece cansado e fraco hoje. Está mais pálido do que o normal, além de exibir fundas olheiras. Tento não o analisar por muito tempo, pois sei que sua aparência nos últimos dias tem o deixado de autoestima baixa – ontem ele nem quis almoçar conosco porque as pessoas estavam lhe encarando.

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