Sima

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Filhos que têm pais rigorosos só podem se tornar três coisas; nerds que não fazem nada a não ser estudar, e não tem vida social. Se rebelam, viram drogados que não ligam para nada. Ou os que são o meio termo dos dois, santos e diabos. Que é o meu caso.

Meus pais achavam que tinham a filha perfeita, notas perfeitas e para falar a verdade, eles não estavam errados, até certo ponto. Porque, até os meus treze anos, eu era a aluna exemplar da sala, não tirava menos que oito em todas as matérias. Até que um dia, no sétimo ano, percebi que não importava a nota que eu levasse para papai e mamãe, eles sempre reclamariam e eu sempre podia melhorar. E desisti de ser a boa menina.

Comecei a tirar nota menores — não notas ruins, apenas parei de me cobrar tanto. —, e fazer o que tinha vontade, pelo menos por uma maldita vez. Óbvio, que me minha pequena amostra de ato rebelde não os deixou muito felizes. Isso trouxe uma série de castigos e incontáveis brigas dentro do aconchego de um lar. Com toda aquela superproteção, não me sobraram muitos amigos que aceitassem as regras de convivência de meus pais. Dois, para ser um pouco mais exata.

Lizzy Yu era a menina dos olhos de mamãe. Se pudesse existir alguém que ela confiasse a minha vida, essa pessoa era Liz. A garota era completamente o meu oposto, e notei isso assim que ela falou as quatro primeiras palavras direcionadas à mim. Que foram qual é o seu número com um sorriso grande e forçado no rosto. Porém, depois de alguns dias, percebi que ela era a minha passagem de ida e volta para o mundo real.

Então, dei o meu melhor para ser amiga da garota que conhecia gente demais para o meu gosto. Sério, era duas pessoas que a cumprimentavam a cada cinco minutos de caminhada nos corredores da escola. Mas com o tempo, eu, como a pessoa apegada e carente que sempre fui, andava para lá e para cá com ela e quando vi, já nos chamávamos de melhores amigas.

Noah Schnapp, meu melhor amigo desde que o mundo começou a ser o mundo. Tinha conhecido ele por acaso no parquinho da escola quando tinha seis anos. Digamos que eu nunca fui uma criança de brincar na areia, e ele gostava de irritar todo mundo. Uma pequena guerra de brinquedos em forma de triângulos e uma conversa na diretoria com nossos pais foi o suficiente para nos obrigar a ser amigos. Afinal, eu tinha contáveis em meus três dedos e ele, bem, ele não conseguia ao menos contar.

A partir daí, vieram muitas saídas em família e puxões de orelha para que eu finalmente abrisse as portas de minha amizade para que aquele mini projeto de energia contida pudesse entrar. Não posso dizer que me arrependi, mas haviam horas em que eu questionava minha integridade enquanto estava com Noah. Com meus completos dezesseis anos carregados orgulhosamente nas costas, eu havia adquirido a proeza de sair para qualquer lugar com Noah ou Lizzy, então estava tudo as mil maravilhas. Até que ele decidiu se amarrar com alguém mais velho.

— Você vai fazer algo hoje? — Schnapp começou, apertando meu pequeno boneco do Baby Yoda entre seus dedos.

— Você sabe que não. — coloquei calmamente O Retrato de Dorian Gray na pilha de sua primeira letra, alinhando o livro de capa dura com os outros cinco abaixo de si. — O que você quer?

— Lembra do Jack?

— Da turma de química? — questionei, com as sobrancelhas franzidas.

— Não, o de astronomia. — me corrigiu, fiquei em silêncio até que ele continuasse. — E se lembra da festa na casa da Iris, a que você não foi?

— Afirmativo.

— Pois bem, digamos que eu troquei germes orais com ele. — disse a última parte tão baixinho que eu mal consegui ouvir.

— Você o quê?! — virei-me completamente para Noah, piscando lentamente e com a boca aberta, caminhei até sentar ao seu lado na cama. — Quando?

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⏰ Dernière mise à jour : Mar 07, 2020 ⏰

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