Capítulo 17

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Pov Diarra

Em hipótese alguma, eu realmente quis entrar na vida do crime, eu roubava apenas para sobreviver, e tudo foi chegando feito uma avalanche, porque quando você entra nesse mundo, é como o mundo das drogas, começa com algo leve, e quando você percebe está fodido. Eu sempre quis apenas uma vida simples, meu coração ficava agonizando quando eu via meus pequenos saindo para roubar comida, ou dormindo em péssimas condições, queria que nós todos tivéssemos uma vida normal, uma casa, um adulto para nos sustentar, estudo... Mas eu não poderia ter arrumado família melhor, jamais reclamo dos meninos, porque eles não tem culpa alguma de terem sido abandonados, assim como eu.

Com o passar dos anos, os pequenos furtos foram aumentando, até que chegou o dia que Sina foi presa, nesse dia, eu prometi que eu realmente queria sair dessa vida, e nós tínhamos realmente conseguido. Eu me casei com Any na ilha, foi uma cerimônia simples, em frente ao mar, apenas com nossos amigos, Sina e Heyoon nos deram o Iate delas de presente de casamento, depois todos eles seguiram rumos diferentes, ficou apenas eu e Any na ilha, era como um sonho, cada dia, cada beijo, cada noite que fazíamos amor a luz da lua. Any me fez ter não a vida que eu sempre quis, Any me fez ter a vida que eu nunca sonhei que seria possível ter.

Agora estamos aqui, minha esposa com uma arma na mão defendendo os amigos, eu dentro de um carro que não tenho muita ideia de como dirige, com Sina com o pé machucado, indo buscar Sabina no meio de uma chuva de tiro pois está baleada. O mundo é realmente uma montanha-russa, cheia de altos e baixos, espero que a gente consiga sobreviver a essa rodada.

Sina tirou um revólver de dentro do porta luvas, conferiu a quantidade de balas, e ficou com a arma na mão, quando estávamos quase saindo de dentro da mata verde, eu percebi que tinha alguns ramos de árvore presas por todas as partes do carro, espero que Any não fique muito brava comigo, já que ela que tá andando nesse carro.

— Diarra vamos fazer o seguinte, eu comando as machas, quando eu pedir pra você pisar na embreagem, você pisa rápido, e afunde o pé no acelerador, se não passarmos ao menos em 120 nós vamos morrer no meio desses tiros.

— Sina, eu não vou conseguir!

— Vai sim, vamos, pise esse pé no acelerador, coloque esse carro pra correr, vamos fazer Any ter um orgasmo só de ver você pilotando esse carro a 120 por hora.

— Se a gente morrer, eu te amo Sina, você é muito especial para mim...

— Não vamos morrer morena, eu te amo obrigada por tudo que fez por mim e pelos outros, agora pise esse pé no acelerador Diarra Sylla, vamos pegar aquela idiota da Hidalgo, ela precisa tá viva pra levar bronca da Heyoon comigo.

Eu amo o relacionamento da Sina com a Heyoon, é incrível como Sina morre de medo da baixinha, Heyoon fala um  "a" Sina já fica de quatro, literalmente.

Eu pisei o pé no acelerador, Sina me encorajava a ir cada vez mais rápido, o carro saiu em alta velocidade da mata, eu rapidamente já vi Sabina a alguns metros perto da cabana, tinha ao menos uns 15 corpos de policiais pelo chão, outros estavam indo embora com os carros, e uma parcela de uns 10 continuava tentando nos vencer. Um dos homens viram o carro, e atiraram contra a gente, um tiro pegou no vidro traseiro, explodindo imediatamente o vidro do carro, eu gritei de susto, Sina baixou o vidro do lado dela, e disparou alguns tiros em direção aos homens.

— Não pare Diarra, vamos, vamos...

Sina tentava me encorajar, mas eu tava me tremendo de medo, parei o carro ao lado de Sabina, me joguei no chão e fui me arrastando até ela, Sina continuava no carro trocando tiro com os caras, decidi que eu tinha que ser rápida, senão essa idiota vai virar uma peneira cheia de balas.

— O que aconteceu com Sina? – Sabina falou quando cheguei do lado dela.

— Prendeu o pé em um ramo e torceu o pé!

— Mas é uma burra mesmo. – Sabina tentou rir, mas acabou soltando um gemido de dor.

— Vamos sair daqui Hidalgo, eu vivi pra te ver tão vulnerával e precisando de minha ajuda.

— Eu te forneci minha melhor amiga senhora Diarra Rolim, agora me tire daqui, Any deve estar exitada te vendo conduzir um carro.

— Você e Sina são igualzinhas, parece até que saíram do útero da mesma pessoa.

Me levantei e ajudei Sabina a se levantar, ela segurou no meu ombro eu ia servindo a ela como apoio, Sabina foi pulando até o carro com dificuldade, abri a porta e ela se jogou lá dentro, dei a volta no carro e girei a chave.

— Obrigada Sina... – Sabina falou do banco de trás.

— SINA? POR QUE SINA? EU QUE TE RESGATEI!

— Feriu a honra dela Sabi. – Sina falou e as duas começaram a rir.

— Idiotas!

Girei a chave do carro e cantei pneu daquele lugar, fui em direção aos matos novamente, era o local mais seguro por hora. Assim que percebi que tínhamos se afastado o suficiente, estacionei o carro e respirei aliviada.

— Sina? – Ouvi Sabina falar baixo.

— Oi? – Sina respondeu sem se virar para ela.

— Tire essa bala da minha perna por favor, eu não tô aguentando de dor.

— Sabina eu não sou médica! – Dessa vez ela se virou.

— Você e Heyoon fizeram um parto de duas crianças, você pode tirar uma bala da minha perna.

— Corrigindo Heyoon fez o parto de duas crianças, eu só segurei o primeiro que pulou pra fora.

— Como assim Heyoon e Sina fizeram o parto de duas crianças? Santo Deus, que perigo! – Falei inconformada, quem foi essa doida que deixou Sina e Heyoon fazer o parto dos filhos meu Deus?

— É uma longa história Diarra. – Sina respondeu e Sabina gemeu agoniada atrás.

— Me da sua faca Sina. – Pedi e a morena me olhou, parecia assustada.

— Tá... – Sina tirou uma faca da bota e me entregou. — O que você vai fazer?

Eu não a respondi, desci do carro e abri a porta do banco traseiro, dessa vez Sabina quem pareceu assustada percebi pelo tamanho dos olhos dela.

— Isso vai doer um pouco, se precisar, morda sua mão. – Me aproximei dela e rasguei o local da calça que tinha sangue. — Você teve sorte Hidalgo, só pegou de raspão.

Aproximei a faca da coxa dela, encostei a faca e fiz um pequeno corte.

— Acho que eu não vou gostar de ver isso né? – Ouvi Sina do banco da frente.

— Continue Diarra, tire a bala!

Enfiei minha mão no pequeno buro que eu tinha feito na perna de Sabina, a morena gritou de dor no momento que senti o metal na perna dela, enterrei mais ainda meus dedos, Sabina gritou mais alto ainda, eu enterrei meu dedo por baixo da bala e a puxei para fora.

— Acho que ter filho é mais fácil. – Sabina falou com uma respiração desregulada.

Depois que removi a bala de uma maneira nada agradável, rasguei a camisa dela, e amarrei em volta da perna para ela não perder muito sangue.

— Obrigada Diarra!

— Eu estou com medo de você Diarra... – Olhei para Sina, ela tava mais branca que o normal, tive medo dela desmaiar.

Limpei minha mão suja de sangue na calça, e sai para fora do carro, me sentei no capô e fiquei esperando pelos outros, eu rezava internamente para todos estar vivos e bem. Agora já tínhamos duas machucadas por tempo indeterminado, a polícia está na nossa cola, e continuamos na mesma, sem nem ao menos ter notícias do paradeiro de Noah.

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A delegada (2° Temporada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora