》 Prólogo

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Já não sei quanto tempo faz que estou sozinha, perdi a noção de tudo depois de muitas mortes e alguns dias

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Já não sei quanto tempo faz que estou sozinha, perdi a noção de tudo depois de muitas mortes e alguns dias. Sei que só estou viva ainda por causa do meu incrível talento de fugir. Antes as pessoas costumavam me condenar por sempre fugir quando me envolvia em situações complicadas, mas, bem, isso está servindo pra alguma coisa agora, certo?

A razão da minha mudança para King County, assim que completei 19 anos, foi apenas pra fugir da minha melhor amiga apaixonada por mim. Amava Cloe, entretanto, não da forma que ela desejava, e nunca conseguiria magoar seus sentimentos. Então após o terceiro questionamento sobre como eu me sentia, apenas a deixei sozinha e dois dias depois estava me mudando sem ao menos dizer adeus. Reconheço essa minha característica terrível, sempre reconheci, não me orgulho, mas é assim que sou e nada que eu já tentei melhorou isso. Apenas tenho que aceitar que sou aquela que foge. Foi assim que vim parar onde estou.

Depois de ficar bêbada e me declarar horrivelmente para o meu amigo casado, apenas fugi. Passei alguns dias na casa de uma ex-colega do cursinho em Atlanta e estava no meio do caminho de volta quando tudo virou essa merda. Parei apenas para descansar em um hotel na beira da estrada e na manhã seguinte encontrei o dono daquela espelunca mastigando a carne de um infeliz caminhoneiro que estava por ali. Foi assustador nos primeiros dias, mas agora é só... silencioso.

Quando descobri que haviam roubado meu carro e tudo que eu tinha era a roupa do corpo e mais nada, só me restou continuar caminhando com sede e fome, tendo o medo como o único acompanhante. Rastejando pra baixo de qualquer coisa, ou subindo em qualquer lugar quando encontrava um dos infectados. Meus olhos não paravam, sempre cautelosos a espreita de qualquer movimento, meu corpo estava fraco, as vezes até sentia que estava pendendo para o lado, contudo, era apenas respirar fundo e lá estava eu novamente seguindo em frente.

Por um segundo pensei em procurar algum lugar alto para descansar, mas então meus olhos, que a muito não viam nenhuma esperança, enxergou ao longe uma pequena casa solitária na beira da estrada com um grande pé de manga no quintal. E o melhor, haviam muitas das frutas amarelinhas e redondas. Meu estômago roncou alto em ansiedade e acabei rindo de mim mesma quando me peguei correndo os olhos para os lados pensando que o barulho chamaria a atenção de alguma daquelas coisas que poderiam estar por perto. Só mais um pouco e tudo ficaria melhor.

Foi difícil pular a cerca de madeira enquanto sentia como se meu corpo pesasse duas vezes mais. Assim que pousei de bunda do outro lado que notei um pouco mais a frente a porteira aberta.

– É claro que está aberto. Só sendo Acácia Miracle Baker pra fazer isso mesmo. – Resmunguei sentindo minha garganta arranhar. Bufei me levantando e de forma cautelosa segui em direção a casa que aparentava estar vazia.

Já tinha visto outros matarem aquelas coisas, apesar de nunca ter feito eu mesma, sei que só voltam ao estado defunto normal se acertamos o cérebro. E por isso parei em frente a um pequeno jardim em frente a casa pra pegar no cabo vermelho da pá de mão que havia ali.

A utopia de Acácia Where stories live. Discover now