Capítulo 3

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Caño¹! — Pablo soltou uma gargalhada, satisfeito por, finalmente, conseguir passar a bola por entre as pernas de Benito Cruz depois de algumas tentativas.

Uma confusão foi criada no campo de treinamento do C.D. Villaverde quando o lateral esquerdo mexicano foi cercado por alguns colegas, em meio a gozações, para receber petelecos que deixaram sua orelha avermelhada.

— Desculpa, Cruz, mas regras são regras — Pablo disse antes de dar o último peteleco, dando fim à punição.

— Vai ter volta! — Benito o ameaçou, fazendo-o rir.

Quando o apito de Paco Domínguez soou, os jogadores abandonaram os dois grupos em que haviam sido divididos para um exercício de toque de bola. Depois de um sprint de uma lateral à outra, os auxiliares técnicos Vicente e José María distribuíram coletes amarelos para metade deles, de forma a separá-los em dois times.

Pablo não recebeu nenhum colete. Desde seu retorno ao clube verdiblanco, aquela foi a primeira vez que disputou o jogo-treino entre os titulares. Como companheiro de zaga, teve Julio Muñoz, que possuía uma larga experiência, com diferentes clubes espanhóis de tradição no currículo. Os dois não demoraram a criar uma sintonia que deixou Sebastián Rendón bastante cômodo sob o travessão e contribuiu para que o time deles terminasse o treino daquela manhã de segunda-feira como a equipe vitoriosa.

— Me empresta? — Pablo pediu, apontando para o desodorante, e o pegou no ar quando Sebastián o jogou em sua direção. Havia acabado de tomar banho e usava apenas uma calça jeans. — Vai almoçar aqui no CT?

— Pelo visto, sim. A Lidia acabou de desmarcar comigo para ir almoçar com o pessoal do mestrado.

— Já chegou ao nível de a própria namorada te trocar? — ele debochou, vestindo uma camiseta preta lisa.

— Noiva — Sebastián o corrigiu, enquanto terminava de guardar suas coisas dentro da mochila.

— Ah, é, já ia me esquecendo! — Pablo riu, se lembrando da foto clichê que o amigo havia postado durante as férias, na qual estava ajoelhado na frente de Lidia em uma praia, pedindo-a em casamento. — Então vou te fazer companhia, Sebas. A Merche viajou para participar do VMA e é um saco ficar sozinho em casa.

— Será que ela vai ganhar algum prêmio?

— Acho mais provável que ganhe o de melhor vídeo latino. Artista revelação e hit do verão é mais complicado, porque está concorrendo com um monte de artistas americanos — ele respondeu, citando as categorias da premiação de música americana às quais Mercedes havia sido indicada pela primeira vez.

— Ela vai se apresentar? — Juancho se enfiou no meio da conversa mesmo estando a alguns armários de distância.

— Vai, mas não se anima muito não que a premiação vai ser de madrugada e a gente tem treino amanhã cedo.

— Pelo amor da minha vida, vale a pena fazer um esforço.

— Só nos seus sonhos, quillo²! — Pablo soltou uma risada alta. — Minha irmã não é babá para ficar cuidando de criança.

— Você tem como garantir que ela não gosta de caras mais novos?

— Não, mas ela nunca teve um namorado mais novo. Acho que isso quer dizer alguma coisa.

— Quer dizer que não me conheceu ainda.

Cabrón — Pablo murmurou, rindo, e jogou a toalha embolada em Juancho. Desde o primeiro dia, o colombiano não havia feito a mínima questão de esconder que nutria uma paixão platônica por Merche León. Ele não era um irmão ciumento, então levava na esportiva. — Até amanhã, time!

Regra CincoWhere stories live. Discover now