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Any Gabrielly
Casa, 01:32

Coloco meu capuz com cuidado para conseguir cobrir bem o meu cabelo de modo que ninguém consiga me reconhecer e tremo um pouco quando pego meu celular para checar a hora. Noah deve passar aqui daqui a 10 minutos e eu estou pensando seriamente em desistir dessa loucura toda, os riscos são grandes e minha ansiedade e nervosismo aumentam a cada segundo e eu sinto meu coração em uma velocidade impressionante. O que leva uma simples lider de torcida a cometer um crime? Será que vale a pena?

Se fosse só pela identidade da Anônima eu não chegaria a esse ponto, mas é Josh, meu irmão de coração pode ter toda sua carreira arruinada se aquele vídeo não for apagado logo. Ameaçar a Anônima de revelar sua identidade se ela não retirar o video das redes sociais pode salvar meu melhor amigo, mas e se eu for pega, quem vai me salvar?

Ouço Noah buzinar do lado de fora e saio rápida e silenciosa de casa para não ter perigo de acordar meus pais. Atravesso pela porta e dou de cara com o carro cinza de sempre, para falar a verdade estou surpresa com o quanto o Urrea pode ser burro.

– Qual o seu problema? – Bato a porta e vejo o garoto com touca e moletom preto junto com uma calça jeans.

– Mal humor? – Ele pergunta debochado enquanto acelera o maldito carro cinza

– Você vai cometer um crime com o carro que você usa todos os dias para ir para escola e ainda buzina no meio de rua de uma hora da manhã e acha que isso vai dar certo? – Falo furiosa com ele. Eu não estou afim de ser presa.

– Relaxa cachinhos – ele fala tão calmo que me da raiva – A gente não vai ser pego.

– Assim eu espero, não quero ser presa por sua causa.

Noah revirou os olhos e focou na estrada enquanto colocava o carro em velocidade máxima, se eu não morrer fugindo da polícia talvez eu morra em um acidente de carro com Noah Urrea e todos irão expecular que nós estávamos tendo um caso tipo Romeu e Julieta e estávamos fugindo da cidade para ninguém saber que nós eramos apaixonados, e não podia faltar o final (quase) feliz em que todos os Fullers e Hatala se viam influenciados por nós e iriam confessar seu amor para pessoas dos times rivais.

Sim, o nervosismo me deixa doida e paranóica.

– Eu não quero morrer antes de salvar a reputação do meu melhor amigo, vai com calma ai – Reclamo enquanto fecho os olhos com força e tento ignorar o quão rápido ele estava dirigindo.

– Como você quiser – Abri um pouco os olhos e vi ele ajustando a velocidade, desacelerando de modo em que eu me sentisse mais confortável.

Não sei se foi porque o garoto ao meu lado quis dar uma de Velozes e Furiosos ou se o tempo simplesmente resolveu passar mais rápido, mas estávamos na frente da escola em um piscar de olhos. Meu coração estava batendo forte mas a esta altura eu não me importava mais, a única coisa em que eu pensava agora era resgatar os malditos arquivos e descobrir a identidade dessa menina que acha que é a garota do blog de Gossip Girl.

– Cachinhos, eu espero que você saiba pular muros – O Urrea diz saindo do carro e eu o acompanho, estacionamos um pouco longe da área de trás do colégio e iríamos caminhando até os muros.

– Você sabe que eu vou precisar de ajuda porque...

– Eu sei, baixinha – Ele piscou para mim e eu sai andando, não estou com paciência para o Noah Jacob Irritante Urrea.

Ele me acompanhou silenciosamente pela rua, mas eu ainda conseguia ouvir os ruídos do seu tênis batendo no asfalto e eu meio que conseguia sentir ele ali, a presença dele estava se tornando familiar a esse ponto.

Nós chegamos a parte de trás da escola, onde ficava o campo de futebol Hatala e essa área não era habitada fora dos treinos e só era protegida por um muro de tamanho médio sendo um pouco maior do que Noah. Respiro fundo e depois de algum tempo olho o garoto ao meu lado.

– Eu vou primeiro? – Ele assente com a cabeça

– Eu te ajudo a subir e você me encontra do outro lado – Respiro fundo e começo a roer a unha do dedão

– Você vai pular o muro também, não é? – Eu confiava nele, por mais estranho que parecesse eu sentia que podia confiar nele. Mas e se ele me deixasse sozinha do outro lado do muro? O nervosismo pode levar ele a fazer isso e...

– Any, olha para mim – Ele interrompe meus pensamentos e eu faço o que ele pede – Eu vou de ajudar a subir esse muro e não vou te deixar cair de jeito nenhum, depois eu vou pular ele e te encontrar do outro lado, certo?

– Tudo bem – Respiro fundo mais uma vez e tento fazer com que a ansiedade diminua. Noah espera pacientemente eu estar pronta e eu rezo para que todos os pulos que eu dou nos treinos sirvam para algo além de balançar pompons e torcer para o time de futebol. Quando eu faço o sinal Noah segura firmemente minha cintura por trás e me levanta o mais alto que ele consegue, fazendo com que eu fique na altura do muro. Eu apoio as palmas das minhas mãos no topo e pego impulso para pular do outro lado.

Ok, eu consegui. Agora só preciso esperar Noah.

Fico no canto do campo e aguardo ele pular o muro com os braços cruzados, mas até agora nenhuma movimentação do outro lado. Começo a planejar como eu pularia de volta e sairia do colégio sem ser percebida e depois nunca mais iria olhar na cara de Noah por me abandonar na escola de madrugada.

Eu nunca pensei que braços flexionados e com os músculos evidentes me trariam esperança algum dia, mas quando eu vi os de Noah em cima do muro soltei um suspiro de alívio

– Eu disse que eu não iria te deixar – Ele disse quando colocou o pé no chão.

– E por que demorou tanto?

– Fui pegar um banquinho – Ele disse e eu dei uma gargalhada, um jogador de futebol musculoso e alto que precisa de um banquinho para subir em um muro um pouco maior que ele, patético.

Nós dois caminhamos silenciosamente pelo campo indo na direção da parte de dentro da escola. Que Deus me ajude.

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O que vocês acham que vai acontecer?

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