➾ CAPÍTULO 11.1: (Des)Conhecidos

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Ele se tornou meu segundo padrasto em poucos meses, Raquel se tornou uma mulher muito criteriosa, mas com ele foi diferente… Como uma conexão. Eles se casaram na igreja, depois no cartório. O monstro havia sumido depois que uma denúncia anônima surgiu sobre maus tratos, mas eu sei que ele continua à espreita.

Apenas observando.

Denji não veio sozinho, durante sua longa estadia em Londres ele tinha trazido sua filha, Naomi, para acompanhá-lo. Ela só não sabia que essa estadia se estenderia por dez anos.

Nós temos um ano de diferença, então já devem presumir que foi fácil me adaptar com alguém próximo da minha idade.

Só que diferente de Denji, ela é muito dramática. Sempre querendo estar onde eu estou e nunca se contentando em ficar fora de algo. Resumindo, ela é uma chata insuportável… Mas a convivência me fez amá-la incondicionalmente.

Tudo estava indo bem, nós estávamos bem.

Porém, há dois anos, enquanto vivíamos sob uma nova realidade, eis que me surge do nada uma carta com o nome de Fritz Lockwood no remetente.

Era ele.

Raquel sempre me contou que ele não era flor que se cheire e que nunca nos deu nada, mas de repente, depois dessa carta, ela tentou me persuadir de que ele era sim um homem bom.

Isso porque o velho simplesmente teve um surto de moralidade e nos depositou uma imensa quantia de dinheiro para me sustentar. Raquel jamais negou que estava usando esse dinheiro em minha educação e lazer, mas isso não muda esses longos anos de puro ódio que ela me fez sentir por ele.

Não é ele que quer ser pai? Então que venha me ver”. Isso era um dos pensamentos que sempre vieram quando mamãe me pedia para ir vê-lo e em todas as vezes eu conseguia despistar. Só que chegou um momento que não deu mais.

Aquele monstro havia voltado, ele nos perseguia. Mamãe tentou procurar ajuda, mas ninguém nos dava uma mão. Todos tinham medo de interferir e ela tinha medo de ir à delegacia.

Poderíamos ter feito uma denúncia anônima? Sim, poderíamos. No entanto, Raquel não queria reviver os mesmos pesadelos, então todos nós saímos da capital e fomos para o interior chamado Guildford.

Conseguimos recomeçar? Sim, por um tempo.

Há três meses recebemos uma carta avisando que Fritz estava com os dias contados, Raquel ficou compadecida e até visitou ele mês passado, mas eu fiz questão de ficar com Denji e Naomi.

Eles é quem são a minha família, não ele.

Denji compreende a situação de sua esposa, por essa razão também apoiou a ideia dela de ir para Paris. Hoje, após semanas que saí do internato feminino (inclusive, foi a própria Raquel quem me colocou lá), ela me vem dizer na maior cara de pau que eu devia ir vê-lo também.

Não, ela disse que tenho a obrigação.

Logicamente eu neguei, mas essa mulher é ardilosa e usou o intercâmbio de Naomi para me empurrar nessa viagem junto. Eu estou feliz pela minha irmãzinha, mas ainda assim… Eu não me sentia pronta.

Tento dizer isso a ela, mas Raquel apenas me observa com um olhar de reprovação. Naomi diz que puxei isso dela, esse olhar…

Minha irmã detesta esse olhar.

— Só cuide dela, Sophia, cuide para que nada a machuque e ninguém faça maldade a Naomi. — alertou suavizando o olhar repreensivo.

— Ela não é mais nenhuma criança, Naomi já é uma mocinha capaz de se defender e você sabe bem disso. — conto sem abaixar a guarda e continuo com o mesmo olhar.

2# A LEGIÃO IRÁ REAGIR ᵐⁱʳᵃᶜᵘˡᵒᵘˢWhere stories live. Discover now