- Onde ela está?

- Tomando um banho para renovar as energias. Cami ... - Mads olha para a porta do banheiro e depois de volta para mim - ela só parece perdida e muito solitária, como você  .... Antes.

- Eu sei. - suspiro e desaba no sofá.

- Não é sua, nossa, obrigação ajudar ela, mas se pudermos fazer mesmo que só uma coisinha de nada.

- Eu sei, Mads, cada tijolinho ajuda. Mas pra isso ela precisa falar não é?! O que você sabe?

- Bom ...

Mads me conta as poucas coisas que conseguiu tirar de Joy enquanto esperamos ela sair do banheiro, o que demora um tempo razoável, já estou quase batendo na porta quando a garota sai de lá.

Ela parece menor a luz do dia, mais magra do que me lembro, mais pálida e com os olhos tristes que já vi em meu próprio rosto. Eu não tinha noção do quão triste eu parecia, do quanto eu demonstrava não ter nenhuma esperança dentro de mim apesar de sorrir por fora. E acima de tudo não tinha noção do quanto isso doía nas pessoas a minha volta, mas agora sei, porque quando olho para Joy me sinto triste. Sei como ela se sente, como se estivesse se afogando nela mesma.

Puxo Joy até o sofá, faço ela se sentar comigo e começamos a conversar, ela não parece intimidada com Mads, parece sóbria e muito melhor que noite passada. Não sou mãe dela, mas dou um bronca pelo que poderia ter acontecido. E então ela desaba bem na minha frente. Demora um longo tempo, tempo demais para alguém cansada como eu, até que ela comece a desabafar.

Em resumo sua vida é um desastre porque ninguém a sua volta sabe lidar com o que aconteceu. O pai ficou revoltado, a mãe não consegue conversar sem começar a chorar e lamentar, Joy não quer se sentir uma vítima mas também não consegue abandonar esse sentimento porque é lembrada a todo momento se que é uma pobre menina e também se sente culpada por tudo que dá errado.

- Sei que você superou e deixou tudo pra trás - a garota funga - mas também não tinha mais ninguém para quem pedir ajuda. Me desculpa.

- Não precisa se desculpar. Vou te ajudar.

- Nós vamos - Mads completa.

- Nós vamos te ajudar - corrijo e sorrio para a ruiva - mas preciso saber ... Você está usando drogas?

- Não, juro. - ela segura minhas mãos - eu só tomo os remédios que o psiquiatra mandou e bebo, não vou mentir, eu bebo muito mesmo. Mas posso melhorar, eu só preciso de ajuda.

- Eu sei. - a abraço - vai ficar conosco até chegarmos ao Alabama. - anúncio.

- Vai dividir quarto comigo para sua sorte - Mads brinca - e vou te arrumar algo para fazer ... O que já fez?

- Fui babá de uns vizinhos. - ela da de ombros - mas posso aprender qualquer coisa.

- Okay. - afirmo - vamos ver o que tem pra você fazer. Se você pisar na bola, se sumir, vou na polícia e depois nos seus pais.

- Meus pais não querem saber, minha mãe disse que está cansada dos meus dramas. - meu coração dói um pouco mais por ela.

- Tenho certeza que falou da boca para fora. Toda mãe se cansa um pouco do filho as vezes, mas nunca para sempre.

Ela da de ombros e um sorriso triste se forma em sua boca, não chega aos olhos mas já é um começo. O combinado é ela continuar com os remédios e parar com a bebida, os dois não podem caminhar juntos e ela precisa dos remédios. Entramos em um acordo que espero seja tão fácil de manter quanto foi ser aceito.

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