flores

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Os dias passaram mais rápido do que Sana havia imaginado, todos os dias ela passava algumas horas de frente ao espelho do banheiro, na esperança que Mina aparecesse novamente, porém nada da outra japonesa aparecer. Será que ela nunca mais apareceria? Será que ela ficaria presa ali pra sempre?

Sana estava sozinha no quarto, Tzuyu estava em horário de aula, e ao término da mesma teria um almoço com seu pai. Normalmente era a mais nova que trazia o almoço da japonesa, mas como hoje ela não teve escapatória, Momo ficaria responsável por essa tarefa. A Minatozaki não costumava sair do quarto sozinha, ela tinha medo de ser pega, mas naquele dia ela se sentia inquieta, queria ter algum contato com o meio externo, aproveitaria que todos estavam em suas respectivas salas e caminharia um pouco no jardim, a Chou havia dado um celular a Sana, e ensinado a ela como mexer nas coisas básicas, como em alguns aplicativos, os de mensagens e a câmera por exemplo, que foi o que a japonesa mais gostou de aprender. Ela ainda apanhava um pouco em tentar mexer em outras funções, mas de resto conseguia se sair razoavelmente bem.

A menina levantou-se calçando sua sandália, e por mais que ela já tivesse suas roupas, não perdeu a mania de usar algumas das blusas de Tzuyu, as de xadrez, que parecia ser um grande amor da taiwanesa, já que ela dispunha de várias peças, Sana achou que ela não se importaria de dividir, e realmente não, o pequeno sorriso que a Chou abria ao ver Sana em suas peças entregava a satisfação que sentia com aquilo. Ela usava uma agora, e aproveitou o capuz que a mesma tinha, tentando se cobrir da melhor forma, talvez tentando usar aquela blusa como uma capa da invisibilidade, na cabeça dela faria todo sentido. Sana andou pelos corredores do colégio, tentou evitar os corredores das salas de aula, mas acabou se perdendo e tendo que passar um pouco apressada por um deles, contando com seu "disfarce" pra passar despercebida. Ela só não contava que alguém não estava prestando atenção na aula e olhava diretamente pra janela no momento em que a japonesa passou.

Ela respirava fundo enquanto caminhava por entre as flores do jardim, Tzuyu havia lhe contado que uma das aulas que elas tinham como opcional era de jardinagem, e que as meninas dali faziam um ótimo trabalho, de tal modo que fizeram um jardim belíssimo, Sana como uma grande amante dessa arte precisou concordar. Tirou seu celular do bolso abrindo na câmera e tirando algumas fotos, ela sentia falta de suas aulas de fotografia e de jardinagem, as vezes era fácil de esquecer que aquele não era seu mundo, mas quando a lembrança vinha ela lhe acertava como um trem, deixando a morena cabisbaixa e triste durante todo o tempo até que Chaeyoung ou Nayeon contasse uma piada ruim que arrancasse seu sorriso.

- O que você está fazendo aqui? - Sana se sobressaltou ao ouvir aquela voz e se virou levando uma mão ao peito, mas ao ver quem estava alí, ela respirou aliviada. - É horário de aula mas é perigoso.

- Você quase me matou de susto.

- Me desculpe. - Tzuyu disse um pouco baixo, mas Sana ainda pôde ouvir. A Princesa se dirigiu até um dos bancos se sentando alí, tendo a taiwanesa em seu encalço, sentando-se logo em seguida. - Porque está aqui?

- Eu não sei explicar, mas eu estava me sentindo muito estranha no quarto, eu precisava andar, havia algo me incomodando ao ponto de deixar-me sem ar!

- Quer tentar falar sobre? - Tzuyu virou o rosto, que antes estava focado nas próprias mãos em direção a japonesa que fitava o chão, tendo o cenho franzido. - Talvez ajude...

- Adoraria, mas não sei o que acontece comigo, talvez eu só esteja pensando demais e isso me afeta demais fazendo com que me sinta assim. Gostaria de poder ver Mina de novo, tenho esperado mas ela nunca mais apareceu... E se o portal se fechou para sempre?

Sana virou-se para Tzuyu, a garota pôde reparar no olhar perdido que a japonesa tinha, não havia nada além de medo e insegurança ali e não precisou de mais nada para a Chou quase poder ouvir o próprio coração se quebrar, ela odiava ver alguém assim e parece que odiava mais ainda quando essa pessoa era a Princesa. A taiwanesa levou uma de suas mãos ao ombro de Sana, a olhando por alguns instantes antes de se jogar nos braços da morena, que a envolveu em um abraço apertado, fazendo alguns carinhos em suas costas, Tzuyu queria que Sana se sentisse segura, mesmo que não pudesse prometer nada, muito menos lhe dar garantias, mas Tzuyu queria que Sana se sentisse ao menos um pouco melhor e que pudesse voltar a sorrir da forma calorosa que aquecia seu coração.

1950Onde as histórias ganham vida. Descobre agora