capítulo 27

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Olhava pela milésima vez a gravidinha que tinha acabado de chegar da emergência, ela tinha caído da escada e estava em um estado crítico, de início nada de grave apontava nos exames do feto.

- Angel, está preocupada com a mamãe né? - Teodoro pergunta.

- Muito, não só com a mamãe, mas o bebê. - coloquei as mãos nos bolsos do jaleco observando a mulher cedada a minha frente.

- Gosta de crianças? - Teodoro se coloca ao meu lado, perguntando. Sorrio.

- Gosto! E muito. - O encaro.

- Eu também - fala me observando, o encaro de volta.

- Mas - resolvo desabafar - Não posso ter filhos - falei ainda o encarando.

Teo não esboçou nenhuma reação, apenas se aproximou e colocou uma mecha rebelde de meu cabelo atrás de minha orelha.

- Você vai ser uma ótima mãe - Fala me olhando acolhedor. Me distanciei de sua mão. Sério que ele não entendeu?

- Eu acabei de falar que não posso ser mãe - Sai da sala e o mesmo veio atrás.

- Existem várias formas de se tornar mãe, Angel. - Eu parei no meio do corredor e o encarei séria.

- Eu sei, eu só - suspirei - Queria que fosse meu, de mim.

Teodoro se aproximou, me olhava compreensivo e passou seus braços por meus ombros.

Isso é muito estranho...

Ouvimos um alarme apitar de algum quarto.

Me soltei dele, eu sabia, vinha do quarto da gravidinha, corri como se minha vida dependesse de chegar no leito dela, Teodoro veio atrás

- Não, não, não - comecei a gritar - ela está tendo uma parada, eu assumo - subi no leito e comecei a massagem cardíaca.

Teodoro gritou o Código azul e prontamente os enfermeiros já estavam correndo para prestar os socorros.

- Vamos lá Sara, você não pode ir, você precisa cuidar da Julinha. Vamos. Um, dois, três, quatro, um...

Teodoro gritava meu nome.

- Angel - prontamente ele me tirou de cima da maca. - Ela se foi. - eu negava freneticamente - Levem ela para a sala de cirurgia, precisamos salvar a criança.

Teo me segurava fortemente enquanto tiravam sara da sala.

- Angel - Teo me virava pra ele - Você precisa se recompor - segurou meu rosto - Por favor!

Eu não conseguia para de chorar.

- Salva a Julinha, por favor - Pedi entre lágrimas.

- Eu prometo - Falou, eu não conseguia encara-lo - Olha pra mim Angel - Levantei meus olhos o encarando - Eu prometo!

Afirmei com a cabeça, Teodoro passou os dedões por minhas bochechas e beijou minha testa antes de sair em disparado a sala de cirurgia.

Sai do quarto ainda abalada, decidida a tomar um ar, pedi para uma residente ficar de olho nos demais críticos e me acionar caso algo aconteça.

Me sentei em um banco do lado de fora e suspirei.

É incrível como as coisas acontecem, eu queria tanto casar, ter uma família, filhos...
Sara iria ter tudo isso, Julinha teria uma mãe, e um pai, uma família...

Eu teria que acionar o pai, ele estava trabalhando. Peguei meu telefone, com as mãos ainda trêmulas e telefonei para o mesmo.

- Não... - O mesmo chorava do outro lado da linha - Minha filha...

Depois de DEZ anosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora