Capítulo 5

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Garrett

Acordo ouvindo sons abafados do quarto ao lado. Hannah deve estar tocando em seu piano para espairecer. Sei que ela não está bem — claro que não — e só de estar lá já é prova suficiente. Cantar e tocar é sua terapia.
Olho para o relógio e já passam das dez da manhã. Faz tempo que não durmo tanto, acho que só consegui por causa de Hannah que ficou abraçada a mim a noite inteira.
Levanto e vou ao banheiro lavar o rosto, apesar de ter dormido bastante meu corpo transparece todo o cansaço emocional dos últimos dias. Estou um caos.

Saio do quarto e escuto a música mais alta. Hannah está cantando Chasing Cars de uma maneira que me dá calafrios. Sento no primeiro degrau da escada e encosto minha cabeça na parede, presto atenção em cada nota e verso tocado. Sinto toda a emoção de Hannah tomar conta do local.
Quando ela termina, um silêncio ensurdecedor envolve o apartamento. Passa minutos e nenhum movimento é feito dentro daquele quarto, ela não continua muito menos sai dele. Percebo que é agora que preciso entrar, porque talvez ela precise mais do meu apoio do que eu dela.

— Hannah — sussurro hesitante, e então me dou conta de seus ombros tremendo. Ela está chorando, chorando muito — Hey, amor...

Corro para abraçá-la imediatamente. Ela soluça em meus braços.
Me sinto um lixo, dez vezes pior agora. Fiquei tão focado na minha tristeza que esqueci do sofrimento de Hannah. Imagina para uma mãe perder um filho. Uma mãe que estava tão feliz com a notícia, de braços abertos esperando todas as fases boas e ruins que ia passar. Ela não merecia isso. Ninguém merece.

Sento do seu lado no banquinho e ela encosta a cabeça em meu peito. Sua mão agarra minha camiseta com força e ela busca por ar. Faço carinho em seu cabelo e em suas costas dizendo que estou com ela para sempre.

— Você precisa respirar, Hannah — peço enquanto limpo seu rosto — Vamos tomar água.

Levanto e ela me acompanha, deixo ela sentada na nossa cama enquanto desço até a cozinha. Pego um copo d'água e volto para lhe entregar, desejando que a acalme.
Em tantos anos, nunca vi Hannah perdendo o controle dessa maneira, e isso é algo que me preocupa. Tenho medo de ela não conseguir superar esse outro momento difícil que teve que passar.
Não, ela vai superar sim. Ela é uma das pessoas mais fortes que já conheci, tem muita esperança e positividade... e tem a mim também. Não vou deixá-la nunca na minha vida.

— Está se sentindo melhor?

— Sim — ela solta a respiração que estava prendendo — Não aguentei Garrett. Estou tentando ser forte, mas está sendo tão difícil...

— Eu sei, eu sei — sento ao seu lado e prendo uma mecha de cabelo atrás da orelha — Hannah, temos um ao outro. Vamos passar por isso juntos e vamos dar conta de tudo, como sempre foi e como sempre será.

— Eu sei, meu amor.

— Amo você e não vou a lugar algum... espero que saiba disso.

Ela força um sorriso e beija meus lábios agradecendo. Peço para se deitar enquanto eu faço o mesmo. Envolvo-a em meus braços e sussurro todas as coisas boas que passam em minha cabeça. Quero acalmá-la o mais rápido possível.

— Ainda vamos ter filhos, Hannah. Muitos. Não vamos sossegar enquanto não tiver treze Garrett's e Wellsy's correndo pela casa.

— Meu Deus — ela ri baixinho e esse som libera ondas de alívio pelo meu corpo.

— É sério. Você acha que estou brincando? Pelo jeito você não tem noção dos planos que passam nessa cabeça.

— Ah eu tenho sim — ela responde — Sei muito bem o namorado louco que eu tenho.

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⏰ Última atualização: Mar 02, 2020 ⏰

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